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Por Coluna
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Marcos Troyjo: A Rio-2016 dá a ideia de que o Brasil é uma potência emergente?

A poderosa lente de aumento da mídia global também exibe no detalhe as nossas mazelas socioeconômicas

Por Branca Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 22h06 - Publicado em 14 ago 2016, 00h11

Diz-se que quando a comunidade internacional opta por uma sede dos Jogos Olímpicos, tal decisão representa, em muitos casos, o reconhecimento da ascensão daquele país. Em tempos recentes, seguramente podemos identificar em Seul-1988 um tal exemplo.

A Coreia do Sul, nos anos 1950, tinha renda per capita inferior à grande maioria dos países africanos. Sua pauta de exportações era dominada por pescados, frutas secas e (é verdade) perucas. Fortalecida por um inteligente projeto estratégico, a Coreia do Sul do final dos oitenta já apontava que nas décadas seguintes seu milagre econômico floresceria.

Hoje, o país apresenta renda per capita superior à média dos membros da OCDE (Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento), clube de nações ricas. É a nação que mais investe (4%) de seu PIB em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Uma de suas principais empresas, a Samsung, vende mais smartphones globalmente do que a Apple.

Seul-1988 magnificou a grande capacidade organizacional dos sul-coreanos. Sublinhou o imenso sacrifício geracional que as famílias se dispuseram a fazer em benefício de seus filhos, sobretudo em educação, ciência e tecnologia. Com os Jogos, a Coreia do Sul talvez não tenha se convertido definitivamente em potência esportiva. Conseguiu contudo fazer ver à opinião pública mundial de que em breve deixaria o status de potência emergente para o de “emergida”.

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Será que, com a Rio-2016, o Brasil está ao menos mostrando que é um país em ascensão? É essa a imagem que, com mídia em massa e redes sociais, estamos passando com a Olimpíada mais globalizada da história? Aqui valem duas observações.

Primeira: o Brasil e seus nacionais ainda são muito desconhecidos. A exuberante cerimônia de abertura, que deve orgulhar a todos os brasileiros, ajudou o mundo a conhecer a nacionalidade de Gisele Bündchen e a reconectar-se à Bossa Nova via as buscas por “Girl from Ipanema” na Internet. Evidenciou a capacidade de adaptação e a criatividade por meio de uma festa entusiasmante e a custos baixos —comparados a Londres-2012.

O mundo ainda está conhecendo o Brasil. Assisti à maior parte do evento de abertura de um estúdio improvisado numa casa em frente ao Maracanã. O espaço estava a serviço de redes de televisão como a BBC, a chinesa CCTV, e mais um punhado de outros europeus e asiáticos. Todas as equipes estavam boquiabertas com a qualidade estética e o entusiasmo da festa, e veteranos da cobertura de outras olimpíadas, vinham pela primeira vez ao Brasil. Traços básicos de nossa história, geografia e conjuntura apenas agora estão se expandindo aos quatro cantos.

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Segunda: se, em 2009, quando se anunciou que o Rio sediaria os Jogos, o Brasil aparecia ao mundo como em irresistível ascensão, hoje essa “certeza” não mais existe. Pré-sal, anfitrião de megaeventos, crescimento de 7,5% ao ano, superpotência da energia alternativa — todos esses pilares mostraram-se menos firmes no caminho até a Olimpíada.

A mídia global bomba matérias sobre a beleza e a alegria que marcam o Brasil, mas essa poderosa lente de aumento também exibe no detalhe as nossas mazelas socioeconômicas, a incapacidade de melhorar o meio ambiente nos centros urbanos e a disfuncionalidade de nossa política. Para além das competições esportivas, a imagem que ficará do Brasil, como já tantas vezes se repisou em menor escala, é a de um país de contrastes.

Comenta-se, com correção, de que o Rio de Janeiro é a caixa de ressonância do Brasil. A mensagem que se emite é menos a de um país cujo futuro brilhante está inercialmente garantido. E mais a de uma sociedade ainda assoberbada por seus gigantescos desafios.

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