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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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O que James Heckman não sabe

Heckman não sabe que o país está prestes a aprovar um currículo para a educação infantil e para a alfabetização que ignora as evidências científicas.

Apresentado por Atualizado em 24 set 2017, 23h49 - Publicado em 24 set 2017, 23h46

James J. Heckman, Prêmio Nobel em Economia, encontra-se novamente no Brasil e teve uma brilhante entrevista publicada nas Páginas Amarelas da revista Veja desta semana. Nesta segunda-feira, 25 de setembro, faz, em São Paulo, uma apresentação sobre “Os Desafios da Primeira Infância”.

Mas há coisas importantes sobre o Brasil que possivelmente ele não sabe, e sobre as quais, como convidado, dificilmente poderia opinar. Mas, se o fizesse, certamente sua contribuição para nós poderia ser ainda maior do que o que vem fazendo com sua persistente, sólida e necessária pregação sobre a importância de investimentos adequados na Primeira Infância.

Heckman possivelmente não sabe que o país está prestes a aprovar um currículo para a educação infantil e para a alfabetização que ignora solenemente a evolução das Ciências do Desenvolvimento Humano e as evidências científicas sobre o que deveria constar em um documento desta importância.

Heckman possivelmente não sabe que as recomendações do Relatório do Grupo de Trabalho sobre Educação Infantil, convocado pela Academia Brasileira de Ciências em 2010/2011, do qual ele participou, continua sendo totalmente ignorado pelas autoridades e pela parcela da comunidade acadêmica que monopoliza a discussão sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

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Possivelmente também jamais leu qualquer publicação científica dos autores responsáveis pelos documentos da Base – por razões que talvez sejam óbvias.

E também é possível que Heckman não saiba que o Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Educação – que certamente enviarão representantes para ouvi-lo e aplaudi-lo – não se dispõem a abrir qualquer espaço para um debate cientificamente fundamentado sobre as propostas em curso.

A entrevista de Heckman para a Revista Veja confirma o que ele defende há décadas com base em evidências cada vez mais robustas. O que é necessário, sobretudo em países em desenvolvimento como o Brasil? Priorizar os investimentos na Primeira Infância; ter, nos municípios, políticas diferenciadas – as intervenções devem ser cientificamente fundamentadas e implementadas com pessoal qualificado; ter um currículo de pré-escola que assegure a prontidão escolar das crianças, especialmente as mais vulneráveis; e garantir que os investimentos em educação infantil sejam continuados com intervenções bem estruturadas – e não com currículos aguados, como esse que se propõe na BNCC para a alfabetização das crianças.

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O trabalho de James Heckman mudou a forma de se pesquisar e se pensar a respeito de investimentos em capital humano. Tem repercutido tanto na área da pesquisa científica quanto nas políticas de muitos países – no mínimo, tem servido de alerta e de bandeira.

Mas é preciso aproveitar uma oportunidade como esta não apenas para ouvir e celebrar tão ilustre cientista – é preciso levar a sério o que ele está dizendo e entender em profundidade que política de primeira infância não é brincadeira de criança.

No Brasil, cultuamos o hábito de construir e destruir ídolos – ficamos fascinados pelo brilho dos mesmos. E nos esquecemos de olhar para onde eles apontam e trilhar os árduos, porém frutíferos, caminhos da educação baseada em evidências.

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