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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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Notícias falsas contra Trump são lágrimas da esquerda derrotada

Blog comenta rebaixamento do jornalismo à demonização embusteira

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 12 jan 2017, 20h42 - Publicado em 11 jan 2017, 15h21

[* ATENÇÃO: Veja o artigo mais detalhado e atualizado deste blog sobre o caso do dossiê clicando AQUI.]

Donald Trump, em sua primeira entrevista coletiva após a eleição; e Barack Obama, em seu discurso de despedida
Donald Trump, em sua primeira entrevista coletiva após a eleição; e Barack Obama, em seu discurso de despedida (Fox News/Reprodução)

Cobertura em tuitadas, notas e imagens:

– Qualquer político faz “PROMESSA” e não cumpre. Barack Hussein Obama, não. Em jornal brasileiro, ele tinha um “SONHO”. “Sonho frustrado de uma sociedade pós-racial”.

– Em matéria noticiosa, transmitir como ideal profundo de um político as suas bravatas marqueteiras é servir de agência de propaganda dele, como fez a imprensa mainstream nos 8 anos do governo Obama.

– Ao fim da matéria do Globo sobre o “legado” de Obama, atribui-se o texto – não fica claro se da matéria completa ou só da lista final – a um repórter carioca que se descreve no Twitter como “anti-fanatismo de direita”. Contra fanatismo de esquerda, não há menção.

– Na mídia impressa e nas emissoras de TV do Brasil, parece pré-requisito para comentaristas, correspondentes internacionais e repórteres que escrevem sobre os EUA ser um torcedor anti-Donald Trump do Partido Democrata.

– O deslumbramento provinciano brasileiro com Obama, que sabe posar de cool na superfície para enganar provincianos deslumbrados, é de lascar.

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– Obama disse em seu comercial de governo travestido de discurso de despedida: “Nossa democracia está ameaçada…” Faltou completar: quando CNN vaza antes perguntas de debates para Hillary Clinton.

– Rússia tem imagens de Trump com prostitutas em quarto de hotel de Moscou urinando em cama usada por Barack Obama, diz um relatório publicado, sem qualquer verificação de fatos, pelo site BuzzFeed, logo após a CNN noticiar que a CIA e o FBI o apresentaram a Obama e Trump. CNN e BuzzFeed são dois veículos de esquerda, que passaram, assim, a enésima vergonha mundial desde a campanha.

– As “alegações não verificadas” foram feitas por uma pessoa que alega ser espião britânico aposentado. Nem isto, portanto, foi verificado. É o vale-tudo anti-Trump da imprensa movida a #FakeNews (“notícias falsas”) ou supostas notícias.

* O caso ficou ainda mais bizarro com um post no 4chan que atribui a responsabilidade pela invenção do relatório a um membro do fórum de compartilhamento de imagens e explica que o conteúdo foi levado a sério e à CIA por um republicano anti-Trump, Rick Wilson (que já negou, claro). A CIA então teria decidido preparar um material para apresentar a Obama e Trump sem qualquer confirmação, como também vazá-lo em seguida para a imprensa. Não há evidência de que este relato é verdadeiro, mas convém Trump desaparelhar (“desobamizar”, “desclintonizar”…) o quanto antes a CIA e o FBI.

– Um membro da Inteligência americana desmentiu à NBC a informação inicial da CNN, alegando que Trump não recebeu qualquer documento. Todo mundo desmente a CNN. Até a Rússia, claro, embora isto nada signifique.

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– Dossiê contra Trump é tão sem base que até o resto da mídia americana controlada pela esquerda havia se recusado a publicar. O próprio New York Times informou que se recusara. Mas para CNN, como cansei de mostrar durante a campanha, vale tudo.

– Naturalmente, o relatório esdrúxulo foi noticiado por uma correspondente da Globonews nos EUA como “dinamite pura”. A diferença é que, em dinamite pura, você tem certeza de que a nitroglicerina está lá.

– A pressa anti-Trump tem dessas coisas (abaixo). Para todo o resto, existem apuração e… omissão.

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– Admissão do erro é bem-vinda. Mas, como este blog já vinha explicando em prosa e vídeo, mercado em que “a notícia instantânea e o furo são prioridades” é o mercado da mentira.

– Nenhum eventual erro de Trump no governo (ou no passado) justificará retroativamente as mentiras que jornalistas dos EUA e do Brasil contaram sobre ele. O meio de redenção é mesmo a confissão pública, à qual só raras exceções recorrem – e, com frequência, somente porque pegas em flagrante (não que seja o caso do “Publisher” da Forbes).

– Trump reagiu no Twitter à divulgação do relatório afirmando que ganhou a eleição com facilidade e agora seus trapaceiros oponentes tentam minimizar a vitória com notícias falsas: “Que lamentável!”

– Trump rebateu a alegação não verificada de que os russos usaram o suposto material constrangedor para chantagem: “A Rússia nunca tentou usar sua influência sobre mim. Eu não tenho nada a ver com a Rússia: acordos, negócios, nada”.

