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A importância da intervenção precoce no diabetes

A Declaração de Berlim, iniciativa internacional sobre a intervenção precoce no diabetes, precisa ser apoiada para atenuar a atual epidemia da doença

Por Freddy Eliaschewitz
Atualizado em 6 jun 2017, 12h00 - Publicado em 6 jun 2017, 12h00

Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Parlamento Europeu e a Federação Internacional de Diabetes (IDF) deram início a um trabalho de conscientização dos políticos e tomadores de decisão, a respeito do estado atual e das consequências da pandemia de diabetes tipo 2.

Essa iniciativa foi tomada considerando que, atualmente, em todo o mundo, um em cada 11 adultos sofre de diabetes, o que representa uma população de 415 milhões de afetados. Os custos diretos e indiretos do tratamento dessa população até 2030 ultrapassarão 1 trilhão de dólares americanos.

Além disso, aumenta cada vez mais o número de pessoas com pré-diabetes, que hoje já representam um contingente de 320 milhões de indivíduos. Metade dos portadores de diabetes ignora sua condição e quando finalmente esses pacientes são diagnosticados, metade já apresenta uma ou duas complicações.

Em 2015, 5 milhões de mortes foram atribuídas às complicações do diabetes, representando uma morte a cada seis segundos. As organizações responsáveis por esta iniciativa consideram que, apesar do reconhecimento de que são necessárias estratégias nacionais para o enfrentamento desta catástrofe sanitária, não está sendo feito o suficiente para a implantação de políticas eficazes para conter a epidemia de diabetes e suas complicações.

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Declaração de Berlim

Por este motivo, patrocinaram a reunião de especialistas de mais de 30 países para elaborarem um guia de ações a serem tomadas para amenizar as consequências da epidemia de diabetes. Reunidos em Berlim, em 2016, estes especialistas elaboraram um documento conhecido como Declaração de Berlim sobre a intervenção precoce no diabetes (“early action on diabetes”), recentemente publicado.

O que é?

A Declaração de Berlim prevê que as ações sejam tomadas baseadas em quatro pilares: a prevenção do diabetes tipo 2, o diagnóstico precoce, o controle dos pacientes com diabetes e o acesso ao tratamento correto. Os especialistas foram divididos em grupos para trabalhar especificamente em cada uma dessas vertentes. O grupo de prevenção considerou que se não fizermos nada, em 2040, 10% da população mundial será portadora de diabetes do tipo 2, com aumento de 20% nos gastos nacionais em saúde.

Aconselha diminuir em 10% o açúcar (calorias) presente nas dietas individuais, através de campanhas educativas e de medidas fiscais, como sobretaxar as bebidas açucaradas e os alimentos não saudáveis. Essas sobretaxas poderiam eventualmente subsidiar alimentos saudáveis como verduras, cujo consumo deveria aumentar em 50%.Os países devem ter políticas voltadas para a prevenção do diabetes do tipo 2.

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Recomenda-se:

  • Educação alimentar nas escolas, além de áreas e horários para a prática de atividade física nos postos de saúde e praças públicas.
  • Implantar um sistema de rotulagem voltado para a facilidade de compreensão do consumidor, com  um código simbólico, por exemplo, cinco estrelas para os alimentos saudáveis e com apenas uma estrela para alimentos ricos em carboidratos e gorduras saturadas.
  • Restaurantes e lanchonetes devem indicar a quantidade de calorias nos cardápios.
  • Os municípios devem facilitar a construção de ciclovias e ter programas de incentivo à pratica de esportes.

O papel do Brasil

O representante do Brasil no grupo de prevenção foi o Dr. Alexandre Hohl, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM). As metas a serem atingidas com essas medidas seriam as de conseguir deter o aumento do diabetes e da obesidade até 2025 e diminuir em um terço a mortalidade prematura por diabetes até 2030.

O grupo responsável por estudar medidas relacionadas à detecção precoce do diabetes considerou que é importante aumentar a detecção dos casos, porque metade dos portadores desconhece o diagnóstico e o diagnóstico precoce pode diminuir as complicações e a mortalidade.Os países devem elaborar planos nacionais de detecção.

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No Brasil, de acordo com a nossa representante, a Dra. Denise Reis Franco, pesquisadora do centro de pesquisas CPClin, o Ministério da Saúde se comprometeu a ampliar a triagem para diabetes em 60%,  de acordo com o plano de ação estratégico para prevenir e controlar doenças não transmissíveis. Isso seria alcançado realizando testes em unidades de saúde e farmácias da comunidade. A meta a ser atingida é a redução de 25% na frequência de complicações relacionadas com o diabetes detectadas, quando do diagnóstico, até 2025.

O grupo que se dedicou a estudar medidas para melhorar o controle dos pacientes diagnosticados, propõe que sejam auditados os locais onde a maioria dos pacientes é tratada. Busca-se conhecer qual é o grau de controle dos pacientes, se os exames que são realizados para verificar o controle e para o diagnóstico das complicações estão sendo feitos na frequência recomendada.

Além disso, foram propostos incentivos financeiros e não financeiros para as instituições que têm os pacientes melhor controlados, menor intervalo de tempo entre as avaliações para os pacientes com pior controle.Também são propostas medidas educacionais, como o maior número de horas dedicadas ao diabetes nas escolas de medicina e campanhas dirigidas ao paciente, de modo a divulgar o que é um bom controle do diabetes e sua importância. Nosso país foi representado pelo Dr. Augusto Pimazoni Netto,  da Unifesp. O objetivo das medidas é, a cada ano, aumentar em 10% o número de pacientes que atingem as metas de bom controle.

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E, finalmente, a Dra. Fernando Thome, da SBEM, subscreve, pela comissão de acesso ao tratamento correto, que indicou que os países devem ter um programa nacional sobre o manejo do diabetes, com metas clínicas de consenso. Devem ter uma lista atualizada dos medicamentos aprovados, em nível nacional, com a implementação de medidas para superar os obstáculos ao acesso aos medicamentos. Deve também elaborar até 2025 um plano de acesso equitativo ao tratamento do diabetes para os setores público e privado.

Se todos os países tomarem medidas para respaldar a implantação das políticas descritas na Declaração de Berlim sobre a intervenção precoce no diabetes, poderemos atenuar a atual trajetória de epidemia do diabetes e melhorar a condição de centenas de milhões de pessoas afetadas por essa condição.Você está convidado a apoiar.

 

(Heitor Feitosa/VEJA.com)

 

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