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Por João Batista Oliveira
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Os professores e o futuro da educação brasileira

Se o país quiser ter um corpo docente de alta qualidade, precisa criar mecanismos para atrair jovens qualificados entre os 30% melhores de sua geração.

Por João Batista Oliveira 26 out 2017, 15h07

Recentemente, em virtude da comemoração do Dia dos Professores, foram divulgados dados sobre os cursos de pedagogia no país e mais um programa do governo federal, desta vez anunciando a “residência pedagógica”. Na ocasião, também não faltaram as habituais denúncias sobre as perspectivas salariais dos professores. Mas não se tocou na questão de fundo, que interessa aos alunos, aos pais e à nação: quem queremos como professores nas escolas?

A situação dos cursos de pedagogia é terminal: esses cursos tipicamente atraem pessoas situadas no nível mais baixo de notas no ENEM. Mesmo que os currículos dos cursos de pedagogia fossem adequados – o que não é o caso –, não haveria muito o que fazer. A situação dos cursos de licenciatura não é muito diferente quanto ao recrutamento dos alunos. E os currículos também estão longe do que seria adequado.

A ideia de uma “residência pedagógica” é mais um desses “programas’ que o MEC lança, sem qualquer chance de sucesso. A começar pela inexistência de um plantel de mentores e de locais adequados para o exercício das boas práticas. A iniciativa pode ser catalogada na lista de factoides.

Mas o que fazer para assegurar bons professores nas escolas? Antes de avançar, é preciso fazer algumas contas.

Nas próximas décadas, teremos cerca de 2.000.000 de crianças de cada faixa etária nas escolas públicas. Se em média houver 20 crianças por classe, e se em média um professor lecionar o número de aulas de cada classe, precisaríamos de 100.000 professores para cada série, da pré-escola ao ensino médio, ou seja, 1,4 milhão de professores. Hoje temos mais de 2,2 milhões, muitos deles com carga horária dobrada.

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Mais uma continha, antes de continuar: se em média os professores trabalham 30 anos, a reposição anual seria de aproximadamente 3% do plantel, ou seja, 50.000 professores por ano. Hoje se formam cerca de 125 mil pessoas anualmente apenas nos cursos de pedagogia – muita quantidade, pouca qualidade.

Se o país quiser ter e manter um corpo docente de alta qualidade, precisa mudar a forma de pensar e de agir. De um lado, precisa estabelecer mecanismos para atrair jovens qualificados entre os 30% melhores de sua geração e mantê-los pelo menos durante alguns anos na carreira. Um aviso para quem chegou à Terra agora: a ideia de que as pessoas vão iniciar e se aposentar na mesma carreira já morreu há décadas.

Quanto à formação de professores, há diferentes estratégias – esta é uma questão de fácil solução, desde que a legislação não atrapalhe, como ocorre no Brasil. Um primeiro passo é que os concursos para professor sinalizem, de forma adequada e rigorosa, o que eles devem saber. As faculdades irão se ajustar. Já o estágio probatório ou residência são questões que requerem a existência de boas escolas e excelentes mentores – não se faz com arrufos e arroubos.

Em poucas palavras: o modelo de escola tal como o conhecemos, para ter qualidade, requer professores com uma boa base e uma formação adequada. O Brasil ainda não decidiu enfrentar a questão – prefere a retórica vazia da “qualificação dos professores” e dos remendos usuais.  Até que surjam lideranças capazes de apontar novos rumos, continuaremos amassando o pé no barro.

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