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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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Lava Jato encosta em Lula e Dilma via Odebrecht

Governo se desespera com delação de "personagens médios". Quem deve teme!

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 30 jul 2020, 23h11 - Publicado em 22 mar 2016, 19h07
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Fala tudo, Maria

– Maria Lúcia Tavares entregou Marcelo Odebrecht.

A “contabilidade paralela” foi um pedido dele, disse a secretária delatora, responsável pela lista de propina da empreiteira e pelas informações que levaram à nova fase da Lava Jato denominada “Xepa”. Marcelo já foi condenado a mais de 19 anos de prisão em um dos inquéritos. Vai esperar a prisão perpétua para entregar Lula e Dilma?

Contabilidade paralela

 

(* Atualização da noite: Marcelo me leu da cadeia – risos – e fechou delação premiada. Veja aqui.)

VEJA: Marcelo “era o responsável direto pelo pagamento de propina ao marqueteiro do PT João Santana, ou ‘Feira’, na gíria dos criminosos. O empreiteiro aparece sob a sigla MBO em planilhas do chamado Setor de Operações Estruturadas – em bom português, o departamento de propina da empreiteira”. Ou a feira da propina.

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– “O objetivo dos pagamentos, de acordo com os investigadores, era saldar compromissos assumidos pela empreiteira durante as eleições de 2014 ‘como provável contrapartida por contratos obtidos no âmbito da Petrobras’. A PF cita ainda e-mails em que Odebrecht autoriza diretamente o pagamento a Feira e à mulher dele, Mônica Moura”.

Onde se lê “eleições de 2014″, leia-se: campanha de Dilma Rousseff.

– Rodrigo Rangel, de VEJA: “Esta 26ª fase da Lava Jato se liga diretamente à suspeita de que dinheiro do petrolão abasteceu a campanha de Dilma Rousseff. Os pagamentos da Odebrecht a João Santana serviram como fio da meada. Foram descobertos vários outros beneficiários ligados ao poder público.” Tic-tac, querida, tic-tac…

– Segundo Maria Lúcia, Monica Moura dispensava intermediários ao receber a propina, comparecendo ela própria à sede da empreiteira em Salvador para pegar a grana, sempre em espécie. Em resumo: o marketing petista era pago de modo condizente às mentiras que produzia.

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Sorria, Dilma, vou entregar geral

– VEJA: Maria Lúcia “revelou, inclusive, que todos os pagamentos paralelos deviam constar no sistema MyWebDay, uma espécie de ‘intranet da propina’ da Odebrecht. O sistema era de tal maneira organizado que altos executivos da empresa eram os responsáveis por liberar os pagamentos ilícitos”. Nunca antes na história deste país houve tanto profissionalismo.

– Se a Lava Jato cavar mais fundo na Odebrecht, ainda encontra o Tinder da propina. “It’s a match! You and Fulana liked each other” account...

– A Odebrecht chegou a distribuir R$ 9 milhões em propinas em apenas 24 horas, segundo a Lava Jato. É um número equivalente ao de notas diárias em que a empreiteira negava qualquer ilegalidade.

– A Odebrecht ainda teve a ousadia de continuar a operar pagamentos de propina mesmo após a prisão de Marcelo. Corruptos poderão alegar que o MyWebDay não enviou a notificação, nem avisou pelo chat.

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– Lula estava hospedado no hotel Golden Tulip, onde a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão da “Xepa”, e saiu assustado num Omega preto com escolta meia hora depois que os agentes deixaram o local. Que alívio, hein, Brahma! Mais um dia solto.

Dilma é Inter
– Citado na lista de propina da Odebrecht, Douglas Franzoni (centro) é sócio do ex-auxiliar pessoal de Dilma Anderson Dornelles no Red Bar, um estabelecimento no estádio Beira-Rio, do Inter, em Porto Alegre. O codinome de Douglas era “Las Vegas”. A senha da propina na empreiteira: “roleta”.

