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José Nêumanne: Manivas da mesma raiz

Esquerda e PSDB arriscam-se a ter do eleitor mesmo desprezo que lhe devotaram

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h48 - Publicado em 8 ago 2017, 07h36

Publicado no Blog do Nêumanne

O PSDB dividiu-se – ou seja, continuou em cima do muro, como era de esperar – na votação da Câmara do pedido de autorização para o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciar processo pedido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer. A esquerda – com o PT à frente e os lambe-botas de PCdoB, Psol, Rede Sustentabilidade e outros arautos do atraso stalinista – tentou de todas as formas obstruir a votação, usando expedientes regimentais e estudantadas. Mas os 22 votos para um lado e 21 para o outro dos tucanos e a intransigência de petistas e vassalos em geral eram, de fato, mera encenação. Com o mesmo cinismo, idênticos objetivos e táticas aparentemente diferentes, todos fingiram.

A dissidência “ideológica” e “ética” que se apartou do PMDB do doutor Ulysses a pretexto de se livrar da companhia imoral de Orestes Quércia e seus bate-paus é escrava de vícios aparentemente novos. Mas estes não passam de posturas entranhadas em seu DNA desde as origens até os dias atuais, período em que ocupa o segundo mais poderoso e rentável cargo público do País, a desgovernança do Estado de São Paulo, dividindo apenas por um curto período o mando com aliados do PFL, que virou DEM. Durante esse tempo, como os antigos amigos do PT, que viraram desafetos, locupletaram-se (será que não mais?) pra valer.

O Brasil só viria a conhecer a face gatuna dos coxinhas tucanos quando apareceu o áudio entregue por um delator a federais e procuradores em que um antigo presidente do partido, o pernambucano Sérgio Guerra, faz um acerto de R$ 10 milhões para atender ao pagador da propina, que não queria ser convocado a depor numa comissão parlamentar de inquérito (CPI)  qualquer do Congresso Nacional. Mas Sérgio Guerra estava morto quando foi denunciado. E tudo foi sepultado com ele.

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Processos contra tucanos, não se sabe por que tipo de milagre, não costumam prosperar nas altas cortes de (in)Justiça. A História mostra que o mensalão, no qual o PT se esbaldou, foi inventado na tentativa vã de reeleger governador Eduardo Azeredo na campanha em que foi derrotado pelo ex-presidente Itamar Franco. Até o chamado operador – Marcos Valério – era o mesmo que fez o serviço sujo de Lula, Zé Dirceu et caterva. Mas até hoje o filho do prócer pessedista Renato Azeredo, grande amigo de Tancredo Neves, espera julgamento na segunda instância, não tendo ainda, portanto, de cumprir a pena de mais de 20 anos a que está condenado.

Aecinho, filho de Aécio Cunha, a cujo sobrenome preferiu, por motivos mais que óbvios, o do avô, durante algum tempo depois de derrotado por estreitíssima margem de votos pela petista Dilma Rousseff, fez o papel de mocinho no filme de gangsteres da política nacional.

Esse protagonismo durou pouco. O candidato do PSDB na eleição presidencial de 2014 nunca assumiu o papel de líder da banda do Brasil que se considerava sã só porque o lado oposto tinha sido flagrado em atos de absoluta podridão. Senador em metade de mandato, se entregou ao ócio do dolce far niente e deixou essas querelas de baixo clero para companheiros de plumagem menos vistosa. De início, bestalhões, como o autor deste texto, imaginaram que a oposição fajuta que ele liderava era apenas estúpida e indolente. Logo, contudo, a devassa da Operação Lava Jato foi demonstrando, pouco a pouco, que o PSDB e o PT não eram apenas maniva da mesma raiz, mas também farinha do mesmo saco. A temporada de Aecinho no governo das Alterosas não passou em branco em matéria de gatunagem, segundo revelaram figurões da empreita pesada que, depois, se tornaram delatores de alto coturno. A botija da fortuna era a hidrelétrica Furnas, de propriedade do governo mineiro, que o neto de Tancredo ocupou ao longo de dois mandatos.

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No entanto, logo em seguida, antes mesmo de Joesley Batista, da JBS, revelar os volumosos conhecimentos de baixo calão do moço fino das Gerais, além de seus instintos assassinos (ameaçou matar o primo Fred, numa gravação do alcoviteiro de Viçosa), manifestou-se nele especial apetite por doações eleitorais falsamente legais ou egressas direto do propinoduto do bamba do abate. Ou seja, seus eleitores de 2014, que se enojavam com as revelações da rapinagem dos petistas para eleger a adversária dele, terminaram descobrindo que tinham mais era que se envergonhar da própria opção eleitoral. A eleição de Aecinho também funcionava com propina na veia. Ou inalada.

O processo no Tribunal Superior Eleitoral (PSDB), arquivado por excesso de provas, que o PSDB moveu contra a aliança PT-PMDB naquela maldita eleição perdida revelou uma história de trancoso na qual os coxinhas continham teor de putrefação moral e cívica em doses similares ao usado pelos adversários soit-disants socialistas. E os ex-orgulhosos do próprio voto, se não dispunham de bandidos favoritos, tiveram de se envergonhar da própria escolha por um candidato também sem moral.

Na revelação de que aquela maçã não tinha banda sã, os coxinhas descobriram que, de fato, o “PS do B”, sigla presidida pelo filho xará de Aécio Cunha havia processado Dilma & Temer só pra “sacanear”. Não dá, então, para se contrariar com a fissão dos coxinhas entre governistas, que mantiveram o mandato incólume de Temer, sob liderança do preguiçoso Aecinho, e rebeldes, que seguiram Tasso Jereissati, movimentando-se rapidamente rumo a uma coligação de esquerda que pode lançar seu antigo protegé Ciro Gomes, senhor do feudo republicano de Sobral, no caso do candidato Lulinha da Silva virar ficha-suja. O bom filho também volta à casa do mau irmão. E o “PS do B” divide-se, neste mês do desgosto, entre os que ainda mamam e os que reservam teta para mamar em 2019.

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Ciro é o novo Temer da esquerda. E esta encenou a guerra contra o presidente na Câmara, mas, na verdade, comemorou a permanência do mordomo de filme de terror no palácio assombrado do Planalto, pois sabe que é melhor um adversário desmoralizado e impopular no papel de zumbi do que o eterno retorno do “fora qualquer um”. O PT e seus asseclas, que votaram em Temer, porque votaram em Dilma, não saíram do lugar em que já estavam. Mas não perdem por esperar, assim como os coxinhas. Pelo que indicam a direção dos ventos e o movimento das marés, o eleitor pode enterrar em 2018 essa encenação no lixão da História, que é o lugar que todos merecem. O “PS do B”, que é o PT metido a fino, e o PT, que sempre preferiu vinhos de boa cepa à cachaça de cabeça, candidatam-se neste momento a um féretro comum, sendo um o coveiro do outro e o outro, o cadáver de um.

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