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Marcos Troyjo: Trump não é regente de uma “Pax Americana”

O presidente americano está descobrindo que o mundo é muito mais complexo do que pensava

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h55 - Publicado em 6 Maio 2017, 23h41

Em sua mais recente coluna no Financial Times, o comentarista Martin Wolf classifica a política comercial de Donald Trump como “halfhearted“. Este termo geralmente denota falta de entusiasmo ou energia. Em vista da prometida inflexão do papel dos EUA no comércio internacional que Trump propôs ao eleitorado, houve mais fumaça que fogo. Nesse contexto, a melhor maneira de traduzir “halfhearted” para o português é “meia-bomba”.

Sim, é verdade que os EUA retiraram seu nome daquele que se projetava como exemplo de acordo de última geração — o TPP, em que padrões trabalhistas, ambientais ou de política industrial seriam tão determinantes quanto tarifas ou quotas na Ásia-Pacífico. Não foi por falta de motivação que até agora o propalado cavalo-de-pau da Casa Branca no campo do comércio gerou poucas ações concretas.

A reviravolta prometida por Trump até agora não se deu por uma combinação de ao menos dois motivos. Primeiro: Trump está descobrindo que o mundo é muito mais complexo do que pensava — e, nessa revelação, dá-se conta de que os “outros” também têm suas prioridades e particularidades. Ou seja, Trump, no comércio, não é regente de uma “Pax Americana”.

Desde que assumiu a presidência em 20 de janeiro, Trump já recebeu vários líderes mundiais, alguns até em sua residência na Flórida — Mar-a-Lago, também chamada pela imprensa dos EUA de “Casa Branca de inverno”. E nenhum desses encontros, seja com o chinês Xi Jinping, seja com a primeira-ministra britânica Theresa May, produziram os efeitos concretos e imediatos que Trump fez crer a seu eleitorado.

As complexas relações com a China não vão a lugar algum se Trump tão-somente recorrer a bravatas de campanha. Num olho-a-olho com Xi, fica difícil tentar explicar a hipercompetitividade da China como resultante principalmente da manipulação ardilosa do yuan para dotar mais atratividade às exportações chinesas. E no caso do comércio com Londres, Trump não tem como propor algo no curto prazo que pudesse eclipsar a atenção prioritária que os britânicos têm de dar a seu termo de divórcio vis-à-vis à União Europeia.

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Segundo: mesmo no núcleo duro de seu governo, há sérias divergências sobre rumos da política comercial. Por um lado, o grupo “nacionalista”, de que o Conselheiro de Comércio Peter Navarro é o principal expoente, prega linha-dura ante parceiros com que Washington acumula grandes déficits comerciais —exemplo de China e México. Por outro, existe a ala “Wall Street”, capitaneada por Gary Cohn, Conselheiro Econômico Nacional, que prega maior engajamento —mediante alguma reforma— dos EUA no âmbito de acordos (como o Nafta) ou sistemas (como a OMC) já existentes.

O grupo de “Wall Street” até agora tem levado a melhor. Para isso, conta com o peso do Congresso norte-americano, que em sua maioria apoia, por exemplo, a continuação do Nafta. Também a indústria dos EUA, como é o caso Conselho Americano de Política Automotiva, fez chegar à Casa Branca o recado de que uma “retirada do Nafta prejudicaria gravemente a competitividade da América do Norte no mercado global”.

Trump cada vez mais é forçado a ver as claras conexões entre comércio e geopolítica, o que reconduz os EUA a uma postura externa mais “normal” e alinhada com o que têm sido as linhas-gerais de política exterior de Truman a Obama. No comércio, a exemplo das demais áreas das relações internacionais, os EUA são protagonistas, mas não hegemônicos. A contragosto, O atual inquilino da Casa Branca está “aprendendo no emprego” que não é nada fácil adotar posições unilaterais e “abandonar” a globalização.

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