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Por Coluna
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Valentina de Botas: Trocando flecha por escudo; e outras notas

O demagogo arqueiro contra o foro privilegiado, quando deixar o cargo de procurador-geral, ocupará o de subprocurador para garantir o foro privilegiado

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h46 - Publicado em 1 set 2017, 17h33

Se perguntar ainda não ofende

Desde quando os 207 milhões de tudólogos brasileiros nos tornamos especialistas também em direito constitucional e sabemos quando um habeas corpus deve ser negado ou concedido (segundo a lei, aquela picuinha burguesa, não o “clamor da sociedade”)?

As pessoas que fizeram ato contra Gilmar Mendes e a favor da Lava Jato, lá no Rio de Janeiro, onde se enfiam sempre que o PSOL, PT, Lula e congêneres enxovalham o juiz Moro?

Por que o soviet do Leblon não se mobilizou quando Lewandowski e Dilma se encontraram, fora da agenda, em Portugal ou quando Marcio Thomas Bastos (ministro petista da Justiça) se movia (fora da agenda) entre o STF e a AGU numa hiperatividade anti-institucional que, conquanto discreta, era de todos conhecida?

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Quantos anos mais de petismo merece um país em que movimentos ditos liberais (mais ou menos de direita) acreditam nas intenções da micareta ideológica de artistas-e-intelectuais engajados na guerrilha político-sindical do MPF/PGR contra Gilmar Mendes cuja decisão indigna o soviet da zona sul carioca quando solta um Barata, mas não quando solta um José Dirceu?

Se o STF tem um Barroso, o legislador do PSOL-de-toga que assassina Montesquieu cotidianamente e que fraudou o regimento da Câmara para impedir o impeachment de Dilma; um Lewandowski que incinerou a Constituição para garantir os direitos políticos da presidenta mulher; um Toffoli que libertou Paulo Bernardo acusado de roubar só 100 milhões de aposentados; uma Cármen Lúcia sonhática madrinha de crisma da palhaçada Janoesley; uma Rosa Weber que não sabe a diferença entre alínea e inciso; um Marco Aurélio que mata a gente de susto a cada decisão; um Celso de Mello, determinante para aprovar os tais embargos infringentes e salvar José Dirceu da acusação de chefe de quadrilha; um Fachin para quem não há nada de mais em julgar o caso JBS depois de obter votos com a ajuda da empresa na sabatina do Senado para o STF; um Fux que suspendeu numa decisão monocrática uma sessão da Câmara depois de acontecida, excrecência fora do nosso ordenamento jurídico, e cuja liminar ilegal sustenta o vergonhoso auxílio-moradia para juízes e procuradores trabalhando onde residem – por qual critério Gilmar Mendes é pior que isso aí? Ele está no lugar certo, na época certa, no país em que a desinstitucionalização é outra miséria legada pelo regime que o soviet do Leblon celebra.

 

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País vocacionado para a cretinice

Única explicação para se discutir ou cogitar a popularidade ou impopularidade de um ministro de uma corte constitucional. Claro que se pode gostar ou não da decisão de um juiz ou ministro, mas preocupação com popularidade não deve determiná-la jamais.

 

Trocando flecha por escudo
Rodrigo Janot, o demagogo arqueiro militante contra o foro privilegiado, quando deixar o cargo de procurador-geral, ocupará o de subprocurador para garantir o foro privilegiado para si mesmo. Esse Gilmar Mendes… não, peraí…

 

Um ano sem Dilma explicando o quequié uma casa

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Com uma curiosa perspectiva entre o descrédito denso quanto aos políticos e o cuidadoso otimismo com a economia, em boa reportagem, a revista Exame desenha um panorama sobre os 12 meses da tão tardia quanto luminosa destituição de Dilma que desfaz a impressão de imobilismo do atual governo: queda da inflação, fim da recessão, reforma trabalhista, TLP (taxa de longo prazo do BNDES que diminuirá os custos do banco para a sociedade), reforma do ensino médio, desratização e consequente recuperação da Petrobras, anúncio de privatizações (#PrivatizaTudoTemer), recuo do desemprego. Lúcido, o texto de Valéria Bretas não descobre nenhum paraíso nas ruínas construídas pelo PT, somente informa objetivamente uma melhora concreta cuja percepção é bombardeada pela desconcertante má-fé da maioria dos (de)formadores de opinião, uma das razões por que – e isso é opinião minha, não de Valeria – o governo Temer alcança parcos 5% de aprovação (nos quais me incluo, reafirmo). Com os próprios defeitos, o governo atual não tem os do anterior e apresenta qualidades impossíveis naquele.

 

Impopularidade a salvo

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Os juízes do Acre terão de devolver aos cofres públicos, com juros e correção, valores recebidos desde que se concederam aumento de 40% nos salários por curso superior. Como a carreira os obriga a ter essa formação, o aumento –vejam só como é a natureza, diria Zé Trindade – contempla todos os magistrados. A decisão para ressarcir o contribuinte é de Gilmar Mendes. Repercutiu muito entre os juízes que, então, aderiram à guerrilha corporativista do MPF/PGR contra o ministro. Repercutiu pouco entre a chamada grande imprensa, muito menos do que as flores enviadas, em 2015, ao casal Guiomar e Gilmar Mendes, pelo Barata, agradecendo um habeas corpus que o ministro lhe concederia em 2017. Não, flores não são necessariamente coisa de gente íntima: há intimidade com ou sem flores e há flores com ou sem intimidade. Minha opinião leiga é que Mendes deveria ter se declarado impedido no caso Barata, mas insubmisso por temperamento e impermeável à intimidação do MPF-PGR, ele colabora para manter sua impopularidade a salvo. Contudo, isso é positivo num debate intoxicado pela indignação tutelada, pela militância de justiceiros demagogo-ideológicos e pela revolta automática ao alcance de um clique que substitui a reflexão e o olhar mais amplo.

 

Ofenda a mim, não ofenda a ele

Os leitores que discordarem destas notas e crerem na eficácia argumentativa da ofensa e na estética da intolerância para expressar divergência, lembrem-se somente de que eu as escrevi, e não o titular da coluna; vocês as leram aqui porque Augusto Nunes é um democrata, alguém que não gritaria para calar um adversário, mas gritaria para que seu adversário tivesse o direito de falar; cultiva o convívio dos contrários e, otimista, acha que o Brasil pode redescobrir o que é isso. Então, as eventuais ofensas devem ser dirigidas a mim, não a ele.

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