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Marcos Troyjo: Cúpula do G20 não serviu para nada

Assoberbadas por desafios internos, potências pouco fizeram em prol de nova governança global

Por Branca Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 21h53 - Publicado em 11 set 2016, 01h17

Reunidos na cidade chinesa de Hangzhou, os líderes das vinte maiores economias do mundo tinham uma grande tarefa à frente. Cabia ao G20 apresentar o “GPS” da recuperação da economia global.

Não há no mundo tarefa mais urgente — ou abrangente. O PIB mundial caminha a passos lentos desde que a “Grande Recessão” iniciada em 2008 foi instalada.

Como bem mostra Martin Wolf, do Financial Times, um dos mais influentes colunistas do mundo, a OMC (Organização Mundial do Comércio) tem sua Rodada Doha de liberalização comercial em desalento.

Os fluxos globais de IEDs (investimentos estrangeiros diretos) estão muito aquém de recentes períodos históricos. A circulação de pessoas apresenta-se mais restrita.

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Todos esse fatores sublinham um argumento que venho defendendo há algum tempo, e cujas linhas gerais estão compiladas em meu último livro “Desglobalização: Crônica de um Mundo em Mudança”.

Há muitas maneiras de descrever a pouca substância que emergiu da Cúpula do G20 na China. Talvez a mais precisa seja aquela que se centra na falta de foco na arena global que cada um dos protagonistas dedicou ao encontro.

Cada ator mundial predispõe-se a pouca cooperação. O individualismo de cada Estado-Nação está em alta. E tais individualismos, acumulados, levam ao baixo desempenho da economia mundial.

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A coreografia deste G20 assemelhou-se muito à de uma dança das cadeiras. Os movimentos dos que bailam no salão expressam apenas uma conveniência momentânea.

E, quando a música para, aqueles que conseguem sentar-se não olham para os outros, mas para fora. Os líderes globais podem ter marcado presença em Hangzhou, mas estavam com a cabeça em outro lugar.

Os EUA foram liderados por um presidente a quem restam alguns poucos meses no Salão Oval. Com os olhos menos voltados para o mundo, os EUA acompanham nervosamente sua mercurial campanha à Casa Branca.

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Em tal conjuntura, ecoava aos ouvidos dos líderes no G20 o vaticínio do candidato republicano Donald Trump: “globalismo, não; americanismo, sim”.

E, talvez num esforço cujo período de validade se restrinja apenas à extensão da corrida presidencial, mesmo Hillary Clinton, há um tempo arquiteta-chefe — na condição de secretária de Estado — do “pivô norte-americano à Ásia”, agora mostra-se resistente a um de seus ingredientes centrais — a TPP, Parceria Transpacífico.

Lançada a luz na Europa como fonte de melhor governança econômica global, tal função mostra-se atrofiada pela incerteza quanto ao desenrolar do brexit. E, para complicar, o calendário eleitoral na França e na Alemanha mostra que forças fragmentárias aos ideais da União Europeia vêm ganhando força.

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Para os emergentes em geral, que no G20 foram não apenas representados por seus membros Brasil, Índia, Rússia, Indonésia, México, Turquia, África do Sul e Argentina, mas também pelos convidados Chade, Egito, Cazaquistão, Laos, Senegal e Tailândia, a cúpula teve mais o formato de um “mutirão” de reuniões bilaterais com a China.

Aliás, a anfitriã China não disfarça sua estratégia de se mostrar como “líder” do mundo em desenvolvimento. Para tal função, desempenha papel central o desenho de novas instituições de financiamento, como o Banco Asiático de Investimento e Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês), ou o Novo Banco de Desenvolvimento, comumente chamado de “banco dos Brics”.

Mais há muito mais nessa história. A China demonstra relevância cada vez maior como fonte de IEDs ou mesmo empréstimos governo-a-governo. E, nessa linha, o que grande parte dos países, individualmente considerados, têm a apresentar como resultado da reunião do G20, nada mais é do que o anúncio de negócios acordados com a China.

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O caso do Brasil, que anunciou parcerias de investimentos com chineses que chegam a US$ 15 bilhões em setores como siderurgia, energia e infraestrutura, ilustra bem o ponto.

A mídia chapa-branca chinesa saudou a cúpula do G20 como tendo proporcionado um “consenso histórico sobre o crescimento mundial”.

O único consenso que brotou de Hangzhou, contudo, foi a noção de que a China assumiu de vez sua posição como superpotência do mundo contemporâneo.

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