Temer tentar acalmar o PSDB. Mas provoca briga por espaço na base
Descontente com indicação de tucano, centrão coloca em xeque a aprovação da Reforma da Previdência
Em um movimento que se tornou rotineiro no governo petista, o presidente Michel Temer vem sendo pressionado a expandir o espaço no alto escalão para aplacar as críticas a seu mandato e manter a base fiel na votação do pacote econômico que vem por aí. A solução mais recente passou pela proposta de entregar uma quarta pasta ao PSDB, acomodando o deputado tucano Antônio Imbassahy (BA) na Secretaria de Governo, em substituição a Geddel Vieira Lima. A medida, porém, já provocou uma grita entre outros aliados e deve levar o peemedebista a rever os planos.
A reação imediata partiu do chamado centrão, grupo de doze partidos aliados de Temer que sonha em emplacar um de seus deputados na presidência da Câmara dos Deputados em 2017. No acordo que levou Rodrigo Maia (DEM) ao mandato-tampão neste ano, falava-se nos bastidores que Imbassahy seria seu sucessor na gestão seguinte. O temor, agora, é que um acordo costurado entre o DEM, o PSDB e o PMDB tire o centrão de cena e o deixe novamente de fora do comando da Casa. Em protesto, o grupo multipartidário já coloca em xeque a aprovação da Reforma da Previdência, prioritária para o Planalto.
Ainda que entregue a Secretaria de Governo para outro tucano, resolvendo o embate com o centrão ao mesmo tempo em que aumenta o espaço do PSDB, Temer não pacificará todos seus aliados. Dentro de seu próprio partido já há recados diretos de que as cinco pastas ocupadas pelo PMDB (Casa Civil, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Social, Esporte, Turismo, Integração Nacional) ainda não são suficientes.
A mensagem foi dada pelo deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel: “A ida de outro partido para a Secretaria de Governo credencia o PMDB a pleitear outro espaço. A partir do momento que perdemos espaço, o partido, em uma reforma, pode tentar algo melhor para ele”, afirmou o peemedebista à reportagem. E continua: “A bancada tem razão de se mostrar inquieta para se fazer lembrada”.
Depois do embate protagonizado entre os três poderes nesta semana, fica claro que a dor de cabeça de Temer não passará tão cedo.