Os presos políticos libertados rejeitam a falsa alegria de quem lhes negou socorro
“Fiquei tão feliz com a libertação como fiquei quando fui solto da cadeia em 1980″, fez de conta Lula ao saber do embarque para a Espanha de 11 presos políticos que, há quatro meses, comparou aos bandidos comuns de São Paulo. Como os jornalistas não perguntaram se ficaria igualmente feliz com a soltura dos chefes […]
“Fiquei tão feliz com a libertação como fiquei quando fui solto da cadeia em 1980″, fez de conta Lula ao saber do embarque para a Espanha de 11 presos políticos que, há quatro meses, comparou aos bandidos comuns de São Paulo. Como os jornalistas não perguntaram se ficaria igualmente feliz com a soltura dos chefes do PCC, os próprios cubanos cuidaram de implodir a fantasia eleitoreira nesta manhã de quinta-feira, durante a entrevista coletiva concedida em Madri por sete vítimas da ditadura caribenha.
“Lula diz que está feliz com a nossa liberação, mas nós estaríamos felizes se tivesse advogado por Orlando Zapata Tamayo”, lembrou Omar Rodríguez Saludes. “Ele estava apertando a mão de Fidel e Raúl e não levantou a voz para salvar uma vida. Aliou-se ao crime e não à Justiça. Zapata teria possibilidades de sobreviver se Lula tivesse intercedido pessoal e publicamente por ele”.
Depois de revelar que os presos de consciência foram confinados em celas infestadas por ratos e baratas, e sobreviveram a surtos de dengue e tuberculose, Julio César Gálvez deixou claro que todos sabem de que lado o presidente brasileiro está. “O que podemos esperar de Lula?”, ironizou. “Não podemos esquecer que sempre foi amigo de Fidel Castro. Ele não precisa criticar nem felicitar ninguém. Bastaria ser solidário conosco e apoiar a restauração da liberdade e da democracia em Cuba”.
Os entrevistados consideraram insultuosa a comparação que Lula improvisou. “Fomos perseguidos porque nossas opiniões não agradam ao governo de Havana”, resumiu Ricardo González Alfonso. “É óbvio que somos diferentes dos criminosos de São Paulo”.
Só agora Lula ficou feliz com a libertação dos presos sem culpa. Celso Amorim acaba de descobrir que “esse é o caminho certo”. E Marco Aurélio Garcia, ainda na África, tentou estuprar a verdade com a versão de que o governo brasileiro, com a discrição habitual, teria participado das negociações que envolveram exclusivamente a Espanha e a Igreja Católica ─ e já salvaram 11 vidas .
Se tivesse aparecido em Madri para cumprimentar os cubanos, a trinca descobriria como reage uma plateia não amestrada quando ouve mentiras.