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– Trump disse nesta manhã, em sua primeira entrevista coletiva após ser eleito, que a CNN não fez direito um trabalho jornalístico ao divulgar o relatório. O jornalista da rede tomou a palavra e, gritando, fez sua emissora de vítima, dizendo que ela estava sendo atacada e exigindo direito de resposta. Trump mandou que se comportasse e, no final, fez piada referindo-se ao seu antigo programa de TV ‘O Aprendiz’: “Você está despedido”. Grande momento.

– A imprensa brasileira naturalmente trata a reação de Trump aos ataques cada vez mais sujos da imprensa esquerdista americana como demonstrações de um comportamento inapropriado. É um show de inversão.

– Veja o momento em que Trump recusa dar novamente a palavra ao insistente jornalista da CNN e diz: “Você é Fake News.”

– É mesmo cômico. Direita trollou narrativa da esquerda, que agora quer aposentar termo #FakeNews, criado para justificar derrota de Hillary.

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– Traduzo trechos de um ótimo artigo de John Podhoretz, publicado na noite de ontem (10) no New York Post (não confundir com o New York Times):

“BuzzFeed nos diz que ‘o documento foi preparado para adversários políticos de Trump por uma pessoa que é entendida como sendo um ex-agente de inteligência britânico’. Na verdade, os memorandos são elaborados para leitura como se fossem informes enviados da pesquisa de campo para o escritório. E eles devem disparar o detector de mentira de cada pessoa racional que lê-los.

Sou jornalista e editor de revistas há 31 anos e, como muitos na minha profissão, tive oportunidade, ao longo de quatro décadas, de trabalhar com pessoas ligadas a agências de inteligência domésticas e estrangeiras quando estão vendendo histórias prejudiciais a um ou outro político, ou a uma causa.

Na minha experiência, não há nenhuma fonte em relação à qual você precisa ser mais cético, e cuja informação você precisa verificar minuciosamente antes que possa começar a pensar em publicá-la, do que uma fonte de ‘inteligência’.

(…)

BuzzFeed nos diz que ‘o documento foi preparado para adversários políticos de Trump por uma pessoa que é entendida como sendo um ex-agente de inteligência britânico’. (…)

Uma vez que o fornecedor dos informes tem uma agenda, como BuzzFeed reconhece aqui, ele tem no mínimo uma tendência a crer em cada detalhe anti-Trump que coloca no papel – e na pior das hipóteses um desejo de jogar todos os rumores que ele possa coletar (ou gerar de suas próprias fantasias febris) na parede para ver quais poderiam colar.

Num momento em que os jornalistas estão em pé de guerra sobre ‘notícias falsas’, o que BuzzFeed fez aqui é levar notícias falsas para um novo nível.

Seu editor, Ben Smith, reconhece que ‘há sérias razões para duvidar das alegações’. Em outras palavras, há quase certamente notícias falsas dentro desses memorandos, e tudo pode ser falso, ou algumas partes dele podem ser verdadeiras, mas tão profundamente enterradas debaixo da falsidade que seria impossível separá-las.

‘Publicar este dossiê reflete como vemos o trabalho dos repórteres em 2017’, escreve Smith. Isto é algo incrível a se dizer, porque, se você pensar a respeito, significa que publicar difamações e calúnias é o trabalho dos repórteres em 2017.

‘As notícias falsas vão se tornar mais sofisticadas, e histórias falsas, ambíguas e inventadas vão se espalhar amplamente’, alertou um importante editor americano no final de dezembro de 2016. Seu nome: Ben Smith. Sua publicação: BuzzFeed.

Eu não inventei isso.”

– Horas antes de circular a enésima #FakeNews anti-Trump, eu havia comentado justamente o seguinte:

– A propósito: obrigado ao autor Flavio Gordon pelo texto publicado no Facebook sobre o meu trabalho neste blog.

“O que o Felipe Moura Brasil tem feito é digno de todos os aplausos, por ser algo absolutamente único na grande imprensa brasileira de nossos dias: trata-se de um trabalho de verdadeira restauração jornalística. É um esforço tão minucioso e paciente como o de um restaurador de antiguidades, um historiador, arqueólogo, museólogo etc. Um trabalho artesanal.

Seus textos na Veja buscam preencher as lacunas entre as versões sedimentadas, ligar as pontas soltas, recuperando todos os passos pelos quais um determinado fato foi sucessivamente distorcido pela militância jornalística, soterrado sob uma montanha de mentiras e meias-verdades, que por sua vez transformam-se em fundamento de novas mentiras e meias-verdades, e assim sucessivamente, até que o fato original tenha sido totalmente esquecido.

Não deixem de ler! Pelo bem da sua inteligência. É jornalismo no sentido mais nobre do termo, no ponto em que ele mais se aproxima da boa pesquisa histórica.”

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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