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Editorial do Estadão: O PT se desmancha

Politicamente encurralado numa situação adversa que só tende a piorar, o PT apela para o quanto pior, melhor, nas palavras e nos atos

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h55 - Publicado em 2 Maio 2017, 13h49

Se Lula pretende contar com o apoio da militância de seu partido para se livrar da Lava Jato e congêneres e candidatar-se à Presidência da República no próximo ano, terá de agir rápido, porque o PT está acabando: em cerca de 1.120 – quase 30% do total – das 4,1 mil cidades onde se davam como organizados, os petistas não conseguiram montar uma chapa de 20 filiados para compor o novo diretório municipal, no Processo de Eleições Diretas (PED) realizado no dia 9 último em todo o País. É uma situação que confirma a tendência registrada no pleito municipal do ano passado, quando o partido perdeu mais da metade das prefeituras conquistadas em 2010: caiu de 630 para 256, elegeu prefeito em apenas uma capital, Rio Branco, e sofreu derrota humilhante em seu berço e mais tradicional reduto eleitoral, a região do ABC.

O vexame do processo de eleições petista teve de tudo um pouco a “explicá-lo”, desde a dificuldade para preencher as cotas obrigatórias destinadas a mulheres, jovens, negros e índios até a suspeita de fraudes, com denúncias sobre a existência de um grande número de nomes fictícios e até de defuntos nas listas de eleitores. Nas situações críticas que enfrentou ao longo de seus 37 anos de existência, o PT esmerou-se sempre em fazer-se de vítima. Não é diferente agora. Quando existem, permanecem restritas a ambientes protegidos as análises autocríticas. Ninguém fala em público sobre, por exemplo, os escândalos que levaram à cadeia destacados líderes do partido. E, no entanto, tais escândalos de corrupção começaram no primeiro mandato de Lula e não pararam mais. A culpa é sempre dos outros: “Essa queda (do número de diretórios) reflete uma situação em que o partido perde com a saída de prefeitos e vereadores em função dos ataques que sofremos”, justificou em depoimento ao Estado o secretário nacional de Formação Política, Carlos Árabe.

Há ainda dirigentes que pretendem fazer crer que tudo está bem, apesar de o comparecimento às eleições internas deste ano ter sido o menor desde 2005 (300 mil) e atingido apenas 58% do maior deles, em 2009 (500 mil), e 72% do último, em 2013 (400 mil). “Ver que 290 mil pessoas saíram de casa para votar mostra que o partido está muito vivo”, na otimista opinião da vice-presidente do PT, Gleide Andrade.

Como em casa em que falta pão todos reclamam e ninguém tem razão, mais esse confronto do PT com o doloroso processo de seu vexaminoso desmanche tem sido motivo para o acirramento dos ânimos entre as correntes internas do partido. Valter Pomar, da corrente Articulação de Esquerda, adversário histórico de Lula e seu grupo majoritário, publicou texto em que invectiva contra a direção partidária, a quem atribui a responsabilidade pelas várias irregularidades constatadas no PED – e, em particular, pelo fato de no município mineiro de Brasília de Minas todos os 569 votos terem sido dados à chapa “oficial”, apoiada pelo governador Fernando Pimentel. Classificou as irregularidades de “fraude sistêmica, generalizada e em escala industrial”. Foi contestado por Gleide Andrade: “O Valter Pomar não sabe nem onde fica Minas Gerais no mapa”.

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Politicamente encurralado numa situação adversa que só tende a piorar, o PT apela para o quanto pior, melhor, nas palavras e nos atos. O presidente do partido, Rui Falcão, em nota sobre a fracassada greve geral de sexta-feira passada contra os “planos sinistros do governo usurpador”, agrediu o bom senso e insultou o discernimento dos brasileiros ao afirmar que, “além de pretenderem liquidar com a aposentadoria e os direitos trabalhistas, querem também criminalizar a esquerda e interditar o presidente Lula”, que “lidera todas as pesquisas para as eleições de 2018, apesar da perseguição e da escalada de mentiras contra ele”.

Falcão concluiu a nota reiterando a convocação, que, como se viu, não teve o efeito que ele esperava: “O engajamento na greve geral, em defesa dos(as) trabalhadores(as) e de suas reivindicações, tem relação direta com as lutas pelo fim do governo ilegítimo e pela convocação antecipada de eleições gerais para restabelecer a democracia violada pelos golpistas”.

Tanto desespero, no entanto, não é causado pelo remorso que deveria assombrar os petistas responsáveis pelo assalto ao Tesouro.

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