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A canoa virou

A destituição de Tasso Jereissati confirma o acerto do dito segundo o qual quando o fato cria pernas, as pessoas perdem a cabeça.

Por Dora Kramer 10 nov 2017, 15h29

A cada novo lance, o espetáculo do enfraquecimento patrocinado pelo PSDB dá mais razão ao dito: quando o fato cria pernas, as pessoas perdem a cabeça.  Não há que se falar em cabeças brancas, pretas e muito menos coroadas no partido, onde hoje há apenas cabeças perdidas. A começar por aquela residente sobre o pescoço (a prêmio) do senador Aécio Neves, cuja decisão de destituir o senador Tasso Jereissati do exercício da presidência do PSDB dá a medida do desespero de um político em queda livre que se agarra a um resquício de poder como quem se agarra a galhos frágeis na trajetória do abismo. Saudado ao longo da carreira como legítimo herdeiro das matreirices do avô Tancredo, bom arquiteto de alianças, exímio construtor de consensos,  implacável na operação do espeto cravado junto com sorrisos distribuídos a adversários, o personagem não resistiu aos efeitos do pânico e deixou cair o pano.

Desde o início do processo de extremo desgaste provocado pela gravação em que pede dinheiro a Joesley Batista, Aécio vem se destacando no seguinte aspecto: a submissão do interesse do partido a seus propósitos individuais. Ao líder é indispensável ter perfeita noção do conjunto e, ainda que seja pessoalmente mesquinho, profissionalmente precisa evitar a todo custo o exercício público da mesquinhez. O senador mineiro inverteu os fatores: dele não se ouviu palavra de solidariedade à irmã Andrea quando foi presa, da mesma forma como dele não partiu gesto algum de grandeza que preservasse o partido que presidia de se contaminar com seus males. Ao contrário: exigiu solidariedade, usou de sua influência para articular um acerto de salvação mútua com o presidente Michel Temer e se manteve oficialmente no comando da legenda.

A alegação de que seria um comando meramente formal até a realização de nova eleição para a presidência do partido foi desmentida na quinta-feira (9) quando reassumiu os poderes do cargo e afastou Tasso. Para quê, objetivamente? Para nada, a não ser demonstrar força e criar um fato barulhento capaz de pôr em segundo plano na cena o crescimento do apoio à proposta de saída do governo e o desdém que este mesmo governo (presidente Temer à frente) manifestava em relação à permanência dos tucanos. Fez um barulhão, não ganhou nada a não ser críticas e mais desgaste junto ao público e ainda deu combustível ao transbordamento da briga interna para a área externa.

Aécio Neves é responsável pelos males que assolam o PSDB? Claro que não, até porque eles vêm de longe. Mas, sem dúvida, na condição de presidente do partido atuou como desagregador. Isso na tentativa de agregar todos em torno de si. A canoa tucana que já adernava, virou de vez. E virou por culpa de Aécio que não soube remar.

 

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