Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Nenhum farsante escapa da vala comum reservada aos falsificadores da História

“Não fale uma sandice dessas”, irritou-se o ex-presidente Lula com Denise Chrispin Marin, correspondente do Estadão em Washington. “Conheço as pessoas e sei como me referi a elas”, continuou, decidido a ampliar a coleção de momentos inverossímeis registrados na entrevista coletiva desta quarta-feira. Ao saber que o palestrante aprendiz está pronto para pacificar a Líbia […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 12h19 - Publicado em 8 abr 2011, 23h19

“Não fale uma sandice dessas”, irritou-se o ex-presidente Lula com Denise Chrispin Marin, correspondente do Estadão em Washington. “Conheço as pessoas e sei como me referi a elas”, continuou, decidido a ampliar a coleção de momentos inverossímeis registrados na entrevista coletiva desta quarta-feira. Ao saber que o palestrante aprendiz está pronto para pacificar a Líbia – é só Dilma Rousseff chamar –, a jornalista lembrou que em dezembro de 2003, num jantar em Tripoli, Lula qualificou Muammar Kadafi de “companheiro e amigo”. E então o ator canastrão incorporou o ofendido de araque para garantir que não disse o que disse.

Não parou por aí. “Jamais falaria isso por uma razão muito simples: porque eu tenho discordância política e ideológica com Kadafi”, recitou sem ficar ruborizado. Ou porque é muito gentil ou porque a perplexidade a emudeceu, Denise desperdiçou uma boa chance de emparedar o embusteiro. Deveria ter registrado que os afagos verbais em Tripoli foram confirmados pelo nicaraguense Daniel Ortega e pelo argelino Mohamed Ben Bella, presentes ao jantar. Foram também testemunhados pelo tradutor sem o qual Lula não sabe o que se passa ao redor.

Melhor ainda seria recordar ao amnésico seletivo que as carícias retóricas murmuradas em Tripoli foram reprisadas há um ano e meio em Sirte, na 13ª Reunião de Cúpula da União Africana. E desmontar a farsa com a leitura em voz alta da reportagem do enviado especial Andrei Netto, publicada pelo Estadão em 2 de julho de 2009. Um dos trechos reproduz a derramada saudação a Kadafi feita por Lula:  “Meu amigo, meu irmão e líder”, discursou o convidado de honra, mirando com olhar de noiva o psicopata anfitrião.

O restante do palavrório deixou claro que aquilo não fora um escorregão de palanqueiro sem compromisso com a verdade. Lula estava lá para reafirmar a solidariedade do governo brasileiro a estadistas incompreendidos. Elogiou abjeções mundialmente desprezadas, louvou celebrou a generosidade de assassinos, louvou o fervor democrático de liberticidas, festejou o patriotismo de corruptos de carteirinha e reiterou a admiração pela biografia infame do ditador da Líbia.

Continua após a publicidade

Mais de sete anos depois de Tripoli, menos de dois depois de Sirte, o companheiro, amigo, irmão e liderado de Kadafi resolveu proclamar inexistentes o acasalamento promíscuo e as cenas de cumplicidade explícita. É tarde. E é impossível. Espertalhões bem mais sagazes que Lula também tentaram substituir fatos amplamente documentados por mentiras convenientes. Nenhum dos farsantes foi muito longe. Todos acabaram vencidos pela verdade. Todos jazem na vala comum reservada aos falsificadores da História.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.