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Por que ficar, ficar por quê?

A rigor o país não precisa de presidente denunciado para avançar

Por Dora Kramer Atualizado em 6 jul 2017, 19h21 - Publicado em 6 jul 2017, 13h45

Deputado desprovido de quantidade significativa de eleitores, frequentador assíduo dos últimos lugares nas listas de votação em São Paulo, mas sempre eleito, Michel Temer era um homem de sorte. Na condição de vice-presidente de Dilma Rousseff por duas vezes, na última delas estava no lugar certo na hora certa.

Em 7 de março último, no entanto, a boa ventura o abandonou: era o homem errado na hora mais inapropriada possível ao receber o empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu mediante dribles na segurança e na transparência, quesitos indispensáveis ao exercício do cargo herdado da titular da chapa eleita em 2010 e reeleita em 2014.

Ocorre que a sorte da gente é a gente que faz, ensina Paulinho da Viola em Novos Rumos, cuja letra remete à circunstância de que o azar também é obra de escolhas pessoais. Michel Temer escolheu dar sorte para o azar. Fez isso várias vezes. Quando imaginou que seu governo-tampão seguiria os ditames de calmaria do pós-impeachment de Fernando Collor, quando desconsiderou a conveniência de aplicar a todo o ministério os mesmos critérios adotados na formação da equipe econômica, quando insistiu nas práticas da velha política numa sociedade que clama por novos moldes e, agora, quando se mostra disposto a fazer qualquer negócio para se manter no cargo.

Temer se agarra a um poder esgarçado tentando vender ilusões com pronunciamentos eivados ora de imprecisões, ora de mentiras. Vale dizer, desmentidas em esmiuçadas análises ponto a ponto num excelente serviço prestado pela imprensa, que, aliás, deveria ter feito o mesmo com os discursos trapaceiros dos antecessores Lula e Dilma.

A manobra mais astuciosa do jogo de aparências patrocinado pelo governo é aquela segundo a qual, se está ruim com Michel Temer, pior ficaria sem ele. É de perguntar para quem além do próprio e de seus confluentes. No plano internacional já se viu que Temer não encontra abrigo. Os chefes de Estado não incluem Brasília no roteiro de viagens e, quando é o presidente a viajar, viu-se nessa última incursão pelo mundo que o vexame imprime sérios riscos de se tornar serventia da casa.

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Na economia a tese é desmentida pela relativa calmaria dos indicadores, notadamente bolsa e cotação do dólar, no período crítico depois da divulgação da conversa com o dublê de “bandido” e “maior produtor de proteína animal do país, se não do mundo”, para usar definições do presidente. O avalista, no caso, não é o presidente, mas o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e companhia.

Na política, ora, por quem sois, a presença de Temer é o fator de instabilidade. Substituí-lo pelo presidente da Câmara e depois por um eleito pelo Congresso seria trocar seis por meia dúzia até 2018, não fosse Michel Temer protagonista de uma acusação de corrupção passiva, visto pela Polícia Federal como candidato a processos por obstrução da Justiça e participação em organização criminosa.

Para avançar, o Brasil precisa de várias coisas, mas não precisa de um presidente denunciado na chefia da nação. 

Publicado em VEJA de 5 de julho de 2017, edição nº 2537

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