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Por João Batista Oliveira
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Prêmio Nobel e o financiamento da ciência brasileira

Na ciência, o que gera qualidade é, principalmente, a qualidade concentrada em alguns centros de pesquisa e estimulada pela competição entre os melhores.

Por João Batista Oliveira
Atualizado em 13 out 2017, 23h41 - Publicado em 13 out 2017, 13h57

A forte crise fiscal do país afetou o financiamento da Ciência e Tecnologia a ponto de levar um grupo de ganhadores do Prêmio Nobel instar o governo brasileiro a cuidar da questão. É fácil obter consenso em torno de pedir recursos para qualquer coisa, desde que isso não signifique colocar a mão no próprio bolso. É difícil não apoiar causas que advogam mais dinheiro para a saúde, educação ou para a ciência. A proximidade das eleições presidenciais e a esperança de que surja uma nova visão sobre o papel do estado sugerem algumas reflexões sobre possíveis alternativas para aumentar os recursos para o setor. Mas o primeiro passo consiste em entender as fontes de distorção que geram desperdício.

O financiamento da Ciência e Tecnologia no Brasil é centrado nas universidades. E temos um modelo de ensino superior que consagra o modelo do ensino-pesquisa-extensão. Herdado do século XIX, esse modelo já se esgotou há muito tempo e gera um enorme desperdício de recursos e talentos – desperdício que afeta não apenas as universidades, mas todo o ensino superior, público e privado. A revisão desse modelo e o estímulo à diversificação de instituições reduziriam os custos do ensino superior e liberariam vultosos recursos para a pesquisa.

Outra distorção, associada ao modelo acima, é que quase todos recursos públicos para a pesquisa são canalizados via universidades, e não para centros de pesquisa especializados e, muito menos, por meio de financiamento empresarial. Isso tem fortes reflexos no tipo de pesquisa desenvolvida no país, no baixo número de patentes e na modesta contribuição de nossos cientistas para o desenvolvimento econômico.

A terceira distorção refere-se ao nosso isolacionismo – além de não ser atrativo para atrair bons alunos estrangeiros, o Brasil cria enormes barreiras para atrair professores e pesquisadores estrangeiros. Isso contribui para a quarta distorção, que é o exacerbado corporativismo que acaba reduzindo o nível de qualidade das pesquisas em muitas áreas e as nivelando por baixo.

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No mundo da pesquisa, quantidade não gera qualidade. O que gera qualidade é a qualidade, especialmente a que está concentrada em alguns centros de pesquisa e é estimulada pela cooperação e competição entre os melhores. Os exames do Pisa revelam que os estudantes pertencentes às nossas elites, ao final do ensino médio, encontram-se em um patamar muito inferior aos dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, e é dentre eles que se recrutam os futuros cérebros pensantes e pesquisadores. Temos um inchaço na área do ensino superior que pouco contribui para melhorar a qualidade e drena recursos que poderiam ser canalizados, mediante critérios mais rigorosos, para os indivíduos e grupos cientificamente mais fortes e mais produtivos.

 

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