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Mirem-se no exemplo dos egípcios

Que fazer?, vivem perguntando nos sites e blogs da internet os incontáveis brasileiros indignados com a procissão de escândalos, afrontas e patifarias ─ todos aflitos com a impotência aparente. Se os partidos de oposição não se opõem, se não existe nenhuma organização capaz de aglutiná-los, se faltam líderes dispostos a conduzir a multidão de inconformados, […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 12h50 - Publicado em 14 fev 2011, 21h24

Que fazer?, vivem perguntando nos sites e blogs da internet os incontáveis brasileiros indignados com a procissão de escândalos, afrontas e patifarias ─ todos aflitos com a impotência aparente. Se os partidos de oposição não se opõem, se não existe nenhuma organização capaz de aglutiná-los, se faltam líderes dispostos a conduzir a multidão de inconformados, como impedir que o Brasil fique cada vez mais parecido com um imenso clube dos cafajestes?

As interrogações foram desfeitas neste fim de semana. Mirem-se no exemplo dos egípcios, devem dizer uns aos outros os que testemunharam a agonia e a queda da ditadura de Hosni Mubarak. Não há como adivinhar o epílogo do drama ainda em curso, e a construção de uma democracia genuína é mais demorada e complexa do que o afastamento de um tirano. Seja qual for o desfecho, nada poderá revogar as luminosas lições do primeiro ato, encerrado com o despejo de Mubarak.

Uma delas, velha como o mundo, ensina que a surdez dos monarcas só pode ser superada pela voz rouca das ruas. Quem quer mudar as coisas precisa sair de casa, reiteraram os manifestantes da Praça Tahrir. Quem quer mudar as coisas sem deixar a sala deve contentar-se em mudar o canal de TV com disparos do controle remoto. Mas a rebelião popular no Egito também ensinou que é possível fazer por outros meios, entre os quais a internet, o que deveria ser feito pelos políticos e pelos partidos.

A mobilização de milhões de oposicionistas prescindiu de líderes carismáticos. Em seu lugar, agiram ativistas da web. As manifestações não foram articuladas por organizações políticas, cuja atuação foi acessória. Muito mais eficaz foi a multiplicação de correntes nas redes sociais. A Irmandade Muçulmana esteve todo o tempo de tocaia, mas ainda tenta pegar carona num fenômeno que não pilotou. A virada de página no Egito resultou, essencialmente, da exaustão dos mais velhos, da impaciência dos jovens e das aspirações libertárias comuns.

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Mubarak e seus comparsas acordaram tarde. Quando buscaram controlar o inimigo eletrônico, a multidão já estava nas ruas e nas praças. A consolidação da democracia no Egito decerto exigirá articulações mais complexas, e é cedo para saber se chegará a bom porto. Neste aspecto, os brasileiros estão em vantagem. O que ainda é um sonho para os egípcios já existe no Brasil. Aqui, não há uma ditadura a derrubar e um regime democrático a erigir. Há um Estado de Direito a defender.

O aumento salarial que os parlamentares se concederam é um caso de polícia? A quarta eleição de José Sarney para a presidência do Senado é intolerável? A Polícia Federal vai varrendo furtivamente para baixo do tapete o escândalo da Receita Federal? O Planalto prepara a absolvição da delinquente Erenice Guerra? A máquina administrativa está infestada de meliantes? O Executivo e o Legislativo tecem ostensivamente a trama concebida para obrigar o Judiciário a livrar da cadeia a quadrilha do mensalão? Se consegue acabar com uma ditadura em três semanas, a multidão indignada levará menos tempo para acabar com a impunidade dos corruptos.

Mirem-se no exemplo dos egípcios.

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