Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

O que esperam o governo e o Ministério Público para aplicar a lei aos quadrilheiros e recuperar o produto do roubo?

Abstraídos os comparsas, os parentes e os patrocinadores oficiais, desta vez ninguém se atreveu a afrontar a inteligência dos brasileiros decentes com a reapresentação do ato mais surrado do espetáculo do cinismo. Nem a tropa de choque do Senado, a tropa do cheque da Câmara e a diretoria do grande clube dos cafajestes irromperam no […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 11h16 - Publicado em 27 jul 2011, 15h16

Abstraídos os comparsas, os parentes e os patrocinadores oficiais, desta vez ninguém se atreveu a afrontar a inteligência dos brasileiros decentes com a reapresentação do ato mais surrado do espetáculo do cinismo. Nem a tropa de choque do Senado, a tropa do cheque da Câmara e a diretoria do grande clube dos cafajestes irromperam no palco para a lengalenga costurada em torno da  inocência até prova em contrário, do direito de ampla defesa, do devido processo legal. Nem mesmo Lula suou a camisa no palanque em defesa dos quadrilheiros que agiram durante oito anos e meio no Ministério dos Transportes, sob as bênçãos do Padroeiro dos Companheiros Pecadores.

A presidente Dilma Rousseff precipitou o despejo dos chefões do bando, iniciado logo depois das revelações feitas por VEJA, para não reeditar a exasperante agonia do ex-ministro Antonio Palocci. Ampliou a lista dos demitidos ao constatar, em pesquisas encomendadas pelo Planalto, a exaustão de milhões de brasileiros com as dimensões da roubalheira. Dilma foi longe demais: os quadrilheiros já não podem reivindicar a prescrição do crime por perda de emprego. A malandragem não é aplicável a quem embolsou quantias de deixar ruborizados até o asfalto que se desmancha nas estradas do Dnit, é coisa de empalidecer de espanto até os trilhos inexistentes da Valec. Ao afastar os bandidos, o governo não fez mais que a obrigação. É quase nada.

E será rigorosamente nada se parar por aqui o castigo que mal começou. É preciso recuperar ao menos parte da imensidão de dinheiro roubado pela organização criminosa formada por donos de órgãos públicos com orçamentos obesos, empreiteiras, consultorias e outras abjeções. É preciso enquadrar os meliantes nos numerosos artigos legais que violaram. É preciso mostrar ao Brasil que algo mudou ─ se é que algo tenha mudado.

Por enquanto, o governo limitou-se a determinar à Controladoria Geral da União que pedisse de volta R$ 8 milhões destinados às vítimas das inundações na Região Serrana do Rio e interceptados por meliantes acampados na prefeitura de Petrópolis. Tradução: os pagadores de impostos vão bancar também a conta das patifarias que já não poupam sequer flagelados. Quanto ao pátio de horrores no Ministério dos Transportes, o controlador-geral Jorge Hage fez só uma frase. Acha que o Dnit tem o DNA da corrupção.

Continua após a publicidade

O que espera o governo para exigir a devolução do produto do roubo? O que espera o Ministério Público para tomar providências que apressem a condenação dos culpados, todos merecedores de temporadas na cadeia e multas igualmente superlativas? A turma de Valdemar Costa Neto e Alfredo Nascimento vai desfrutar em paz do ócio sem dignidade? Os ladrões vão envelhecer em casa, com tempo e dinheiro de sobra? Se as perguntas não forem adequadamente respondidas, o país será o que é. Enquanto não houver na cadeia um só figurão corrupto, o Brasil será o paraíso dos bandidos de estimação.

Há quadrilhas demais. Todas em liberdade, todas sem motivos para perder o sono. A expansão da ladroagem federal é o ultrajante subproduto ─ tão previsível quanto a mudança das estações ─ da tolerância, negligência, da passividade e da conivência que sublinham o comportamento dos três Poderes.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.