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Um passarinho na primeira classe

PUBLICADO EM 16 DE MAIO DE 2009 Corpo miúdo, pernas mirradas, braços muito magros estendidos como asas sem serventia, o passageiro que entrou na primeira classe do avião parecia um passarinho. Mas era gente, avisaram o blazer preto bem cortado, a camisa social azul-claro, a calça bege e os sapatos pretos de cromo alemão. Mas […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 17h38 - Publicado em 16 Maio 2009, 18h11

PUBLICADO EM 16 DE MAIO DE 2009

Corpo miúdo, pernas mirradas, braços muito magros estendidos como asas sem serventia, o passageiro que entrou na primeira classe do avião parecia um passarinho. Mas era gente, avisaram o blazer preto bem cortado, a camisa social azul-claro, a calça bege e os sapatos pretos de cromo alemão. Mas não gente como a gente, dei-me conta ao reconhecer a figura que acabara de subir a bordo. Era o chanceler Celso Amorim.

Na noite de 4 de setembro de 2005, dentro do avião estacionado no aeroporto em Paris, eu tinha lido num jornal que o ministro das Relações Exteriores estava em Bruxelas, não me lembro mais para quê. Deve ter chegado em cima da hora, imaginei pelo andar apressado e pela expressão de alívio do assessor que o escoltava. Foi direto para o banheiro com uma maleta. Saiu cinco minutos mais tarde enfiado num pijama cinza-chumbo, calçando chinelas pretas de vovô, com tapa-olho pendurado no pescoço e protetores de orelha na mão.

A comissária de bordo aproximou-se do passageiro acomodado na fileira da frente e murmurou as perguntas de praxe. Revistas? Jornais brasileiros do dia? Não, informou Amorim balançando horizontalmente a cabeça. Já examinara o cardápio do jantar? Sim, informou Amorim balançando perpendicularmente a cabeça. Preferia vinho ou champagne? “Quero um copo de leite”, enfim recuperou a voz o chanceler brasileiro. “E mais um cobertor”.

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Nenhum país merece, pensei na poltrona logo atrás. Amorim lembrava um pintassilgo com frio. E então tive de resistir bravamente à tentação que sempre assaltava Nelson Rodrigues quando topava com o cronista Carlinhos Oliveira, pequeno e franzino, nas ruas do Rio.

Quase perguntei a Celso Amorim se queria um pouco de alpiste.

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