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Corrêa do Lago: O país ignora notáveis que não foram presidentes

O programa tratou, entre outros assuntos, da recém lançada fotobiografia de Oswaldo Aranha

Por Branca Nunes 8 ago 2017, 15h27

O convidado do Roda Viva desta segunda-feira foi o historiador de arte Pedro Corrêa do Lago. Mestre em economia, bibliófilo, colecionador, livreiro e editor, é autor de 20 livros sobre temas da cultura brasileira. Recentemente, lançou “Oswaldo Aranha – Uma Fotobiografia”, que retrata em textos e imagens o político gaúcho, morto em 1960. Confira trechos do programa:

“Oswaldo Aranha tinha obrigação de fidelidade ao Partido Republicano por ser o partido da família dele, mas sempre foi muito bom de costura política. Em 1930, conseguiu isso como nunca antes”.

“’O Brasil será grande com a nossa vontade, sem a nossa vontade e até contra a nossa vontade’ é uma das grandes frases de Oswaldo Aranha. Ele achava que tínhamos grande chance de dar certo, era um otimista. Apesar da crise que estamos passando hoje, concordo com ele”.

“Quem valorizou o legado do meu avô foram as próprias secretárias dele, já que naquela época não ficava claro o que era de domínio público e de domínio privado. Ele deixou um arquivo com 100 mil documentos e minha mãe preservou um acervo fotográfico excepcional. No caso do Oswaldo Aranha, a preservação é mérito de quem veio antes de mim”.

“Acho que Oswaldo Aranha ficou frustrado por não ter sido presidente do Brasil, mas alguns historiadores acreditam que também não houve empenho suficiente”.

“Tenho a impressão de que a relação entre Getúlio Vargas e Oswaldo Aranha era de respeito quase filial. A diferença de idade de 11 anos entre eles não era só de irmãos, era de gerações. Meu avô tinha um respeito até exagerado pelo Getúlio. Eles falavam mal um do outro, mas não aceitavam que ninguém falasse”.

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“Há um espaço pequeno na história do nosso país para os brasileiros notáveis que não foram presidentes. Nem o Ulisses Guimarães tem seus feitos tratados com a importância que merecem”.

“Na criação do Estado de Israel, o voto do Oswaldo Aranha foi muito mais que um voto de minerva. Ele era o presidente da Assembleia Geral da ONU e tinha um poder gigantesco. Era partidário convicto, não só da necessidade da criação de um Estado de Israel, mas de um Estado Palestino”.

“A tese de que o Oswaldo Aranha criou obstáculos para a vinda de imigrantes judeus ao Brasil é equivocada. A historiografia recente mostra justamente o oposto. Depois de chegar ao Ministério das Relações Exteriores ele permitiu a união de famílias, o que possibilitou a entrada de mais de 10 mil judeus. Isso nos transforma no país que mais acolheu judeus em relação a sua população”.

“O bloco dos países árabes e simpatizantes era extremamente forte. Oswaldo Aranha percebeu que a criação do Estado de Israel não seria aprovada no dia estabelecido e adiou a votação. Sem essa decisão, a divisão do território poderia demorar mais 10 anos. Furiosos, os representantes árabes decidiram não aceitar a criação de um Estado Palestino. Se isso tivesse acontecido naquela época, talvez não teríamos o impasse que existe hoje”.

“O Carlos Lacerda não era a figura mais popular na minha casa. Minha mãe passava pela Praia do Flamengo, onde ele tinha uma cobertura, e dizia: ‘Olha lá o poleiro do corvo’”.

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“Acredito que a geração do Oswaldo Aranha teve tantos homens brilhantes porque havia grande exigência dos mestres. Ninguém sobrevivia se cometesse os erros de concordância que escutamos hoje. Ele nasceu numa família rica, teve a oportunidade de viajar para o exterior, tinha uma inteligência viva, uma abertura para o mundo e uma atitude generosa. Era um homem do bem. Além de ser um leitor voraz e dominar o francês e o inglês, o que já abria bastante a cabeça naquela época”.

“O Brasil fez muito pouco em política externa nos últimos 40 anos. A impressão que tenho é que o papel e o brilho do país em termos de política internacional é bem menor do que poderia ser”.

A bancada de entrevistadores reuniu Eduardo Giannetti (economista e escritor), Carlos Andreazza (editor-executivo do grupo editorial Record, comentarista de política da rádio Jovem Pan e articulista do jornal O Globo), Helen Braun (apresentadora da rádio Jovem Pan), Raul Juste Lores (repórter especial da Folha) e Celso Masson (editor de comportamento da revista IstoÉ). Com desenhos em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido pela TV Cultura.

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