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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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Ruim com UPP, pior sem UPP

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 03h59 - Publicado em 25 abr 2014, 19h59

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[VEJA O ARTIGO POSTERIOR: Traficantes assistiram ao ‘Esquenta’ comendo pipoca?]

George Orwell dizia:

“Jornalismo é publicar algo que alguém não quer que seja publicado. Todo o resto é publicidade.”

Como publiquei aqui o print do post em que o dançarino DG lamentava a morte do traficante Patrick Costa dos Santos, o “Cachorrão”, em confronto com a polícia ocorrido um dia antes, um monte de militantes voluntários e involuntários me xingou e uma mocinha escreveu no Facebook, dando o link para o meu artigo:

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Felipe Moura Brasil, sou estudante de jornalismo e não quero, em hipótese alguma, ser essa vergonha pro jornalismo brasileiro que você é.

Obrigado mesmo. Fico muito honrado pelo elogio ao meu trabalho e agradeço pela divulgação. O futuro promete. Teremos mais uma publicitária na imprensa brasileira.

Já Reinaldo Azevedo, jornalista, citou meu artigo em seu blog na VEJA.com, falou das coisas incômodas que precisam ser ditas e acrescentou a imagem que lhe chamou a atenção na reportagem do Jornal Nacional – uma camiseta com os mesmos termos com os quais Douglas lamentava a morte de Cachorrão. Ele escreveu:

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Pouco importa o que fazia o rapaz quando não estava dançando no “Esquenta” da [Regina] Casé, uma coisa é certa: não poderia ter morrido como morreu. E é preciso saber quem o matou e meter em cana, use farda ou não. Mas não dá para ignorar os fatos. Contam-me que a expressão “Saudades eternas” é uma espécie de lema ou de senha macabra com que o narcotráfico e seus aliados objetivos celebram a memória dos que lhes são caros ou dos que serão usados como estandartes. “Minha avó tem ‘saudades eternas’ do meu avô e não é narcotraficante”, diz o bobinho

E o que apareceu de “bobinho” no meu blog não foi brincadeira.

Reinaldo, que, assim como eu, critica a política de segurança pública do Rio pela opção de espantar bandidos, em vez de prendê-los, e rejeita o nome de “polícia pacificadora” porque fica parecendo que a função dos policiais é promover a paz entre bandidos e gente decente, defende obviamente a presença e a manutenção de unidades policiais nas ditas “comunidades”:

Cobrar a rigorosa apuração do caso? Sim! Meter em cana os assassinos? Sim! Pedir uma polícia mais preparada nos morros e em toda parte? Sim! Exigir que as UPPs deixem as favelas? Aí, não!

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Captura de Tela 2014-02-13 às 17.36.58Aí é o que interessa aos bandidos do narcotráfico, cuja guerra de propaganda já se fortaleceu no enterro de DG com a participação de black blocs e dos militantes profissionais de sempre, treinados para transformar em apelos publicitários o sentimento difuso de revolta popular. Em determinado momento da manhã do dia 15 de abril, comandando o protesto de um grupo de invasores, em frente à prefeitura do Rio, Elisa Quadros, a Sininho, “orienta um grupo de mulheres”, segundo matéria da VEJA.com, e “coincidência ou não, essas manifestantes partem para cima dos guardas municipais quando eles tentam desobstruir o trânsito. Cria-se a tensão e jovens com câmeras registram o conflito, para abastecer as redes sociais com denúncias de truculência.” No enterro de DG, sabe quem comandou as vaias contra os policiais, que ganhariam a repercussão da mídia? Ela mesma: Sininho – aquela que fazia a ponte dos Black Blocs com os políticos nas manifestações e que responsabilizou a Band e até as demais emissoras pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, vítima dos terroristas.

Sininho-e-delegado-original-size-598-480x2701Já nos bastidores do Palácio da Guanabara, circula o comentário de que o secretário de segurança José Mariano Beltrame é pé-frio, porque, nos dois casos que mais abalaram as UPPs, os delegados responsáveis pelas investigações seriam no mínimo pouco simpáticos a ele. No caso Amarildo, era o delegado Orlando Zaccone, aquele garoto-propaganda do PSOL que marcou presença justamente com Sininho na premiação do “Molotov de Ouro”, em festa decorada por um manequim roubado da loja Toulon no “melhor ato de vandalismo de 2013”. Uma coleção básica de suas pérolas feicebuquianas pode ser vista aqui, incluindo ataque às UPPs e uma singela “Homenagem aos vândalos de todo o mundo!”. Agora, no caso DG, assume as investigações o delegado Gilberto da Cruz Ribeiro, ex-chefe de Polícia Civil, o primeiro da gestão Beltrame. Gilberto caiu cinco anos atrás depois de divergir da cúpula quanto ao acesso de PMs ao Portal da Segurança, site em que policiais fazem consultas de dados de cidadãos. As notas oficiais dele e de Beltrame foram amenas na ocasião, mas ainda resta dúvidas quanto à afinidade entre ambos. Beltrame já disse que o caso de DG não vai se arrastar tanto quanto o de Amarildo, de modo que se espera que os eventuais rancores entre o delegado e o secretário não atrapalhem as investigações, assim como a ideologia de Zaccone – cujo apelido prefiro não citar – encheu de suspeitas as do famigerado e interminável caso do pedreiro-estandarte da militância, crime pelo qual há 25 policiais denunciados.

A mãe de DG chegou a dizer que tinha visto cápsulas de calibre .45 junto aos documentos do filho, ao que Beltrame teve de explicar que a PM não usa esse tipo de arma – e, mesmo assim, as opiniões e acusações desta senhora continuam servindo de laudo técnico informal àqueles que não precisam de apuração alguma para apontar seus culpados favoritos, com o mesmo nível de preconceito de que acusam quem informa os fatos que lhes desagradam.

(E já tem gente culpando os próprios militares pelo dito “assassinato” do coronel Paulo Malhães…)

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JustiçaA opinião negativa da maioria dos cidadãos de bem da favela sobre os bandidos locais não aparece nos noticiários em função do medo que eles sentem de ser punidos (no mínimo com a expulsão do morro, sem direito a levar os próprios pertences), mas a gritaria pelo “fim da UPP” é ditada pelos próprios narcotraficantes por motivos óbvios; e amplificada pela militância partidária e jornalística anti-PM por motivos políticos e ideológicos, com a sua velha exploração revolucionária do ressentimento alheio, não importa se justo ou injusto.

Zelar pelos moradores de bem da favela é, entre outras coisas, exigir investigação e prisão de criminosos de fato e de farda, não o território livre de policiais para que os narcotraficantes possam dominar o morro e aterrorizar a cidade. Há policiais (e até delegados) que não prestam e devem ser punidos, mas narcotraficantes não prestam todos. Em todo caso, informo que os cursinhos de relações públicas deles estão abertos nas melhores faculdades do ramo.

Felipe Moura Brasil – https://www.veja.com/felipemourabrasil

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[VEJA O ARTIGO POSTERIOR: Traficantes assistiram ao ‘Esquenta’ comendo pipoca?]

* A moderação de comentários está atrasada em função do recorde de audiência do blog nesta semana, mas estará atualizada neste sábado. Podem caprichar.

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