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Festa de aniversário

Os ingleses festejam os 180 anos do clássico Worcestershire Sauce, que vende 25 milhões de garrafinhas por ano em 140 países

Por J.A. Dias Lopes Atualizado em 30 jul 2020, 20h40 - Publicado em 20 nov 2017, 11h43

Às vésperas de regressar à Inglaterra, no início do século XIX, depois de ter sido governador de Bengala, na Índia, na época controlada pelo Império Britânico, Lord Sandys, o 3º Barão de Sandys, convenceu seu cozinheiro a revelar-lhe a receita secreta do molho que tanto apreciava à mesa. Depois, mandou comprar um estoque dos seus ingredientes e os colocou na bagagem. A história tem versões divergentes, como  por exemplo atribuir o feito ao 2º Barão de Sandys, antecessor de Lord Sandys, mas isso não vem ao caso.

Em 1835, chegando a Worcester, cidade do condado de Worcestershire na qual nascera, o ex-governador de Bengala procurou os droguistas John Wheeley Lea e William Perrins, craques em manipulações químico-farmacêuticas. Entregou-lhes a coleção de ingredientes e passou informações para recriarem a receita, pois ela se extraviara na viagem, e encomendou alguns litros do molho. Os drogueiros  o prepararam ao pé da letra e deixaram maturar. Meses depois, Lord Sandys voltou para prová-lo, achou-o horrível e desapareceu.

Os droguistas colocaram o barril com o molho rejeitado no fundo de um armazém e o esqueceram ali. Dois anos depois, resolveram prová-lo novamente. Para surpresa da dupla, o molho se convertera em saboroso condimento picante, que passaram a comercializar em escala. Isso aconteceu em 1837, portanto há 120 anos. Não é todo o molho que sobrevive tanto tempo com a mesma fórmula – e por isso os ingleses festejam em 2017 o centésimo vigésimo aniversário do Worcestershire Sauce, literamente molho da região de Worcester, ou simplesmente molho inglês.

Rótulo de garrafinhas antigas: já foram encontradas até em destroços de navio
Rótulo de garrafinhas antigas: já foram encontradas até em destroços de navio (Foto/Reprodução)

A receita permaneceu secreta. Em 2009, porém, Brian Keogh, um ex-funcionário da Lea & Perrins, garantiu ter descoberto no velho arquivo da empresa anotações do século XIX com os ingredientes do molho. Seriam alho, sal, melaço, molho de soja, anchovas fermentadas, vinagre de malte e de brandy, essência de limão, pimenta vermelha, pimenta-do-reino, essência de tamarindo, pepino e picles. A seguir, lançou o livro “The Secret Sauce – A History of Lea & Perrins”.

O molho inglês continua associado à marca Lea & Perrins, mas encontra sucedâneos em uma infinidade de países, inclusive no Brasil. Em nosso país, habitualmente o preparam com vinagre de álcool, açúcar mascavo, alho, cebola, cenoura, corante caramelo, extrato de carne, gengibre, molho de soja, pimenta vermelha, sal, salsa, salsão e condimentos. Tem as mesmas destinações do Worcestershire Sauce pioneiro. Tempera carnes em geral, especialmente frias, sopas, ensopados, caldos, feijões e recheios; torna picantes os fundos de cozimento; confere sabor aos molhos de tomate; e enriquece coquetéis como o Bloody Mary.

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Os especialistas associam o Worcestershire Sauce aos molhos de anchova fermentada originários da Ásia, lançados no mercado europeu a partir do século 17. Um deles é o dashi, elaborado com diferentes peixes, essencial nas cozinhas tailandesa, vietnamita e especialmente na japonesa, que o considera tão importante quanto o shoyu (molho de soja) e o missô (pasta de soja). O Worcestershire Sauce da Lea & Perrins, porém, atingiu rara unanimidade internacional.

Está presente em 140 países, nos quais vende 25 milhões de garrafinhas por ano no mundo. Convém  repetir: isso sem alterar fórmula, ao contrário da Coca-Cola, por exemplo, que se adapta às variações nacionais de gosto. Garrafinhas do Worcestershire Sauce da Lea & Perrins já foram encontradas em destroços de naufrágio; nas escavações da aldeia de Māori Te Wairoa, na Nova Zelândia, soterrada em 1886 pela lava do vulcão Tarawera; no lixo da cidade de Lhasa, no Tibete, sede do Dalai Lama.

Um dos bombardeios alemães contra a Inglaterra, na Segunda Guerra Mundial, destruiu o local onde eram impressos rótulos coloridos do Worcestershire Sauce, mas não as garrafinhas. Elas continuaram a acondicionar o molho. Etiquetas improvisadas, em preto e branco, explicavam aos consumidores: “Senhores, a empresa Lea & Perrins foi obrigada a usar este rótulo devido à destruição do estabelecimento de sua impressora pela ação inimiga”. Isso é o que se chama de fleuma britânica!

MOLHO INGLÊS CASEIRO

INGREDIENTES

  • 1 xícara (chá) de açúcar
  • 1 1/2 xícara (chá) de vinagre de álcool
  • 1/2 xícara (chá) de água
  • 1 pitada de pimenta-do-reino moída
  • 1 pimenta vermelha picada
  • 1 folha de louro
  • 1 pitada de noz-moscada ralada
  • 1 tablete de caldo de carne
  • 2 colheres (sopa) de extrato de tomate
  • 2 colheres (sopa) de azeite de oliva

PREPARO

1. Em uma caçarola, coloque o açúcar e deixe amarelar em fogo brando, mexendo e cuidando para não queimar. Junte os demais ingredientes, menos o azeite. Volte ao fogo brando, por uns 15 minutos. Retire do fogo e deixe repousar até o dia seguinte, com a panela tampada.

2. No dia seguinte, coe o preparado em uma peneira fina e misture o azeite. Coloque em vidros escaldados e tampe.

3. Guarde por uma semana em local escuro e seco. Após esse tempo, estará pronto para o consumo.

Rendimento: cerca de 450 ml.

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