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Inflação cai rápido e deixa BC em situação inédita

O presidente do Banco Central poderá ser obrigado a justificar por que os preços subiram abaixo de 3%, o limite inferior da meta

Por Maílson da Nóbrega 19 set 2017, 14h51

Em dezoito anos de vigência do regime de metas para a inflação, o Banco Central (BC) várias vezes precisou justificar, perante o ministro da Fazenda, por que não conseguira manter a inflação dentro do intervalo de variação da meta. A última vez foi no início de 2016. A inflação atingira 10,6% no ano anterior. A meta era 4,5% e poderia ser dois pontos percentuais para cima ou para baixo, isto é, máximo de 6,5% e mínimo de 2,5%.

Neste ano, o BC poderá ver-se em situação inédita: justificar por que a inflação ficou abaixo do limite inferior. Atualmente, a variação permitida é de 1,5 ponto percentual acima ou abaixo da meta, ou seja, 6% ou 3%. Já se estima que a inflação será de pouco mais dos 3%. Os que mais acertam na pesquisa Focus do Banco Central, os chamados Top Five, preveem, nesta altura do ano, IPCA de 3,08%. Nos últimos doze meses, o mesmo índice ficou em 2,84%.

O IPCA tem-se situado sempre abaixo das previsões. Isso é raro. No início do ano, a pesquisa Focus registrava previsões de quase 5%. Daí o BC ter reduzido a taxa básica de juros, a Selic, em ritmo mais forte do que o prognosticado. A previsão da Focus no início do ano era 10,25%. Agora, já se fala em 7%. Atualmente, a taxa está em 8,25%.

Cinco fatores explicam o atual comportamento da inflação. Primeiro, a recuperação da credibilidade do BC com sua nova administração. A anterior havia sucumbido às pressões de Dilma Rousseff para baixar artificialmente a Selic. O BC readquiriu, pois, a capacidade de coordenar expectativas, que é seu principal papel no regime de metas para a inflação.

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O segundo fator foi a safra recorde, razão pela qual, até agosto, o grupo “alimentos e bebidas” do IPCA registra deflação de 2,02%. O subgrupo “alimentação no domicílio” acumula queda de 5,20% no mesmo período.

O terceiro fator tem a ver com a recessão, da qual somente agora começamos a sair. A queda da atividade econômica inibiu o repasse de custos das empresas aos preços.

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O quarto se refere à inflação de serviços, igualmente influenciada pela recessão. Eles são mais resistentes por não sofrerem concorrência do exterior. Nos últimos anos, a inflação dos serviços ficava em 8% a 9% (ou mais). Agora, varia apenas 4,8%. Os serviços representam quase a metade da composição do IPCA (47%).

Finalmente, o alto desemprego impediu a concessão de reajustes acima da inflação e da produtividade do trabalho. Não houve pressões inflacionárias vindas dos salários.

Essa rara conjugação de fatores não se repetirá em 2018. Deverá haver inflação de alimentos, ainda que baixa. O menor desemprego e o maior consumo devem contribuir para que a inflação fique em torno de 4%, mesmo assim abaixo da meta de 4,5% e muito longe dos seus limites superior e inferior. Será um ano normal. E bom nesse aspecto.

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