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J.R. Guzzo: Ódio à empresa

Não importou, nem um minuto, lembrar que um país que é o maior exportador mundial de carne simplesmente não pode chegar a essa posição vendendo lixo

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h58 - Publicado em 2 abr 2017, 17h53

Publicado na edição impressa de VEJA

Vamos falar claro desde o começo, para economizar tempo e esforço de todos: os brasileiros detestam as empresas brasileiras. Detestam também os empresários, sejam eles donos, sócios, acionistas ou executivos das companhias. Detestam as empresas multinacionais. Detestam o miserável serviço que praticamente todas prestam aos clientes, as mentiras que ouvem nas ofertas e a impossibilidade de falar com alguma pessoa capaz de resolver seu problema, por menor que seja, sempre que têm algo a reclamar. Não acreditam na sua propaganda nem nos seus esforços para construir uma “imagem de confiança” fazendo-se elogiar por artistas de televisão. Não perdem, quase nunca, uma oportunidade de ficar contra elas. Poucos episódios mostraram isso de uma maneira tão clara quanto este prodigioso ataque de delegados da Polícia Federal, procuradores do Ministério Público e juízes de direito contra algumas dezenas de frigoríficos brasileiros, principalmente contra os dois maiores, acusados de vender “carne podre” à população brasileira e a consumidores de 150 países – podre ou “tóxica”, “envenenada”, misturada com papelão e outras barbaridades. Poucas operações da polícia e do Judiciário brasileiros foram tão incompetentes quanto essa – a ponto de a própria PF reconhecer, mais tarde, que houve “falhas” no trabalho dos agentes. Transformaram uma sucessão de atos e suspeitas de corrupção, por parte de fiscais e dirigentes de frigoríficos, num esforço deliberado para espalhar pelo Brasil e pelo mundo a denúncia, patentemente falsa, de que a indústria brasileira de carnes é uma ameaça mortal à saúde do planeta. Não importou, nem um minuto, lembrar que um país que é o maior exportador mundial de carne não pode, simplesmente não pode, chegar a essa posição vendendo lixo. Ou que consiga produzir toneladas de um tipo de carne podre que não tem cheiro. Ou que policiais e procuradores tenham confundido vitamina C com veneno. Ou que os frigoríficos enganem a fiscalização sanitária de mais de uma centena de países. E daí? Os brasileiros, em massa, acreditaram na história – e, para isso, é preciso que estejam realmente odiando empresas e empresários.

Essa hostilidade é acompanhada – ou antecedida, ou incentivada – por um rancor pelo menos equivalente por parte dos órgãos de imprensa. Na televisão e na internet, especialmente, vai se tornando regra atirar primeiro, durante e depois – e não fazer pergunta alguma. Parece bom para a mídia, pela pressa e pela alegria que demonstrou em aceitar as acusações da polícia, que as empresas percam dinheiro, tomem multas e sejam condenadas na Justiça. É ótimo, como na história dos frigoríficos, que este ou aquele país suspenda as importações de carne brasileira. É excelente que vão à falência de uma vez – assim a população fica “livre” delas. Por que não? A imprensa engole, praticamente com casca e tudo, a convicção de que os cidadãos estão sendo envenenados em massa pelo “agronegócio” e pelo uso de “agrotóxicos”. Pela lógica dos comunicadores, não há saída: como os brasileiros se alimentam com produtos brasileiros, e não com alimentos orgânicos importados da Suécia, o fim está próximo. A reação dos empresários brasileiros a tudo isso tem sido a pior possível. Em geral se limitam, como faziam cinquenta anos atrás, a visitar os órgãos de imprensa para bajular da forma mais abjeta os seus proprietários, na esperança de receberem “proteção” contra tiroteios futuros. São recebidos, dispensados e no dia seguinte aparece em algum lugar que o Big Mac dá câncer, tem barata na Coca-Cola e a Ambev, com propósitos misteriosos, captura pombos para misturar, triturados, às suas cervejas.

O quadro se completa com a participação cada vez mais agressiva de falanges inteiras de procuradores, juízes e policiais. O Brasil, para eles, é uma grande Odebrecht, símbolo indiscutível da corrupção nas empresas – de um jeito ou de outro, acreditam que toda empresa brasileira é assim e que para acabar com os corruptos é preciso acabar com as empresas. Vamos aí na direção contrária à dos países bem-sucedidos. Corrupção empresarial, lá, combate-se com a punição real dos empresários, com cadeia e multas de verdade, a perda de suas ações e a preservação da empresa, seus empregos, sua produção e seus clientes sob o comando de outros dirigentes. Aqui a prioridade absoluta da Justiça é destruir a empresa – e deixar os donos com sua fortuna e uma tornozeleira.

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