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Por Coluna
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Valentina de Botas: Lavar sem reformar; e outras notas

Atacada de modo covarde e contínuo em duas horas de voo, Míriam Leitão responsabiliza, no seu artigo, mais a Avianca do que o PT

Por Augusto Nunes Atualizado em 15 jun 2017, 07h13 - Publicado em 15 jun 2017, 07h13

Democracia, como assim?

Miguel Reale Jr. decide sair do PSDB porque o partido resolveu manter o apoio ao governo Temer. O partido foi criticado como o seria se tivesse tomado outra decisão. Tem muita gente com coragem para bater em quem está apanhando. O jurista tomou uma atitude pessoal com todo o direito a fazê-lo, mas me pergunto se ele terá compreendido a excepcionalidade do momento em que o país tem 14 milhões de desempregados e mais 10 milhões em situação de precariedade empregatícia. São 24 milhões de famílias angustiadas e levantam-se ahs e ohs não a isso, mas à decisão do PSDB; até outro dia, partidos apoiarem um governo e outros se oporem era somente o exercício da democracia. A crise multiforme está posta, não cola o PSDB se pretender limpinho, pois também terá de se haver com as denúncias que o atingem e ainda o atingirão provavelmente; entretanto, se deixasse o governo, seria o coveiro de chance ainda viva para as reformas. Deixar o governo e manter o apoio às reformas não ajuda porque a retirada traduziria um progressivo isolamento do governo e isso o enfraquece para a própria sustentação das reformas; estas são o que mais importa para a nação exaurida e desencantada menos pela destruição do que não prestava, e mais porque os horizontes melancólicos já começam a desenhar a reconstrução do passado ao qual ela dissera adeus no impeachment referendado nas eleições municipais.

 

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Cría cuervos, y te sacaran los ojos

Os ataques a Míriam Leitão continuaram na nota de Gleisi Hoffmann. Nem sororidade nem empoderamento da mulher, a presidente do PT empodera o sacerdote primitivo e misógino que conclama mulheres do grelo duro enquanto leva para a cama da Secretaria da Presidência da República qualquer maria-panfleto; empodera o partido que faz lista negra de jornalistas independentes, um ódio que o Brasil só aprendeu com o doutrinador do nós x eles. Atacada de modo covarde e contínuo em duas horas de voo, Míriam Leitão responsabiliza, no seu artigo, mais a Avianca do que o PT. Sim, a companhia aérea foi omissa (por muito menos do que fez a horda petista passageiros são expulsos de aviões), mas a intolerância não é culpa dos seus funcionários e eles não podem proteger jornalistas em todas as situações de agressão à liberdade de imprensa e de pensamento: só o PT segura os cães que açula, não a Avianca. Receio que a jornalista “cria cuervos” ao aliviar ainda mais para o PT afirmando que os ataques não eram a posição do partido. A nota da feminista de gueto a desmente.

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Disfarçar-se de Lula

Deltan Dallagnol defende a prisão de Aécio Neves porque o senador tentou conseguir votos a favor do projeto que pune abuso de autoridade e contra as 10 medidas anticorrupção. Ainda não descobrimos o que a Lava Jato deixou de fazer em quase três anos de sucesso sem o decálogo fetiche, e o projeto contra abuso de autoridade é polêmico. Mas o crime de Aécio é pedir voto? Ah, mas é contra a LJ. Ainda assim, pedir votos é inerente à atividade parlamentar não importa para quê. Ah, mas Aécio foi gravado combinando com Gilmar Mendes uma conversa com o senador Flexa Ribeiro para lhe explicar a lei e a estratégia da bancada. Juízes ou ministros de cortes superiores não deveriam se meter nos assuntos legislativos porque isso é uma promiscuidade, não um crime. Quando Janot e Dallagnol querem prender Aécio por ser senador o acusando de obstrução à Justiça (não me refiro a provas existentes ou futuras contra Aécio, mas somente ao teor do pedido de prisão), entende-se ainda menos por que Lula e Dilma continuam soltos depois de não apenas querer ou falar em obstruir a Justiça, mas concretizarem a coisa com a nomeação do criador pela criatura para a Casa Civil. Dallagnol diz que a prisão do senador protegerá a sociedade. Com o chefe da organização criminosa (segundo o próprio MPF) livre para destruir provas, erigir a saga do perseguido e comandar a sucessão de Temer mesmo depois de tantas delações e de se tornar réus seis vezes, e estando preso o senador desbocado, a sociedade não estará protegida da escabrosa impunidade seletiva. Corajoso contra quem não é Lula, o procurador prendeu o jeca num power-point e entoa a oração diária “os-políticos-querem-acabar-com-LJ”, camuflando o erro estratégico. Provavelmente querem. Todavia, querer não é crime, por mais palavrões que Aécio sussurre. O senador desonrou 52 milhões de votos antipetistas e morre politicamente; para não ser preso só lhe resta abolir o plural, deixar a barba crescer, fazer três comícios por dia, atracar-se a uma garrafa de single malt e amputar o mindinho da mão direita.

 

Na Rede, pelo lado de fora

A voz mais grossa na defesa de Dilma Rousseff no processo de impeachment se fez ouvir quando Randolfe Rodrigues (Rede-AP) deixou José Eduardo Cardozo se entendendo com Tomás Turbando e apresentou o fatiamento do julgamento que manteria os direitos políticos da ex-presidente. É a Rede pelo lado de dentro. Promovido à reserva moral da nação por certo jornalismo tabloide e alguns jornalistas um dia lúcidos, Randolfe quer que Temer seja investigado pela suspeita de ter solicitado à Abin espionar Edson Fachin. É preciso blindar o ministro, não é mesmo? A narrativa é fraca e de difícil comprovação, mas que se investigue, claro, uma acusação dessas é extremamente grave. Defendendo a Justiça, a lei e o Estado de Direito, Randolfe passa a impressão de arrependimento por ter fraturado a Justiça e o Estado de Direito quando incinerou a Constituição para ajudar Dilma. Aí, a gente o vê, num sarau com Caetano Veloso, fraturar a verdade sobre a sucessão de Janot, atribuindo a continuidade da Lava Jato a essa figura destrutiva, e denunciar que o governo “asfixia financeiramente a Polícia Federal” para impedir investigações. Para o bem do país, a LJ é maior do que Janot que, nas palavras certeiras de Augusto Nunes, é uma caricatura da operação. A LJ também é maior do que Temer e a “asfixia da PF” é a mesma de todos os setores do governo submetidos ao teto de gastos aprovado no Congresso sem o voto da Rede. É a Rede pelo lado de fora.

 

Lavar sem reformar

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Até aqui, apesar das tentativas anunciadas de se barrar a Lava Jato e dos erros da própria operação, não parece que alguém ou alguma coisa conseguirá deter as investigações. Celebremos. Mas não esqueçamos que lavar sem reformar pode anular os resultados da LJ e que a discussão primordial para o nosso futuro continua silenciada: o Estado gigante, ineficiente e corrupto, depois da LJ e sem reformas, continuará gigante e ineficiente. Ou seja, pronto para corromper e ser corrompido.

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