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A cracolândia pode ter fim, afinal?

A somatória de ações pode levar à melhora da situação. Mas, isso só ocorrerá com uma resposta sustentada por medidas permanentes

Por Ronaldo Laranjeira
5 jun 2017, 12h01

No último dia 21 de maio, teve início uma grande operação contra o tráfico de drogas na região conhecida como cracolândia, no bairro da Luz, centro da capital paulista, contando com agentes das polícias civil e militar de São Paulo. Tratou-se do primeiro passo para acabar com o tráfico na região, que agora é seguido de diversas ações de saúde e sociais por parte dos governos estadual e municipal.

Esta ação demonstrou-se fundamental, devido à situação em que se encontrava a região, por causa do crime, que gerava mais e mais problemas em outros setores, como saúde e social. É preciso reconhecer que o tráfico tornou-se cada vez mais sofisticado e organizado no decorrer dos anos, exigindo também mais dados e ações de inteligência das autoridades policiais para combatê-lo.

O exemplo dos EUA

Combater o tráfico é importante para solucionarmos o problema da cracolândia? Não tenha dúvidas. Podemos usar como exemplo disso as ações tomadas no combate ao crack pelo FBI e demais autoridades americanas nos anos 90. Na época, um caso emblemático demonstrou o alcance da droga na sociedade – a prisão de Marion Barry, prefeito da cidade de Washington, capital do país, por porte e consumo de crack.

As décadas de 80 e 90 podem ser consideradas como os períodos de maior ascensão do consumo de crack em território americano, exigindo uma resposta à verdadeira epidemia que assolava os EUA. Em Washington e outras cidades, foram adotadas medidas contra o tráfico e as chamadas “casas de crack” – leis pesadas contra o crime, reforço de policiamento nas ruas, dentre outras. Mais de duas décadas depois, os índices de criminalidade relacionados às drogas caíram drasticamente, assim como esses pontos de consumo, o que, em parte, pode servir de exemplo para o Brasil.

Digo em parte, pois, o policiamento e o combate ao tráfico são alguns dos fatores que, somados a outros, podem levar à uma solução. Não podemos esquecer nunca de prevenção e tratamento. Nos Estados Unidos, apesar de existirem campanhas que alertam para os perigos de algumas drogas, outras acabam não recebendo a mesma atenção.

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Esse é um dos fatores que explicam porque aproximadamente metade dos pacientes em tratamento contra a dependência química no mundo está hoje nos Estados Unidos. Com programas de prevenção eficazes, com certeza esse número diminuiria drasticamente. Ao mesmo tempo, este dado demonstra que não podemos esquecer jamais do tratamento. A oferta de serviços de acolhimento social e de saúde (com tratamento contra a dependência e medidas de reinserção social) é parte crucial para o combate às drogas.

Assim, no mundo inteiro temos exemplos de erros e acertos de governos em políticas de combate às drogas e de pontos de consumo, o que nos permite imaginar que sim, utilizando as melhores práticas, é possível acabar com as cracolândias.

É possível acabar com a cracolândia?

No caso específico da cracolândia no centro da capital, a região está sendo cada vez mais beneficiada com a linha de cuidados estruturada pelo programa Recomeço, que inclui medidas de baixa complexidade, até procedimentos terapêuticos de alta complexidade, contando, inclusive, com o suporte da rede de clínicas e comunidades terapêuticas no Estado, voltada tanto para a desintoxicação como ao apoio social aos usuários de drogas. Aliado ao Recomeço agora está também o programa Redenção, anunciado pela prefeitura de São Paulo.

Atualmente, os governos estadual e municipal buscam aliar as melhores práticas e ações de seus respectivos programas, buscando formas para complementar suas ações em prol de quem mais precisa – os usuários de drogas e a sociedade afetada pelo problema. Uma medida que pode pautar o Brasil no tema, tendo em vista que não existe atualmente uma parceria entre município e estado nesse nível em nosso território.

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A somatória de ações policiais, sociais e de saúde, com trabalho integrado entre estado e município, pode sim levar à melhora da situação. Porém, isso só ocorrerá com uma resposta sustentada por medidas permanentes, como desarticulação e combate ao tráfico, apoio social e também prevenção e oferta de tratamento de qualidade a todos afetados pela dependência química em São Paulo.

(Ricardo Matsukawa/VEJA)

 

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