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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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Contra o melindre, a hipersensibilidade, os ofendidinhos. Por um mundo de gente com a ‘pele mais grossa’

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 02h18 - Publicado em 17 jan 2015, 12h04
Flemming Rose

O jornalista dinamarquês Flemming Rose, de 56 anos

A VEJA desta semana traz um artigo de Flemming Rose, editor do jornal dinamarquês Jyllands-Posten, que durante uma década teve de viver à sombra de ameaças terroristas e tentativas frustradas de assassinato por encomendar em 2005 uma dúzia de charges retratando Maomé.

Precursor no tipo de publicação que serviria de pretexto para o ataque ao Charlie Hebdo em Paris, sua cabeça foi literalmente pedida pelos radicais muçulmanos nas ruas, como por exemplo naquela passeata de Londres em 2006 que eu havia mostrado aqui:

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“Degole/Massacre/Aniquile aqueles que insultam o Islam”

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Rose, autor do livro The Tirany of Silence (A Tirania do Silêncio), conta que seu objetivo era “simplesmente começar um debate a respeito de autocensura em nosso tratamento do Islã em comparação com outras religiões” – vide CNN e New York Times – e que “jamais poderia conceber que seria condenado como racista e que seria incluído em uma lista de alvos da Al Qaeda”:

“Acho estranho que pessoas que acolhem a diversidade quando o assunto é cultura, religião e etnia não consigam acolher a mesma diversidade quando se trata de nos expressarmos. Essas pessoas estão basicamente dizendo que, quanto mais multicultural a sociedade se tornar, menos liberdade de expressão será necessária. Parece-me uma posição deturpada. Deveria ser o contrário. Quanto mais diferentes formos, mais precisaremos do intercâmbio de opiniões aberto e livre.”

O editor lamenta que os governos defendam restrições à liberdade de expressão com a desculpa de manter a paz e evitar conflitos entre grupos diferentes, e discorda totalmente de quem afirma que a charge de Maomé feita por seu cartunista Kurt Westergaard é racista ou estigmatiza os muçulmanos:

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“Ele retratou Maomé como representante do Islã, da mesma forma que imagens de Jesus se referem à cristandade, de Karl Marx ao marxismo, de Tio Sam aos Estados Unidos. Retratar Karl Marx com sangue nas mãos, o Cristo crucificado segurando uma cerveja ou o Deus cristão armado com uma bomba não significa que você pensa que todos os marxistas são assassinos sedentos de sangue ou que os cristãos são beberrões ou terroristas. A charge de Westergaard ataca uma doutrina religiosa linha-dura, não um grupo particular da sociedade.”

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O problema, como este blog sempre apontou – aqui, aquiaqui, aqui, aqui e aqui, por exemplo -, é o melindre; é a hipersensibilidade que lamentavelmente não se restringe aos terrroristas islâmicos. No trecho mais memorável de seu artigo, Rose expõe a “cultura de injustiça” ocidental que legitima o discurso do terror e facilita seu trabalho.

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“Parece que como sociedade estamos mais preocupados em proteger a sensibilidade de grupos do que em defender os direitos democráticos históricos aos quais faremos jus como seres humanos. Os assassinos de Paris acreditavam sinceramente que os seres humanos do Charlie Hebdo mereciam morrer por causa de suas charges ofensivas. Sentiam que isso era justificado por sua interpretação militante do Islã. Mas os assassinatos também aconteceram em meio a uma cultura de injustiça que incita as pessoas a se ofender cada vez que alguém diz alguma coisa da qual não gostam. O pressuposto é que não existe nenhuma diferença real entre palavras e atos, entre um insulto verbal e a violência física.

Em um artigo meu de dez anos atrás, escrevi que nenhuma religião poderia exigir direitos especiais em uma sociedade secular e que os indivíduos devem estar preparados para sofrer desprezo, zombaria e ridicularização. Em vez de exigirmos que as pessoas façam treinamentos de sensibilidade quando dizem algo ofensivo, talvez devêssemos todos ser mandados para treinos de insensibilidade. Precisamos criar pele mais grossa para garantir que a liberdade de expressão possa sobreviver num mundo multicultural.”

Mas o que seria de esquerdistas se as pessoas comuns criassem pele mais grossa?

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Eles precisam posar de defensores de muçulmanos e demais “minorias”, precisam investir no melindre e na hipersensibilidade desses grupos e classes, porque uma multidão de ofendidinhos e coitadinhos – ávidos de desculpas coletivas para os próprios fracassos individuais – é a massa de manobra ideal para suas ambições políticas e um Estado Babá.

No Brasil, os mesmos militantes de esquerda que ridicularizam o “sagrado” dos outros chegaram a estipular que se pode rir dos “opressores”, mas não dos “oprimidos” – que nada mais são do que o “sagrado” para esses militantes. “Essa suposta bondade em favor dos fracos é parente da lógica do terror”, escreveu Reinaldo na Folha. “Ou não é verdade que o terrorista reivindica o lugar do humilhado e diz reagir à agressão do mais forte? Foi a justificativa dada por Amedy Coulibaly, que invadiu um supermercado kosher em Paris e matou quatro pessoas.”

Repito o que Henry Ward Beecher dizia: “Uma pessoa sem senso de humor é como uma carroça sem molas – sacudida por cada seixo na estrada.” O politicamente correto tenta tirar as molas de todo mundo e entregar outros seixos (pedrinhas) na mão dizendo: atire em quem te sacudir!

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Resta evidente o parentesco – a fraternidade, eu diria – com o islamismo radical, que diz:

– Degole, massacre, aniquile.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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