Livro analisa parlamentos do mundo todo e traça paralelos entre tipos de regime e espaços
A Câmara dos Deputados brasileira é um dos 193 locais pesquisados pelo holandês XML
Qual a relação entre a política e os espaços onde se faz a política de fato? Desde 2010, o escritório holandês XML pesquisa a configuração física de parlamentos do mundo todo, traçando paralelos entre os regimes adotados por cada um deles e a configuração dos plenários. O resultado acaba de ser apresentado no livro Parliament (448 páginas, 30 dólares), a primeira comparação mundial do gênero já realizada.
No site do projeto, é possível fazer tours virtuais em 360 graus nos congressos e ter acesso às plantas e à organização dos espaços. A Câmara dos Deputados brasileira, projetada por Oscar Niemeyer em 1960, é um dos 193 parlamentos apresentados pelo projeto, que teve como critério de seleção os países membros da ONU.
É possível pesquisar pelo tipo de regime, período do edifício e configuração espacial, que basicamente varia entre círculo, semi círculo, ferradura, bancos contrapostos e sala de aula — como o brasileiro e o russo. Democráticas ou não, a maioria destas configurações foi inventada no século 19 e permanece da mesma forma até hoje, apesar de todas as transformações sociais recentes.
O XML se apresenta como uma agência de criatividade voltada a arquitetura, urbanismo e pesquisa. Busca refletir e provocar sobre a vida contemporânea, compreendendo as dinâmicas de cada espaço para estabelecer novas relações entre edifícios e sociedade. Os sócios, Max Cohen de Lara e David Mulder van der Vegt, fundaram o escritório em 2008 e hoje dirigem o curso de Design da Democracia do Instituto Sandberg, em Amsterdam.
Eles argumentam que, mais do que locais simbólicos, os plenários são também responsáveis pelo futuro de cada nação. Deixam, assim, a dúvida sobre até que ponto política e sociedade poderiam mudar se esses espaços fossem diferentes.
Por Mariana Barros
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