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Rio de Janeiro é mini-Venezuela

Veja artigo de Felipe Moura Brasil

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 1 abr 2017, 14h46 - Publicado em 31 mar 2017, 22h13

[* Assista à versão em vídeo: AQUI.]

A Venezuela é um Rio de Janeiro elevado à décima potência. Ou nona. Ou oitava, já que o Rio vem se revelando cada vez mais venezuelano.

A Venezuela de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, como o Rio de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, tornou-se dependente das receitas do petróleo.

Quando o preço do barril estava alto, Chávez repassava o lucro da petrolífera estatal para sustentar políticas sociais de transferência de renda à população.

Quando o preço do barril estava alto, Cabral usava o dinheiro dos royalties, os direitos sobre a exploração do petróleo, para pagar aposentados e pensionistas.

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Somente governos irresponsáveis como os da Venezuela e do Rio usam uma fonte incerta de receita para sustentar seus gastos crescentes e excessivos.

Somente governos irresponsáveis não se preparam para a queda de preço do produto do qual depende o equilíbrio das suas contas.

A grande interferência dos governos da Venezuela e do Rio na economia impediu que a atividade de empresários gerasse receitas compensatórias.

Chávez nacionalizou empresas de diversos setores, como telecomunicações e energia, e também aumentou a importação de bens de parceiros da América do Sul e do Caribe, levando a classe empresarial venezuelana a fechar as portas.

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Cabral usou o método contrário. Abriu as portas do Rio para a classe empresarial de tal maneira que não lhe cobrou nem um centavo. Quer dizer: para o Rio.

Alegando que geraria mais emprego, o ex-governador beneficiou com renúncias fiscais milhares de empresas, incluindo boates, motéis, termas, cabelereiros e joalherias – aquelas onde lavava dinheiro de propina, comprando joias.

Resultado: entre 2008 e 2013, o Rio de Janeiro deixou de arrecadar 138 bilhões de reais em ICMS, o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.

Sem mais receitas, quando o preço do barril de petróleo no mercado internacional caiu, as economias de Venezuela e do Rio entraram em colapso.

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A alta dependência da importação e a falta de orçamento para bancá-la ainda levou à escassez de produtos básicos em supermercados e farmácias da Venezuela, onde o povo forma filas antes do amanhecer para fazer compras.

Chávez morreu em 2013. Cabral foi preso em 2016.

Depois que a oposição conquistou a maioria parlamentar no fim de 2015, Maduro se ancora no Tribunal Supremo de Justiça para se manter no poder.

Diante da resistência do povo às medidas de ajustes fiscais de seu governo, Pezão se ancora no presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani.

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Para aumentar o endividamento do governo sem passar pelo crivo da oposição, Maduro usou o TSJ para dar um golpe e assumir as funções do Congresso.

Para aprovar as contas que fecharam 2016 com déficit de R$ 9,8 bilhões e descumpriram limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, Pezão contava com a influência de Picciani no Tribunal de Contas do Estado, o TCE.

O problema para Maduro é que o golpe do TSJ escancarou a ditadura, exacerbou a fúria da oposição, e legitimou eventual intervenção militar (* de modo que o tribunal acabou recuando e suspendeu sua própria decisão).

O problema para Pezão é que cinco conselheiros do TCE foram presos por terem recebido, em três esquemas de corrupção, ao menos 1,2 milhão de reais em propinas, cujos pagamentos, segundo delatores, eram organizados por Picciani.

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Cabral, que também teria participação no caso, ofereceu delatar 97 casos de corrupção e outros crimes no governo, na Assembleia Legislativa, no Tribunal de Justiça, no Ministério Público e no Superior Tribunal Justiça (STJ).

A aliança criminosa entre políticos e membros do Judiciário, enquanto a população sofre com a crise econômica e com a insegurança pública, é mais um traço comum entre a Venezuela e o Rio de Janeiro.

A Venezuela é um Rio elevado à sétima potência. Ou sexta. Ou quinta.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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