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Roberto Pompeu de Toledo: Perdendo feio

Publicado na versão impressa de VEJA A crise do vírus zika, com epicentro no Brasil, internacionalizou-se na semana passada. O presidente Barack Obama reuniu funcionários da área da saúde e pediu urgência nas pesquisas sobre as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O governo dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outros países europeus […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 23h34 - Publicado em 6 fev 2016, 12h45

Publicado na versão impressa de VEJA

A crise do vírus zika, com epicentro no Brasil, internacionalizou-se na semana passada. O presidente Barack Obama reuniu funcionários da área da saúde e pediu urgência nas pesquisas sobre as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O governo dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outros países europeus alertaram seus cidadãos contra os riscos de viagens ao Brasil. Em reunião de emergência convocada pela Organização Mundial de Saúde, em Genebra, o representante da Organização Pan-Americana de Saúde, Marcos Espinal, previu uma expansão explosiva de pessoas infectadas nas Américas, chegando a 3 ou 4 milhões, 1,5 milhão das quais no Brasil. Nos meios políticos brasileiros, enquanto isso, crucificava-se o ministro da Saúde, Marcelo Castro, por ter declarado que estamos “perdendo feio” a guerra contra o Aedes aegypti. A máquina de moer ministros, com motor instalado no interior do Palácio do Planalto, entreviu aí uma oportunidade e pôs-se a espalhar que a presença de Castro no governo estava com os dias contados.

Não há razão para crer que Marcelo Castro seja um bom ministro. Pelo contrário, ele e todos os demais ministros do governo Dilma Rousseff são por definição ruins, dadas as motivações e circunstâncias de sua nomeação. Ocorre que, no caso, ele estava certo. “O vírus zika, por causa da microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré, provocou esse alvoroço e o desespero para a implantação de medidas que já deveriam ter sido tomadas há mais de vinte anos”, disse ao colunista o infectologista José Luís Baldy, professor aposentado da Universidade Estadual de Londrina. Nesse tempo todo, lembra o doutor Baldy, nunca se falou de medidas simples de prevenção, como repelentes ou mosquiteiros. Só se começa a falar nelas agora. “Depois dos 7 a 1, resolvemos mudar a estratégia.”

Curioso é que o Brasil já teve êxito em campanhas passadas contra o Aedes aegypti, no tempo em que o problema era a febre amarela, também transmitida pelo mosquito. Em 1955, ao final de um esforço articulado pela Organização Mundial de Saúde e pela Organização Pan-Americana de Saúde, cobrindo toda a América Latina, o mosquito foi declarado erradicado no país. No fim da década de 60 houve uma ressurgência. Desencadeou-se nova campanha e, em 1973, de novo o Aedes aegypti foi declarado erradicado. Nos anos 1980 ele ressurgiu ainda uma vez, em toda a sua glória, agora trazendo de presente a dengue, que desde então assola o país. Nota-se nesse vaivém um padrão característico da nacionalidade: esforço/vitória/relaxamento. Assim como no caso das obras públicas, manutenção não é o nosso forte.

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A Organização Mundial de Saúde programou para segunda-feira nova reunião, para decidir se é o caso de declarar uma “emergência internacional de saúde”, tal qual se fez no caso do vírus ebola, em 2014. A medida facultará à organização recomendar restrições de viagens e mobilizar mais recursos no combate ao problema. A internacionalização da crise tem o lado bom, para o Brasil, de abrir a perspectiva de ajuda vinda de fora. Não se espera nada de parecido com o que ocorreu nos anos 1920-1930, quando o governo brasileiro entregou à Fundação Rockefeller a exclusividade do combate ao Aedes aegypti nas regiões Norte e Nordeste, mas a colaboração em pesquisas e o compartilhamento de experiências podem nos ser benéficos. O lado mau é que a internacionalização joga mais pressão sobre o Brasil. Nossa seriedade e nossa competência estarão à prova, num jogo em que até agora, como bem assinalou o ministro, o placar nos é amplamente desfavorável.

Merece reprise, em benefício de quem não leu no Globo, o exercício do colunista Jorge Bastos Moreno para pôr na ordem correta a declaração de honestidade da alma viva Luiz Inácio Lula da Silva. Moreno inspirou-se no que fez Millôr Fernandes com uma frase de José Sarney, ao assumir a Presidência. “O destino não me trouxe de tão longe para ser o síndico da catástrofe”, dissera Sarney. Millôr reorganizou-a para: “A catástrofe não me trouxe de tão longe para ter o destino de síndico”. Lula agora disse: “Não há uma alma viva que seja mais honesta do que eu”. Moreno revirou-a para: “Não há alma honesta que seja mais viva do que eu”.

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