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José Nêumanne: Parasitas contra reformas

Sindicalistas, políticos, militantes e bispos não empregam nem vivem de emprego

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h57 - Publicado em 11 abr 2017, 13h32

Publicado no Blog do Nêumanne

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) assumiu publicamente sua posição radical contra as reformas pelas quais o governo Temer está lutando no Congresso Nacional, em particular a trabalhista e a previdenciária. Os bispos católicos acham que essas reformas, da forma como estão postas, podem atender aos apelos do mercado, mas deixam de fora interesses básicos do cidadão – justamente o mais afetado por elas, mas que nunca foi chamado a entrar na discussão.

De acordo com reportagem que circulou no UOL sábado 8 de abril, a CNBB  reuniu-se nas últimas semanas com representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de outras centrais sindicais para debaterem o que os prelados chamam de uma agenda de mobilização contra as reformas. Em 23 de março, a entidade divulgou nota em que criticou duramente a reforma previdenciária, afirmando, por exemplo, que a proposta defendida pelo governo “escolhe o caminho da exclusão social”.

Em 8 de abril,  foi divulgada no UOL entrevista de seu secretário-geral, dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo-auxiliar de Brasília, e dela foi destacada a seguinte questão: “Por que não discutir abertamente com a sociedade temas como esses, mas sem se preocupar em sinalizar apenas para o mercado, e sim, preocupado com o cidadão? Não é possível, a partir de um gabinete, determinar o que um cidadão pode ou não”.

Na entrevista Sua Excelência Reverendíssima explicou como a representação máxima dos bispos deste país de maioria católica pretende atuar oficialmente em relação às medidas defendidas pelo governo Temer: além de nota do mês passado, o assunto deve entrar na pauta da Assembleia-Geral anual da CNBB, no fim deste mês. E também partirá para ações práticas nas comunidades – como, por exemplo, a abordagem crítica das reformas nas homilias das missas dominicais nas paróquias brasileiras.

A pregação dos bispos católicos contra as reformas deixa muito claro que esse combate feroz, que tem encontrado eco num Congresso corrompido, suspeito e, sobretudo, pouco representativo, está sendo assumido por grupos de parasitas sanguessugas. Estes não aceitam de jeito nenhum reformas, que continuam sendo necessárias e urgentes, porque insistem em ficar mamando nas tetas do governo e chupando o sangue do povo. Combatem as reformas os sindicalistas, os militantes dos partidos que foram despejados do poder, no qual comandaram ou testemunharam mudos e coniventes, impávidos colossos, um grande assalto aos cofres da República, e os mais altos hierarcas católicos. São todos dependentes de imposto sindical, de fundo partidário e de dízimos e óbolos. Dia destes, este autor estava no estúdio da TV Gazeta quando o ex-ministro do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Almir Pazzianotto esclareceu a questão em entrevista a Maria Lydia Flandoli e em poucas palavras da forma como entendo e, infelizmente, o povo ainda não compreendeu inteiramente: a tentativa de satanização do mercado pela CNBB.

Na entrevista, dada ao Jornal da Gazeta, Pazzianotto respondia a questões sobre outro combate de sindicalistas, militantes, burocratas e bispos católicos: o travado contra a aprovação da lei da terceirização pela Câmara dos Deputados. O advogado, que conheci em 1975, quando defendia o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema (hoje do ABC), então presidido por Luiz Inácio Lula da Silva, confessou ter participado da criação de um imbróglio jurídico, ao colaborar na redação da súmula 331, que estabeleceu a distinção entre atividades-meio e atividades-fim. O texto estabeleceu o que ele reconhece ser uma discussão estéril, que agora foi extinta com a regulamentação da terceirização. Esta, de acordo com o especialista, permite a entrada do Brasil no século 21 na legislação sobre as relações de trabalho. A seu ver, o documento criou uma insegurança jurídica absurda, que pode ser medida por um número: os 18 milhões de processos na Justiça Trabalhista abertos nos últimos cinco anos.

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A argumentação que Pazzianotto usou na entrevista sobre terceirização também pode ser adotada no debate sobre as reformas trabalhista e previdenciária. Tanto num caso quanto nos outros, os dirigentes sindicais não defendem os interesses da classe trabalhadora, que dizem representar, mas só pensam na manutenção da CLT e da contribuição sindical obrigatória, responsável pela farra sindical brasileira. Há 17 mil sindicatos no Brasil, enquanto na Alemanha existem apenas 11 e no Reino Unido, 150. Nenhum de nossos sindicalistas denunciou a politica predatória do Partido dos Trabalhadores (PT) em 13 anos, 4 meses e 12 dias dos desgovernos Lula e Dilma, levando ao total trágico e indecente de 13,5 milhões de desempregados atualmente. E ficam, com a ajuda dos sermões dos bispos, reclamando das tentativas que o atual governo tem feito de fazer reformas para evitar o desmantelamento das contas públicas…

Em relação especificamente ao combate clerical contra as ditas reformas, Pazzianotto, católico batizado, crismado, praticante e especialista no assunto, denuncia o autoritarismo dos hierarcas da Igreja de Roma, que nunca o consultaram sobre o tema, do qual ele entende muito e eles, nada: “Os bispos não dependem de emprego nem têm um empregado que seja, mas se acham no direito de ditar normas a serem cumpridas por empresários que empregam milhares de trabalhadores. É um contrassenso”. Comportam-se da mesma forma que acusam o governo de se comportar.

Os bispos também estão em total desacordo com o que eles chamam de povo de Deus nas periferias das grandes cidades brasileiras. Nem sequer demonstram ter conhecimento da pesquisa feita pelo Instituto Perseu Abramo, do PT, na periferia mais pobre de São Paulo. A pesquisa expõe claramente o descompasso entre o discurso mofado da ideologia de esquerda populista contra a direita “fascista”, ao revelar que, como o mercado que os bispos satanizam, os mais pobres desprezam os políticos profissionais e respeitam a meritocracia, tida e havida pelos socialistas de ocasião como uma forma de exploração do capitalismo predador.

As reformas propostas por Temer têm defeitos e estes estão sendo ampliados com a intervenção dos políticos, que atuam com destaque e poder na grei dos parasitas e sanguessugas. Mas se tudo o que os prelados têm a dizer contra elas, em defesa de seus aliados sindicalistas, burocratas e quetais, é que agradam a quem precisa confiar na administração pública para poder investir e, com isso, gerar empregos, só resta responder a uma questão feita por Pazzianotto: quantos empregos foram, são e serão gerados por governos, partidos políticos, sindicatos, centrais sindicais e paróquias e dioceses? E quantos dependeram, dependem e dependerão de empresários do mercado, que eles tratam como se fossem a suma expressão do diabo?

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