Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Educação em evidência Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO

Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
Continua após publicidade

Na escola e na vida: a desvantagem de ser negro no Brasil

A maioria das crianças negras no Brasil nasce em condições desfavoráveis ao desenvolvimento e estão sujeitas a inúmeros fatores de risco.

Por João Batista Oliveira
Atualizado em 20 nov 2017, 11h20 - Publicado em 20 nov 2017, 11h17

Qualquer comparação relacionada a sucesso escolar ou econômico colocará a maioria das pessoas de cor negra no Brasil em desvantagem. Isso nada tem a ver com a genética ou com a cor. Tem a ver com a história, a economia e a sociedade.

Antes de nascer, e nos primeiros anos de vida, há fatores que promovem e fatores que colocam em risco o desenvolvimento das crianças. Os fatores de risco estão associados à falta de segurança física (abuso, negligência, violência doméstica), instabilidade familiar (relações instáveis, mobilidade residencial, saúde mental, drogas, criminalidade) e às diversas manifestações da pobreza tais como insegurança alimentar, problema habitacional, falta de espaço, desemprego e baixa escolaridade.

Os fatores de risco comprometem o desenvolvimento cognitivo e as chamadas habilidades de controle executivo como atenção, memória e controle emocional. As evidências científicas mostram que a quantidade de fatores de risco a que uma criança é exposta é mais importante do que o tipo de fator. Também mostram que a pobreza está fortemente associada aos demais fatores, e que uma criança exposta a mais de três desses fatores dificilmente sai ilesa.

A maioria das crianças negras nasce nessas condições e estão sujeitas a inúmeros fatores de risco. Para piorar, elas também enfrentam preconceitos na sociedade e na escola, onde frequentemente são vítimas de expectativas mais baixas dos professores. Quase sempre estudam em escolas em que os efeitos dos pares são negativos e que não lhes proporcionam um ambiente com disciplina favorável ao desempenho escolar. Ações afirmativas como as cotas para o ensino superior fazem sentido, mas não arranham a superfície do problema e correm o risco de desviar o foco das discussões.

Continua após a publicidade

De tudo que se pode fazer para reverter esse quadro, há três elementos essenciais. Primeiro, a melhor política social é uma política econômica que gere emprego, prosperidade e elimine a pobreza. Segundo, políticas compensatórias poderão ter algum impacto, inclusive na questão racial, se começarem desde cedo, com foco na redução dos fatores de risco e na promoção dos fatores que promovam o desenvolvimento. Terceiro, o preconceito racial precisa ser denunciado, combatido e substituído pela aceitação e promoção da igualdade. E a educação, seja na família ou na escola, tem um papel fundamental nesse sentido.

Todos esses fatores dependem de cada um de nós: dos governantes que escolhemos e das políticas econômicas que eles adotam; das causas em que atuamos ou patrocinamos; e, sobretudo, da nossa atitude e de nossas práticas em relação às pessoas cuja cor da pele difere da nossa.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

O Brasil está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.