Façam suas apostas sobre quem ele pode entregar em delação.

Red Bar

– A principal preocupação no governo e na cúpula da Odebrecht com a “Xepa” são os “personagens médios” que foram alvos, segundo Andréia Sadi, da Globonews. Isto porque avaliam que, diferentemente dos executivos que resistiram até aqui a fazer a delação, os “médios” não hesitarão – e eles também têm informações, como foi o caso de Maria Lúcia.

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Quem deve teme.

Lula é Curíntia
– A Lava-Jato também chegou ao estádio do Corinthians, o time de Lula.

O corrupto de codinome ‘Timão’ e senha ‘alface’ recebeu da Odebrecht 500 mil reais em propinas pela obra do Itaquerão, segundo o Radar. No relatório da Polícia Federal, ‘Timão’ é identificado como André Luiz de Oliveira (foto): ‘É dirigente do Corinthians, o que justificaria, portanto, a utilização do codinome ‘Timão’, diz a PF.”

Só falta acusarem a Lava Jato de racismo.

vice corinthians levado a depor

“Timão”, no entanto, foi preso em flagrante por porte ilegal de armas, não propina (ainda)

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– Em 2011, o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez falou à Época da relação entre Lula e Odebrecht no Itaquerão:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=JyaT-SqhZcs?feature=oembed&w=500&h=281%5D

Sanchez: O estádio do Corinthians custa 780 milhões. É mais de 1 bi, e vamos pagar 780. Ponto. A parte financeira ninguém mexeu. Só eu, o Lula e o Emílio Odebrecht (presidente do Conselho de Administração da Odebrecht e pai de Marcelo).
Época: O dia em que essa história vier a público, vai ficar feio para quem?
Sanchez: Não vai ficar feio pra ninguém. Vai ficar, talvez, não imoral, mas difícil para o Lula.
Porque vão falar: “Pô, como é que uma empreiteira se submete a fazer isso? Por que o presidente pediu?”. É o que insinuam até hoje.

É o que a Lava Jato pode investigar.

Lula Marisa Emilio Andres Itaquerao

Marisa Letícia, Lula, Emílio Odebrecht e Andrés Sanchez: o Itaquerão deu muita alegria

– Resumindo: Lava Jato chegou ainda mais perto de Lula via Corinthians e ainda mais perto de Dilma via Inter. Dois gols de placa.

– Tesoureiro de Rui Falcão também foi alvo da “Xepa”. William Ali Chaim atuou na campanha do presidente do PT para deputado federal e foi assessor de José Dirceu na Presidência do suposto partido. Ele também trabalhou com José de Filippi Júnior, tesoureiro das campanhas de Lula (2006) e Dilma (2010).

Na planilha obtida pela PF, constam dois repasses de R$ 1 milhão cada um, em 12 e 13 de novembro de 2014, logo após o segundo turno da eleição vencida por Dilma.

Ah, que doce “coincidência”…

Rui Dilma Lula

Não, Rui: ela é Inter, eu sou Curíntia, você é Chaim

– Robson Bonin, de VEJA: “Depois desta fase da Lava-Jato, corrupto nenhum vai querer receber propina em quarto de hotel. A PF confirmou tudo pelo registro de check-in”. Sem hotel, sem telefone, assim não dá: está cada vez mais difícil ser bandido neste país.

– Bonin: “Os apelidos dos corruptos e as senhas na planilha da propina da Odebrecht são impagáveis. Codinome: padeiro. Senha: gafanhoto. R$ 1 milhão!” Parece até Mercado Público: tem linguado, alface, trigo, kafta, pequi, esfiha, feijoada, alcatra, lasanha, macarronada, beterraba, camarão… Só falta Brahma para acompanhar.

Salada Odebrecht– Sérgio Moro manda recado: “Embora se lamentem os dissabores causados pela condução coercitiva a alguns, a medida não é gratuita”. Alô, Lula. Não te esqueci não, ok?

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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