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“Agora, posso atirar minha garrafa ao mar”, diz Régis Bonvicino, que reúne em livro toda a sua poesia

É comum, em determinada altura da carreira, um poeta reunir em livro toda a sua produção. Alguns o fazem aos 25 ou aos 30 anos de estrada. No caso do paulistano Régis Bonvicino, a reunião sai agora, 35 anos após a publicação de Bicho Papel, seu livro de estreia, e quase por acaso. Bonvicino foi […]

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jul 2020, 13h19 - Publicado em 19 dez 2010, 09h08

É comum, em determinada altura da carreira, um poeta reunir em livro toda a sua produção. Alguns o fazem aos 25 ou aos 30 anos de estrada. No caso do paulistano Régis Bonvicino, a reunião sai agora, 35 anos após a publicação de Bicho Papel, seu livro de estreia, e quase por acaso. Bonvicino foi convidado por Hubert Alquéres, editor da Imprensa Oficial, para apresentar um projeto à companhia. O poeta lembrou que boa parte de seus dez títulos já estava esgotada no mercado, e entendeu que era hora de relançá-los juntos. Nasceu assim Até Agora (Imprensa Oficial, 564 páginas, 40 reais), que acaba de chegar às lojas e é definido pelo autor como uma espécie de testamento. “Agora, eu posso atirar minha garrafa ao mar”, diz Bonvicino.

Paulistano de 55 anos, Bonvicino vem construindo uma obra firme, que faz dele um dos mais destacados poetas brasileiros das últimas décadas. Sua produção é elogiada por críticos como o professor de literatura da USP João Adolfo Hansen, autor do posfácio de Até Agora, e o professor de teoria literária da Unicamp Alcir Pécora, para quem o poeta possui, juntamente com Nelson Ascher, outro egresso do concretismo, “uma das poucas produções relevantes hoje”.

“Acredito que ele esteja entre os poetas que seguem experimentando, descontente consigo próprio, sem preocupação excessiva de conservar o que já obteve”, diz Pécora. “Paradoxalmente, graças a esse despojamento contínuo do poético e da poesia, a esse começar de novo sem garantias, em bases rigorosas, conseguiu estabelecer uma obra própria e consistente. No conjunto da poesia reunida em Até Agora, certamente acerta mais do que erra.”

A obra de Régis Bonvicino pode ser dividida em três momentos. O primeiro, que vai de Bicho Papel (1975) a Sósia da Cópia (1983), mas também tem ecos em Más Companhias (1987), é marcado por diálogos com o tropicalismo e o concretismo, sem filiação a nenhum movimento. “Um poeta não é importante porque participou de algum movimento”, observa. “O importante é escrever poesia de maneira singular.” É dessa primeira fase versos como “o céu/ não cai // do céu”, que compõem o poema O Céu, de Sósia da Cópia, ou “Eu queria/ uma poesia/ como um quarto branco / quatro paredes /oito cantos”, de Sem título (I), publicado em Bicho Papel.

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Compreendido entre Más Companhias e Outros Poemas (1993), o segundo momento da carreira de Bonvicino é mais sóbrio – e distante dos loucos anos 1970. Estão aí poemas que, mesmo sem abdicar da rima, adquirem força de uma linha a outra. Como Álbum, em que se leem, entre outros versos: “Contra seu sangue, / contra si mesma: / (o ser exangue, / ora abantesma) // roer palavras, / como se fossem unhas desafiadas – loucura de lesma”.

O terceiro momento, que se inicia em Outros Poemas e desemboca em Página Órfã (2007), seu último livro, é aquele em que Bonvicino se afasta do universo da poesia contemporânea brasileira e entabula diálogos com autores de países e tradições variados, como o poeta chinês Yao Feng, com quem produziu o livro Um Barco Remenda o Mar, antologia da poesia contemporânea chinesa, e o americano Charles Bernstein, com quem mantém a revista eletrônica Sibila, no ar há quatro anos. “O terceiro período é o mais rico em inovações e experimentações fora do alcance da tradição brasileira”, diz Bonvicino.

É o que diz também o poema escrito feito prosa Sem título (2), de Remorso do Cosmos (de ter vindo ao sol), que tem os versos-linhas: “Hoje é domingo, ontem foi sábado, dia 1º de janeiro será feriado porque ouço música na sala e a lua não estará em um novo quarto, a semente é vermelha e dura, a madeira é escarlate, a semente é de madeira: vermelha e negra, de uma única fruta”. Ou o curto Com a Bruna (ela aos 8 anos): “Ao atravessar o parque / folhas sob os pés / pisando, em mim, o outono”.

Foi sobre os seus diálogos internacionais, sobre internet, política, a polêmica do Jabuti entregue a Chico Buarque e, é claro, a reunião de seus textos em Até Agora que o poeta falou a VEJA Meus Livros. Clique aqui para ler a entrevista e aqui para ler três poemas completos de Régis Bonvicino.

Maria Carolina Maia

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