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Fernão Lara Mesquita: Decompondo as matérias de O Globo

Joesley, que se diz “escandalizado com a corrupção do Brasil“, “comentou” que estava pagando “uma antiga divida de R$ 20 milhões” a Eduardo Cunha

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h53 - Publicado em 18 Maio 2017, 20h44

Publicado no Vespeiro

O que há de menos consistente na “delação” dos 2ésleys vazada para O Globo é a frase atribuída a Michel Temer que foi parar na manchete das 4 páginas de cobertura e 7 de repercussões e matérias de arquivo preparadas pelo jornal. Muito mais significativos que os descritos são os fatos que se pode depreender interrogando os primeiros e da velocidade vertiginosa com que, sob esse pretexto, se vão precipitando outros, consumados.

Senão vejamos:

  • Foram Jo e W-ésley que procuraram Temer e não o contrário, “para pedir que intercedesse junto à Petrobras que estava cobrando um preço abusivo para revender o gás importado da Bolívia usado num de seus açougues de frango”;
  • Temer teria indicado o deputado Rocha Loures para fazer a embaixada mas ele não foi falar com a Petrobras mas sim “com o Cade”.
  • Como “propina” por ter conseguido o “favor” ele teria cobrado R$ 500 mil por semana durante 20 anos!! O que o Cade tem a ver com Petrobras e o gás da Bolívia não está explicado na matéria, nem se o favor obtido foi mesmo baixar a conta de gás que, para valer tudo isso, teria mesmo de ser gigantesca
  • Os ésleys concordaram em pagar tudo isso e, instruídos pelas autoridades que com eles se mancomunaram, filmaram a primeira entrega de R$ 500 mil a Loures.
  • No meio do pedido a Temer, Joesley, que se diz “escandalizado com a corrupção do Brasil“, com um gravador escondido sob o terno em pleno palácio do Jaburu, “comentou” que estava pagando “uma antiga divida de uma propina de R$ 20 milhões” a Eduardo Cunha pela compra de uma lei dando isenções de impostos ao setor de frango. R$ 5 milhões teriam sido pagos quando ele já estava na cadeia.
  • A operação de suborno entre os 2ésleys e Eduardo Cunha, a matéria esclarece, embora a TV Globo diga o contrário do que está escrito, não tem nada a ver com Temer que, portanto, não tinha nada a “comprar” de Cunha (como silêncio, por exemplo). Se isso está esclarecido na matéria é porque foi exaustivamente esmiuçado pela fonte do Globo e pelas autoridades da PGR, do MPF e da PF que arquitetaram os flagrantes, assim como pelo ministro Fachin que, segundo a matéria, já teria, ainda que não oficialmente, homologado a denuncia. Mas Temer teria pronunciado nesse momento a frase que subiu para a manchete: “Tem que manter isso, viu
  • Se os fatos são mesmo os descritos, só fazendo muita força a frase pode ser interpretada como “incentivo à obstrução de justiça” ocorrido “dentro do atual mandato”, os únicos crimes pelos quais um presidente pode ser responsabilizado. A inconsistência do ponto de partida, a tecnicalidade do “achado” e o destaque dado a um comentário no meio de uma delação que, segundo se informa, abarca “mais de 10 anos” de flagrantes contatos de mucosas entre os ésleys e os governos do PT e outros agentes públicos, não melhoram a requerida imagem de isenção de autoridades judiciárias do calibre das mencionadas como coautoras dessa estranha operação “undercover” de delatores transmutados em policiais que, ao fim e ao cabo não rendeu nada de melhor contra Temer.
  • A matéria dá como certo que “pelo que foi homologado por Fachin” os bilionários delatores não serão presos nem usarão tornozeleira, pagarão apenas, lá de Nova York onde vivem como nababos com autorização da polícia, uma multa, irrisória para os valores planetários com que foram contemplados na Era Lula, de R$ 225 milhões.
  • Emílio e Marcelo Odebrecht levaram quase um ano negociando, a OAS mais de um ano. Os 2ésleys levaram só alguns dias, lembra O Globo. Gravaram a “pegadinha” com Temer em março, fecharam as condições da delação descritas acima em abril.
  • Os maiores entre os maiores, reis de todos os reis, os ésleys são objeto de cinco inquéritos da Lava Jato envolvendo capítulos ainda inéditos e de potencial gigantesco como o do BNDES e o dos Fundos de Pensão das estatais, a força motora que empurrou todo o “fenômeno petista e bolivariano latino-americanos” das ultimas duas décadas e meia, conforme a orientação dada lá atrás a Lula e Jose Dirceu pelo falecido “companheiro Japonês”, aliás Luiz Gushiken.
  • Dada a inconsistência da principal “acusação”, o momento escolhido para precipitar o vazamento da “delação” parece ter sido determinado pelo calendário das reformas que arranham de leve os privilégios dos marajás. Usando os métodos tradicionais do “sistema”, Temer tinha cabalado os governadores e acabara de derrubar a resistência dos prefeitos renegociando suas dívidas, e as chances de aprovação do primeiro passo da previdenciária e do segundo da trabalhista no Congresso eram reais a ponto de animar um país ha muito prostrado a ter esperanças.
  • A “comemoração” havida no Congresso e nas ruas (estas magrelas como a “greve geral”) foi pelo que todos consideram como o tiro de misericórdia nas reformas. Com a repercussão que as TVs da Globo deram à matéria que “leram” e não é a que está escrita no jornal e, salvo informações adicionais, não tem consistência e requer mais investigações do que comemorações, agora ha pretexto para abortar tudo.
  • Aécio, absolutamente “flagrado”, parece ter vindo de bônus na operação. Um caso não tem nada a ver com o outro. Ele pediu dinheiro aos ésleys para pagar o advogado que o defende das outras delações, a conversa foi gravada e a entrega do dinheiro a um primo filmada. Apenas veio a calhar.
  • Segue O Globo com uma página inteira para Guido Mantega a quem os delatores atribuem, en passant, todos os contatos e movimentações dos bilhões do BNDES e dos Fundos de Pensão das estatais com que, entre 2007 e 2014, saíram de um faturamento de R$ 4 bilhões para os R$ 160 bilhões interplanetários de hoje (se é que são tão poucos). Incidentalmente, esse pormenor “isenta” Lula, Dilma e Luciano Coutinho, do BNDES, de responsabilidade direta por essas mega falcatruas…
  • A JBS foi a maior doadora da ultima campanha eleitoral quando distribuiu R$ 366 milhões de “caixa 1” confessados ao TSE. Mas tudo que vazou ontem é o que diz respeito a Temer e Aécio. Vale a libertação incólumes dos campeões dos campeões?

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