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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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O que diz a Avaliação Nacional da Alfabetização feita pelo MEC

Como o próprio MEC reconhece, estamos diante de uma catástrofe. O que o MEC não diz é que essa catástrofe é fruto das políticas do governo.

Por João Batista Oliveira Atualizado em 30 jul 2020, 20h42 - Publicado em 30 out 2017, 18h13

A ANA – Avaliação Nacional da Alfabetização, cujos resultados foram divulgados no dia 25 de outubro, registra mais um capítulo da crônica de uma morte anunciada: continuamos muito mal, com mais de 34 e 54% dos alunos não atingindo o suficiente em Escrita e Leitura, respectivamente. Em 17 estados, menos de 10% atingem o nível considerado desejável. Como o próprio MEC reconhece, estamos diante de uma catástrofe. O que o MEC não diz é que essa catástrofe é fruto das políticas do governo.

Apenas dois estados – Minas Gerais e Ceará – demonstram um desempenho pouco superior ao que seria de se esperar com base no seu nível socioeconômico, fato que já vem ocorrendo há mais de uma década. E dois outros, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, estão na situação oposta.

Há um complicador adicional: a avaliação foi feita com crianças ao final do terceiro ano. Se estamos falando de alfabetização, ela deveria ser feita ao final do primeiro ano. Imagine o leitor como seriam os resultados do teste se aplicado na idade adequada, ou seja, ao final do primeiro ano?

Mas o pior ainda está por vir. Diante da catástrofe, o MEC apresenta propostas que, com base nas evidências e na experiência anterior, têm tudo para fracassar. A nova política proposta não leva em conta as evidências sobre o que é alfabetizar, como fazê-lo e como avaliar o resultado disso. Não leva em conta as experiências exitosas devidamente documentadas. Não leva em conta o retumbante fracasso do bilionário programa Mais Educação e do Alfabetização da Idade Certa – que, na verdade, é na idade errada.

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Tudo isso é muito lamentável. Aproveito a oportunidade apenas para registrar o prejuízo que políticas públicas equivocadas causam ao país e às pessoas. Aprender a ler e escrever no primeiro ano é fundamental para que o aluno possa desenvolver fluência de leitura a partir do segundo ano e avançar no domínio da ortografia e pontuação. Os padrões internacionais sobre esses dois quesitos são muito mais rigorosos do que os aplicados na ANA. Quanto mais isso fica atrasado, pior será a trajetória escolar do aluno.

É compreensível que o pensamento pedagógico que predomina no Brasil seja equivocado e atrasado em relação à evolução do conhecimento científico – tendo em vista o que vem acontecendo com nossas universidades, especialmente as públicas. Mas é inadmissível que o MEC se deixe dominar por essa ideologia e despreze a ciência e as evidências que elas proporcionam. Afinal, se o método científico e suas conclusões não importam, para que financiar a pesquisa?

Apenas para ilustrar uma ponta desses desacertos: o leitor sagaz deve ter percebido a inconsistência entre um resultado melhor em escrita do que em leitura. Isso contraria o que é de se esperar – e reflete problemas no próprio teste que, por sua vez, decorrem da negação das evidências científicas sobre alfabetização. As crianças, especialmente das escolas públicas, pagam o preço do obscurantismo patrocinado com verbas federais.

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