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Marcos Troyjo: Abalar globalização é eixo da Doutrina Trump

Agora, o mantra é o da negociação bilateral, que remonta a uma espécie de mercantilismo arcaico

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 21h00 - Publicado em 11 mar 2017, 23h47

Nesse domínio, os sinais ainda são bastante confusos. Qual a real linha de ação da Casa Branca para lidar com a Rússia de Putin ademais das palavras de empatia? Qual a posição dos EUA ante a Otan para além da questão do aumento da contribuição orçamentária de países-membros que não os EUA? Apoiar a perpetuação da União Europeia é algo em linha com os interesses estratégicos dos EUA?

Há, no entanto, algo de muito coerente —e perturbador— na nova visão externa norte-americana. Sua versão mais bem concatenada até agora foi exposta na última segunda (6) pelo economista Peter Navarro, titular do recém-criado “Conselho da Casa Branca para o Comércio”, num evento da NABE (sigla em inglês para Associacão Nacional de Economia Empresarial) em Washington.

Para Navarro, um dos poucos assessores que “fazem a cabeça” de Trump, a nova estratégia comercial dos EUA não é apenas um item de política econômica, mas de “segurança nacional”.

Nessa linha, nada a esperar na proliferação de acordos que envolvam múltiplos países. Menos ainda em fóruns multilaterais como a OMC —cada vez mais vilanizada no discurso da Casa Branca como responsável por decisões injustas contra a economia norte-americana.

Agora, o mantra é o da negociação bilateral —que resulte em acordos de comércio livres, justos e recíprocos. O objetivo de tal estratégia —que remonta a uma espécie de mercantilismo arcaico— é diminuir o déficit comercial dos EUA.

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Aqui, a ênfase na balança comercial de bens manufaturados é destacada. Deixa-se de lado, contudo, que os EUA são superavitários em sua balança de serviços. O mesmo também é válido para setores de tecnologia e entretenimento, com seus hubs no Vale do Silício e em Hollywood.

Soa inverossímil, mas Navarro, ao salientar que sucessivos déficits comerciais nada mais são do que transferência de riqueza ao exterior, ignora que durante os anos da Grande Depressão os EUA acumularam superávits com o resto do mundo.

Na ausência de outros vetores de prosperidade, a balança comercial positiva em si gerou pouca tração para permitir à economia norte-americana sair do atoleiro.

E mais: Navarro chega a criticar o fluxo de investimento estrangeiro direto aos EUA como uma ameaça à própria soberania dos EUA. Indica que os Estados Unidos têm suas empresas, tecnologias e cadeias de suprimento alimentar e mesmo suas bases industrial militares compradas crescentemente não por “aliados benignos”, mas —numa óbvia referência à China— por um “rival estratégico que busca hegemonia na Ásia e no resto do mundo”.

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A orientação do governo Trump apropria-se destarte de uma frase de Warren Buffet: “Conquista pela Aquisição” (“Conquest by Purchase”). Ao “comprar” ativos dos EUA, a China não precisaria de armas para conquistar o mundo. A força de seu capital bastaria. Detalhe curioso e contraditório à retórica da administração Trump: o próprio Buffett é dono de muitas ações de empresas chinesas.

Se o projeto de prosperidade da China sustentou-se numa “globalização seletivamente aberta”, com robustos superávits comerciais multiplicando a capacidade investidora da China, cabe então estancar tal dinâmica.

Nesse aspecto, Navarro revela a principal motivação da Doutrina Trump. Reverter cadeias mundiais de produção, desarticular o sistema multilateral de comércio e modular seletivamente o fluxo de investimentos para dentro e fora dos EUA.

Muito disso é direcionado a conter a ascensão chinesa. Em seu conjunto, por fim, o efeito não poderá ser outro. Trata-se de desestruturar a globalização.

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