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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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O aborto cor de Rosa

Felipe Moura Brasil comenta os precedentes da relatora da ação do PSOL

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 15 mar 2017, 19h34 - Publicado em 15 mar 2017, 15h15

A relatoria da ação do PSOL que dribla o Congresso para pedir ao STF a legalização do aborto até três meses de gestação será da ministra Rosa Weber, que, assim como os autores socialistas, tem mais de três meses de vida, claro.

No julgamento de novembro da 1ª Turma, que abriu precedente para a ação, Rosa acompanhou o voto vencedor de Luis Roberto “Minha Posição” Barroso.

Este blog expôs minuciosamente aqui os truques contidos neste voto.

Em 2012, Rosa também endossou Barroso, então advogado da causa no Supremo, votando a favor do direito ao aborto de fetos anencéfalos e abrindo precedente para o aborto até três meses de gestação.

A ministra alegou: “É de se reconhecer que merecem endosso as opiniões que expressam não caber anencefalia no conceito de aborto.”

Mais: “O crime de aborto quer dizer a interrupção da vida e, por tudo o que foi debatido nesta ação, a anencefalia não é compatível com essas características que consubstanciam a ideia de vida para o direito.”

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O então ministro Cezar Peluso, em seu voto estupendo cujos principais trechos transcrevi na ocasião, desmontou juridicamente toda essa argumentação de ativista, apontou a eventual imprecisão dos diagnósticos e ainda provocou Rosa ao questionar a extensão infanticida da aplicação da lógica da ministra:

“Se se autoriza o aborto de anencéfalo, por que não se admite que seja eliminado depois do parto, antecipando-lhe, doutro modo, a morte inevitável?”

Por que não se admite a agenda ideológica de Barroso, avessa à língua portuguesa, ao ordenamento jurídico, à legitimidade democrática, à coerência e aos fatos? Porque era preciso afetar isenção para fazê-la avançar, claro.

Para quem descartara o status de vida dos supostos anencéfalos, assim diagnosticados em exames feitos a partir do terceiro mês da gestação, descartar o de qualquer feto até três meses não é mesmo um grande salto.

Diante do risco de consolidação de mais esta etapa da legalização rejeitada por 78% dos brasileiros, deputados e senadores cristãos se reúnem nesta quarta-feira para definir estratégias jurídicas e um calendário de manifestações contra o aborto e a usurpação do Poder Legislativo pelo Supremo.

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A bancada do PSC na Câmara, convocada por Marco Feliciano, pretende ingressar no STF como amicus curiae na ação do PSOL.

É melhor correrem. Desponta no Brasil o aborto cor de Rosa.

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Relembro artigo premonitório que publiquei cinco anos atrás:

E os patinhos?
(Felipe Moura Brasil, 11 de abril de 2012)

Primeiro, os mais fracos. Depois, o resto.

É assim a cultura da morte.

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Quando não começa logo desumanizando povos e pessoas (como “inferiores” ou “inimigas da liberdade”), alimenta a agressividade humana contra um alvo provisório, pintando-o como inútil, descartável, ou mesmo uma ameaça ao bem-estar.

Em “A insustentável leveza do ser”, Milan Kundera narra como os russos fomentaram o extermínio de pombos e cachorros durante a ocupação da então Tchecoslováquia para, um ano depois, apontar para o seu verdadeiro alvo: o homem.

“(…) os jornais, o rádio, a televisão, só falavam nos cachorros que sujavam as calçadas e os jardins públicos, ameaçando a saúde das crianças, cachorros que não serviam para nada e ainda tinham que ser alimentados. Fabricou-se uma verdadeira psicose (…)”.

Os fetos “anencéfalos” do Brasil petista são como os cachorros da Tchecoslováquia comunista: não servem para nada e ainda têm de ser alimentados.

O STF, assumindo o papel do Congresso com a cumplicidade dos fabricantes de psicose e o incentivo de organismos internacionais, veio mostrar o quanto eles sujam as calçadas e os jardins uterinos, ameaçando a saúde mental das mamães.

A ministra Rosa Weber defende que “a sociedade” estabeleça quais as “capacidades físicas e psíquicas mínimas que permitam ao indivíduo ser considerado humano”.

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Por sociedade, entenda-se o STF. Pelo resto, que os anencéfalos são os cachorros tchecos, e que o STF ainda vai analisar, com “o óculos da ciência”, se os outros fetos com má-formação são os pombos; os bem formados, os passarinhos; os recém-nascidos, os pintinhos; e nós, os patinhos boiando na lagoa.

Quando a ciência antecipar se nossos filhos terão a aparência do Brad Pitt ou do relator Marco Aurélio Mello, e a inteligência de William Shakespeare ou de Rosa Weber, fiquemos tranquilos: o divino STF do Estado laico nos dirá em quais casos eles serão humanos; e em quais serão motivos evidentes de “tortura psicológica” e “tragédia pessoal”, cabendo a toda mãe insatisfeita tentar de novo, até ter certeza de que dará à luz (rezemos) um Brad Shakespeare ou um William Pitt.

Para Teresa, personagem de Kundera, o verdadeiro teste moral da humanidade são as relações com aqueles que estão à nossa mercê, que não representam força alguma. (Ela se referia aos animais. Eu me refiro aos fetos “anencéfalos”.) “É aí que se produz o maior desvio do homem, derrota fundamental da qual decorrem todas as outras.”

Em nome do “direito das mulheres”, o STF impõe a derrota fundamental, abrindo precedente para todas as outras. A aprovação da “antecipação terapêutica do parto” é a antecipação legal de uma cultura da morte, na qual a população psicótica é a vítima emocional dos abortos físicos que pratica.

Façam filhos, crianças. Não há riscos, nem sofrimentos. Ao menor sinal de defeito, passem a faca com carinho.

E os patinhos? Qué, qué…

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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