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Daniel Galera, ‘Cachalote’ e a prosa em quadrinhos

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Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 ago 2018, 00h10 - Publicado em 2 jul 2010, 18h08

A recém-chegada Cachalote (Quadrinhos na Cia., 280 páginas, 45 reais) é a estreia em HQs do escritor Daniel Galera, nome que vem se firmando na estante de frente da literatura nacional. E se beneficia do lastro literário do autor. Em parceria com o cartunista Rafael Coutinho, que se distancia da sombra do pai Laerte com um traço dotado de personalidade, Galera faz de Cachalote uma prosa em quadrinhos. Em suas páginas não numeradas, o livro conta seis histórias – uma delas apenas abre e fecha o livro – que não se cruzam, mas têm em comum presonagens densos em momentos de crise e lacunas capazes de sugerir sentidos ao leitor. A experiência já anima Galera a arriscar novo projeto na área. “Provavelmente com o Rafa”, diz ao blog VEJA Meus Livros em conversa que você confere abaixo. Vale lembrar: já lançada em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, Cachalote terá lançamento em Curitiba no próximo dia 14, a partir das 19h, no Itiban Comic Shop.


É possível traçar semelhanças entre a narrativa do romance e a da graphic novel?

O romance e a graphic novel representam coisas muitos parecidas nos domínios da prosa e dos quadrinhos, respectivamente – histórias de maior fôlego, com personagens e cenários bem variados, mutas vezes com vários protagonistas, permitindo uma construção lenta e elaborada da narrativa, e também abrindo espaço para experiências com a linguagem. A tradução literal de graphic novel é romance gráfico, então, a semelhança já nasceu com o próprio termo.

De que recursos vocês lançaram mão para construir personagens com densidade?
O enfoque é exatamente o mesmo: procurar imaginar personagens ambíguos, redondos, que enfrentam algum conflito interessante para o leitor, e que ganham vida aos poucos. Os personagens crescem melhor a partir do que eles próprios fazem e dizem, não do que o autor ou narrador diz sobre eles. Isso vale para qualquer gênero narrativo.

Acredito que, nesse momento, o ilustrador também entre em ação. O que cabe ao escritor e o que cabe ao ilustrador, na construção de um personagem?
Cada profissional e dupla deve ter seus próprios métodos de trabalhar em conjunto. No caso meu e do Rafa, a criação dos personagens e dos enredos foi totalmente colaborativa. A gente colocou as ideias de cada um na mesa de bar e fomos trabalhando em cima dessas faíscas iniciais em várias reuniões, desenvolvendo os personagens que os dois acreditavam ter mais potencial, descartando os que não pareciam tão promissores. A diferença é que, no caso de uma HQ, a concepção visual do personagem pesa bem mais, uma vez que ele estará visível graficamente ao leitor quase o tempo todo, enquanto na literatura essa aparência pode ser apenas insinuada ou até mesmo omitida, deixando muita coisa para a imaginação do leitor. Muita coisa de que o texto precisaria dar conta num romance já foi resolvida pela ilustração na HQ, e o elemento visual precisa ser explorado o tempo todo do ponto de vista do roteiro. Não há necessidade de criar texto para mostrar que um personagem é um ator decadente, por exemplo: uma ou duas ilustrações bem pensadas transmitem essa mensagem de forma contundente.

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Como foi o processo criativo, neste caso, você escreveu o roteiro e depois os diálogos ou fez uso de uma story-line?
Depois de várias reuniões com muitas anotações e esboços, nas quais criamos os personagens e as histórias, eu escrevi uma primeira versão literária do roteiro, colocando as histórias em detalhes no papel. Depois fomos formatando isso num roteiro mais técnico, apropriado às HQs, com separação por páginas e quadrinhos etc., e com isso fomos também reinventando as histórias e acrescentando coisas. A partir do roteiro técnico, o Rafa desenhou storyboards de todo o livro, e nesssa etapa também modificamos muito o material, o que me forçou a mexer o tempo todo no roteiro. Por fim, com storyboards de todo o livro e um roteiro definitivo, as páginas foram sendo finalizadas pelo Rafa.

Você pretende fazer mais trabalhos em quadrinhos?
Adoraria. Provavelmente com o Rafa, de novo.

E um novo romance, há algum projeto em vista?
Sim, já estou trabalhando num novo romance desde outubro de 2009, mas ainda está numa fase muito inicial e não posso dizer muita coisa. Deve ficar pronto só em meados de 2011.

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Diz-se que um bom escritor precisa ser um bom leitor. O mesmo é válido para um escritor de quadrinhos?
Certamente. Acho que vale pra qualquer tipo de criação artística.

Você sempre leu quadrinhos?
Li desde criança, e gostava muito de Chiclete com Banana e Piratas do Tietê, desde os 8 ou 9 anos, e depois Calvin e Haroldo, Groo, revista Mad. Não acompanhava muito as séries de heróis, mas comprava todas as graphic novels, como O Cavaleiro das Trevas e Elektra Assassina, do Frank Miller, ou Skreemer etc. Adorava também o Will Eisner e o Robert Crumb. A partir de meados da década de 1990, me liguei mais nas graphic novels europeias e americanas de recorte mais alternativo, caras como Charles Burns, David B., Daniel Clowes, Christophe Blain… alguns asiáticos, como Yoshihiro Tasumi… e por aí vai.

O ator decadente que Daniel Galera cita na entrevista

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