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José Casado: Dinheiro na fita

Joesley: “Só essa partezinha da fita do Ciro... Só a que vai derrubar a Lava-Jato.” Ricardo: “Podemos falar: Ó, tem um vídeo... Dando dinheiro pra ele”

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h45 - Publicado em 12 set 2017, 17h28

Publicado no Globo

O gelo tilintava nos copos. Bebiam, comiam e gravavam a conversa sobre a compra de políticos, entre eles o senador piauiense Ciro Nogueira, presidente do Partido Progressista, e o ex-deputado paulista Valdemar Costa Neto, que controla o Partido da República (PR).

O empresário Joesley Batista ria ouvindo o executivo Ricardo Saud falar sobre um suborno de R$ 45 milhões ao senador Nogueira, em março passado, no Rio:

— Falei: “Olha, não pega o dinheiro da Odebrecht, não. O Antonio Carlos veio aqui e me contou, que estão pagando lá no exterior. E que o Valdemar Costa Neto está recebendo no exterior”.

Ricardo Saud não identifica “Antonio Carlos”, mas as circunstâncias sugerem ser Antonio Carlos Rodrigues, ex-senador paulista e ex-ministro de Dilma Rousseff. No papel, Rodrigues é presidente do PR. Na vida real, é um escudeiro de Valdemar Costa Neto.

Valdemar, conhecido como “Boy”, é quase uma lenda no submundo da política. Coleciona seis mandatos de deputado por Mogi das Cruzes (SP), além de duas renúncias.

Uma foi em 2005, quando foi acusado de corrupção no mensalão. Na época, sua mulher contou no Congresso como ele havia recebido R$ 40 milhões do PT, e embolsado R$ 10 milhões.

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Outra foi em 2013, quando sentenciado por corrupção e lavagem de dinheiro a sete anos de prisão — com multa de R$ 1,6 milhão sobre um patrimônio declarado de R$ 2,5 milhões.

Passou um ano no Presídio da Papuda, em Brasília, atual endereço da dupla Joesley e Ricardo. Da cela, Valdemar conduziu o PR na eleição de 2014 auxiliado por Rodrigues.

No fim de 2014, quando o Supremo o mandou à prisão domiciliar, já comandava uma bancada de 38 deputados e quatro senadores do PR. Dilma Rousseff deu-lhe o Ministério dos Transportes. Valdemar indicou Rodrigues.

Ciro e o PP, Valdemar e o PR são onipresentes nas principais investigações sobre corrupção na última década e meia — do mensalão às fraudes em agências reguladoras; das propinas da Odebrecht às da JBS, entre outros.

Ciro acaba de ganhar de Michel Temer a estratégica secretaria do Cade, onde são decididas fusões, aquisições e incorporações entre grandes empresas, além de bilionários acordos de leniência como os da Odebrecht e da JBS.

“Boy”, enquanto isso, se dedica a uma nova empreitada: a construção de mais um partido. Nos próximos dias a Justiça Eleitoral deve autorizar o “Muda Brasil” de Valdemar a funcionar. Será o 36º partido político. Ele já tem o PR, que recebe R$ 48 milhões anuais via Fundo Partidário, receita equivalente à de uma empresa de médio porte. É dinheiro público, sem risco, e com acesso ao rádio e à televisão garantido por lei durante as eleições.

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— Essa turma não está em outro planeta? — perguntou Joesley Batista a Ricardo Saud, na autodelação gravada de seis meses atrás, agora em poder do Supremo. — Pai do céu. Que dois mundos diferentes, né?

Ironizou:

— Ricardo, se “nós mostrar” só essa partezinha da fita do Ciro, sem as outras putarias… Só a partezinha de que vai derrubar a Lava-Jato… Nossa senhora… Já pensou?

O executivo começou a rir:

— E nós ainda podemos falar o seguinte: “Ó, tá aqui, olha, tem um vídeo… Dando dinheiro pra ele.”

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