Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Felipe Moura Brasil Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
Continua após publicidade

‘Ah, então o discurso de Temer foi pura malandragem?’

Blog responde à questão, distinguindo as nuances do caso

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 30 jul 2020, 21h02 - Publicado em 13 fev 2017, 20h32

Uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) demora em média um ano e meio para ser aceita, segundo Marcelo Cosme, da Globonews.

Isto significa que, se Moreira Franco for denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ele poderá se tornar réu só no fim do mandato de Michel Temer (ou seja: no fim de 2018) ou mesmo após o encerramento do atual governo (de janeiro de 2019 em diante).

Temer prometeu afastar provisoriamente ministros denunciados, ciente de que uma vez licenciados eles mantêm não apenas o recebimento de salário, mas também o foro privilegiado no STF, que lhes garante mais tempo (do que na primeira instância) entre a denúncia e seu recebimento pela Justiça.

Seguindo a lógica da promessa de Temer, somente após o recebimento da denúncia pelo STF é que Moreira seria afastado em definitivo, quando então perderia o foro privilegiado e cairia para a primeira instância, para a qual seria transferido o respectivo processo.

Se a eventual denúncia for recebida até o fim do mandato de Temer, ele próprio afastará Moreira. Senão, caberá ao STF decidir após o encerramento do governo se a eventual denúncia cairá para a primeira instância ou se permanecerá na Corte por alguma outra razão supostamente técnica.

“Ah, então o discurso de Temer foi pura malandragem?”

Malandragem, sim, mas não exatamente pura.

Por mais que o povo possa e até deva protestar contra a presença de suspeitos de corrupção em postos de comando, manter ministros apenas citados em delações, afastá-los provisoriamente quando denunciados e definitivamente quando virarem réus é uma linha de conduta minimamente defensável do ponto de vista moral, condizente com o princípio da presunção de inocência e com a crescente desconfiança em relação a ele à medida que o processo avança.

Menos moralmente defensável, no entanto, é a concessão de foro privilegiado para qualquer político já citado em delação, como foi o caso de Moreira, nomeado três dias após a homologação das delações da Odebrecht.

Ainda que Celso de Mello possa vir a manter a nomeação, fazendo vista grossa ao desvio de finalidade com qualquer argumento técnico como a não validade jurídica da informação vazada pela imprensa sobre a citação de Moreira, a imoralidade da indicação de Temer é evidente.

Por um lado, a linha de corte prometida busca encobrir esta imoralidade, amenizar o desgaste decorrente dela, influenciar Mello e render mais tempo pelo menos a Moreira (ainda que Edson Fachin tenha começado a imprimir um ritmo mais acelerado ao STF e caiba a Rodrigo Janot fazer o mesmo na PGR); mas, por outro lado, ao fazê-lo, Temer também estabelece um limite para a permanência de investigados no governo, o que não havia nas gestões de Lula e Dilma, como apontei no post anterior.

Continua após a publicidade

Em escala federal, o máximo que se atinge na política brasileira tem sido isso: uma malandragem embutida em algo de bom.

Ou em palavras mais categóricas e opositoras, para quem preferir: nada há de bom nos governos federais que não traga alguma malandragem embutida.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

Siga no Twitter, no Facebook e na Fan Page.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.