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Valentina de Botas: Dilma é muito boa nessa coisa de ser Dilma

“Então, aqui que era o mundo?, ela gaguejou”. Acontecimentos quase banais rompem ou conectam algo dentro das personagens de Clarice Lispector, revelando-lhes o mundo e elas próprias, ou um outro sentido deles, sempre mais verdadeiro. Surpresas, chocadas, até eventualmente mais infelizes, mas sempre transformadas em donas de algo que suas almas apenas tateavam.

Por Da Redação Atualizado em 30 jul 2020, 23h18 - Publicado em 12 mar 2016, 20h34

“Então, aqui que era o mundo?, ela gaguejou”. Acontecimentos quase banais rompem ou conectam algo dentro das personagens de Clarice Lispector, revelando-lhes o mundo e elas próprias, ou um outro sentido deles, sempre mais verdadeiro. Surpresas, chocadas, até eventualmente mais infelizes, mas sempre transformadas em donas de algo que suas almas apenas tateavam.

De verdade mesmo, talvez ninguém quer encarar a verdade. Só que ela não se importa com nossos queres. Dilma é muito boa nessa coisa de ser Dilma, coube a ela ser ela mesma no assombro de passar por experiências que se repetem – a série de gafes, de mentiras e paspalhices cotidianas, de vigarices como método na farsa que se exauriu – sem se transformar.

Uma declaração desonesta após outra, um vexame político após outro, uma imoralidade definitiva após outra e eis Dilma tão Dilma quanto antes, a farsante de sempre. Em Brasília, na coletiva desta sexta-feira, ao proclamar “um orgulho muito grande em ter o presidente Lula no governo”, outro embate com as palavras e a verdade expõe a criatura medíocre ao fato irrevogável: jamais deveria ser presidente de um país, qualquer um, quem reafirma a intenção de homiziar no governo alguém denunciado pelo Ministério Público.

A presidente de névoas afirmou também que a sugestão de renúncia prova que não há base para o impeachment, numa rota acidentada de fuga da verdade que a levou a gaguejar; a mostrar que não conhece direito o impeachment de Collor, evento tão marcante da história recente do país, em que o ex-presidente renunciou sem conseguir evitar a destituição; a quase (se) renunciar e a se resignar com o “absoluto desrespeito à Constituição”.

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Ora, na posse como mandatária da nação, Dilma Rousseff não jurou se resignar ao descumprimento da lei maior, mas cumpri-la e defendê-la. Portanto, a presidente confessou mais um crime: a prevaricação. Em fala tão curta para tanto escândalo, a chefe do governo que já não há invocou de novo o passado de torturada pela ditadura, desrespeitando a si mesma na banalização de uma vivência como essa.

Além disso, alguém precisa dizer a Dilma que sofrer tortura não é currículo; que já sabemos que ela verga, mas não se envergonha; e que não, ela não foi torturada pelas convicções que tinha e tem, mas porque o Estado totalitário se deteriorara na ação à margem da lei, exatamente como o Estado chefiado por ela faz agora. Com as habituais rispidez e grosseria desse jeito dela meio estúpido de ser e de dizer coisas, quaisquer coisas, a governante de nada perguntou se tem cara de quem renunciaria.

Não sei. Olhando para a cara dela, vi certo abatimento e certa palidez, mas não a vergonha que uma presidente revelada no esplendor do gangsterismo de Estado deveria ter para demonstrar que não são fictícios a honradez que alardeia e o respeito ao povo brasileiro: resignar-se ao fato de que o Brasil renunciou à louca despótica que, alheada em imbecilidade e vigarice, não se transforma nem pela farsa nem pela verdade.

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