Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Na internet, a compaixão é um sentimento em extinção

O caso do submarino mostra que, num Brasil embrutecido pelo Fla X Flu interminável, talvez não haja mais espaço para manifestações de solidariedade

Por Augusto Nunes
24 nov 2017, 14h35

Oito dias depois do desaparecimento de um submarino argentino num ponto impreciso do Atlântico, o mundo ainda ignora o que aconteceu com os 44 tripulantes ─ 43 homens e uma mulher. Se houve uma explosão, alguém sobreviveu? Se permanece intacta, quando se esgotou a reserva de oxigênio? Em que parte do oceano estão marinheiros derrotados na luta pela vida ou corpos à espera de resgate e sepultamento em terra firme? A ausência de respostas torna as perguntas insuportavelmente aflitivas.

Desde o primeiro minuto, acompanho a saga dos argentinos sumidos no fundo do mar com angústia e espanto. Angustia-me imaginar o desespero crescente de um punhado de seres humanos surpreendidos pelas trapaças do destino. Espanta-me o pouco interesse despertado pela tragédia no mundo da internet, um mundo que até recentemente reagia com mobilizações imediatas e portentosas ao topar, por exemplo, com a imagem de alguma baleia encalhada numa praia da Polinésia.

Nos grandes sites, aos posts sobre o drama pavoroso, quase sempre rasos e burocráticos, seguem-se dois ou três comentários ─ às vezes nenhum. Um texto publicado nesta quinta-feira no UOL, por exemplo, mereceu uma única observação: o leitor se declarou indignado com um prosaico erro gramatical cometido pelo redator anônimo. Num Brasil embrutecido pelo Fla X Flu interminável e feroz, talvez não haja mais espaço para manifestações de solidariedade.

Até pouco tempo atrás, fossem quais fossem o palco da tragédia e a nacionalidade das vítimas, ondas de clemência irrompiam, espontâneas e vigorosas, instantes depois da primeira notícia. É penoso constatar que, no Brasil do século 21, é o ódio o mais poderoso motor das mobilizações no universo digital. A cólera epidêmica pode ter transformado a compaixão num sentimento a caminho da extinção.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

O Brasil está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.