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Por Coluna
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Mulheres do Século 20

Annette Bening, radiante, em um dos grandes desempenhos do ano

Por Isabela Boscov Atualizado em 1 abr 2017, 15h59 - Publicado em 1 abr 2017, 15h22

No luminoso Toda Forma de Amor, de 2010, Ewan McGregor levava um duplo baque quando seu pai septuagenário (Christopher Plummer) anunciava que estava com câncer em estágio terminal, e também que tinha um amante: com a morte da ex-mulher, ele decidira afinal assumir sua homossexualidade. Haja rescaldo a fazer com essa notificação de morte e essa afirmação de vida simultâneas – e muito da honestidade do filme vinha do fato de o diretor-roteirista Mike Mills estar se aproveitando, nele, de sua experiência com seu pai. Agora, em Mulheres do Século 20, Mills examina a outra parte da sua contabilidade pessoal: a convivência com sua mãe – em especial a maneira como o relacionamento se alterou na adolescência dele, em 1979. Se Toda Forma de Amor era um drama discreto mas também sentido, como se estivesse mexendo em uma dor ainda viva, Mulheres do Século XX vai quase em tom de fábula. Até porque, como diz Jamie (Lucas Jade Zumman), a versão ficcional do diretor, Dorothea é uma mulher impossível de explicar – ou de categorizar: ela tem toda a graciosidade, o calor, a inteligência e a radiância que Annette Bening empresta a ela, e também todas as complicações de uma mulher que carrega seu passado para dentro de uma era em transformação.

Mulheres do Século 20
(Divulgação)

A independente, moderna e bem sozinha Dorothea mora com Jamie numa casa caindo aos pedaços em Santa Barbara, no Sul da Califórnia, e tem como inquilinos dois outros solitários crônicos – o carpinteiro ripongo William (Billy Crudup) e a punkette Abbie (Greta Gerwig). Dorothea teve Jamie aos 40 anos. Agora ela está com 55 e se preocupa; ela cresceu na Grande Depressão, em um país pobre e triste, mas no qual ansiava-se pela vida. Jamie, por outro lado, está crescendo em um país em que tudo é farto – inclusive tédio, apatia, drogas. Em muitos sentidos, Dorothea está mais aberta ao futuro do que as pessoas mais jovens que a cercam, e quer entender a música que Abbie, Jamie e a melhor amiga dele (Elle Fanning) ouvem, as pessoas que eles admiram e as coisas que eles desejam. Como não consegue, recruta as duas garotas como co-educadoras. Mas a ruptura entre mãe e filho nunca chega a cicatrizar por completo, ocasionada em parte por uma falha geracional na comunicação entre eles, e de outra parte por uma mudança sísmica no papel que essas mulheres atribuem a si mesmas. De certa forma, pondera Mills, desde então os homens nunca mais conseguiram reencontrar completamente o seu chão.

Mulheres do Século 20
(Divulgação)

O que cala mais fundo no filme é o modo como a narração de Jamie anuncia trechos do futuro dos personagens – como, enfim, revela quão decisivas serão as repercussões de acontecimentos que, no presente, parecem pequenos ou passageiros. Essa sensação de tempo em fluxo é o mais notável neste trabalho de Mills – e o mais autêntico, a sua nostalgia pelo que nem sempre pôde ser compreendido.


Trailer

MULHERES DO SÉCULO 20
(20th Century Women)
Direção: Mike Mills
Com Annette Bening, Lucas Jade Zumann, Greta Gerwig, Elle Fanning, Billy Crudup
Distribuição: Sony Pictures

 

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