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O comando da Tríplice Aliança acabou na Ópera dos Malandros

Terminada a montagem do plano destinado a infiltrar o companheiro Manuel Zelaya em Tegucigalpa e, na etapa seguinte, devolvê-lo ao gabinete presidencial, o comando da Tríplice Aliança combinou o que faria cada um dos envolvidos na Operação Honduras. A mesada do estadista desempregado, as despesas da família, os gastos com a comitiva e o transporte aéreo teriam o patrocínio da Venezuela. O apoio logístico para a viagem entre […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 16h49 - Publicado em 22 set 2009, 20h01

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Terminada a montagem do plano destinado a infiltrar o companheiro Manuel Zelaya em Tegucigalpa e, na etapa seguinte, devolvê-lo ao gabinete presidencial, o comando da Tríplice Aliança combinou o que faria cada um dos envolvidos na Operação Honduras. A mesada do estadista desempregado, as despesas da família, os gastos com a comitiva e o transporte aéreo teriam o patrocínio da Venezuela. O apoio logístico para a viagem entre a fronteira e a capital seria garantido pela vizinha Nicaragua. Casa, comida e roupa lavada ficariam por conta do Brasil.

Distribuídos os encargos, os generais Hugo Chávez, Daniel Ortega e Lula decidiram o que ocorreria depois da instalação de Zelaya no prédio onde funcionou a embaixada brasileira. Multidões de patriotas exigiriam nas ruas a rendição incondicional dos golpistas e a restituição das chaves do palácio ao líder popular. Todas as nações do planeta celebrariam a bravura do país do futebol.

O presidente americano Barack Obama continuaria fazendo de conta que não sabe o que se passa na América cucaracha. Acuados, os usurpadores primeiro tentariam destruir a embaixada. Minutos mais tarde, rechaçados por batalhões de voluntários da pátria, estariam cruzando o Caribe a nado na direção de Miami. E Zelaya festejaria a segunda posse acenando o chapéu branco ao lado da trinca de estrategistas.

Faltou combinar com os hondurenhos. Os combatentes que se animaram a sair de casa produziram manifestações parecidas com procissão de cidade interiorana em dia útil. Os parceiros de sempre acharam que o Brasil fez bonito, mas se limitaram a pedir aos responsáveis pela deposição de Zelaya que voltassem para casa. Não foram atendidos. Em vez de atacar a embaixada, o presidente interino, Roberto Micheletti, mandou cortar por algumas horas a luz, a água e o telefone.

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Só então o chanceler Celso Amorim lembrou que o Brasil decidiu faz mais de 50 dias não reconhecer o novo governo ─ e é complicado conversar com quem não existe. Se há queixas a fazer, portanto, devem ser encaminhadas ao quarto onde o presidente de verdade dorme durante a noite ou ao sofá onde cochila durante o dia (ao lado de uma bandeira do Estado do Rio). Ou ao bispo de Tegucigalpa. Ou ao Conselho de Segurança da ONU, como preferiu Amorim.

Enquanto o Itamaraty procura a saída do beco em que se meteu voluntariamente, é provável que o hóspede já tenha começado a reclamar do serviço da estalagem. Não lhe parece à altura da afamada hospitalidade brasileira. Ao contrário de Amorim e Lula, Zelaya sabe que há mais de 50 dias não preside coisa alguma. Mas decerto acha que qualquer ex-presidente merece algum conforto. Se os cortes forem reprisados, pode acabar convencido de que a cadeia é mais aconchegante.

O comando da Triplíce Aliança planejou o que deveria ter sido uma irretocável operação político-militar. Por enquanto, só compôs a ária mais bisonha da Ópera dos Malandros.

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