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Deonísio da Silva: Os larápios da lista negra do Dr. Janot

Quem não deve não teme, diz o provérbio, mas quem deve está tremendo de medo

Por Augusto Nunes Atualizado em 19 mar 2017, 13h30 - Publicado em 19 mar 2017, 11h18
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Reza a lenda etimológica que a palavra larápio veio do Latim vulgar larapius, das iniciais de um juiz ladrão da Roma antiga chamado Lucius Antonius Rufus Appius, que vendia suas sentenças a peso de ouro, assinando-as L.A.R. Appius.

Larápios sempre tivemos e teremos conosco, mas nunca tão impunes em toda a história como nestas últimas décadas. Por isso, a Lista Negra do Dr. Janot é muito bem-vinda, ainda que não tenha nascido de parto natural. Ela entrou em erupção como os vulcões da Lava-Jato, lançando fogo, pedras incandescentes, muita fumaça e um rio de lavas, além de causar tremores nas mãos dos indigitados e sorrisos amarelos em seus advogados.

Dadas as dimensões da gatunagem, a lista dos larápios pode ser comparada a outras ancestrais famosas. É verdade que estar numa lista de procurados nem sempre foi opróbrio. Às vezes era e é uma honra.

Este foi o caso da lista de autores perseguidos do famoso Index Librorum Proibitorum (Índice dos Livros Proibidos), promulgado pelo papa Paulo IV, em 1559, com reedições atualizadas, a última das quais em 1948, e abolido apenas em 1966, pelo papa Paulo VI.

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Mais assustadora do que o Index foi a Lista Negra do rei inglês Carlos II, elaborada em 1670. Em 1649, portanto apenas 21 anos antes, o rei Carlos I, seu pai, tinha sido deposto e executado.

Por ordem do filho, Carlos II, diligentes auxiliares fizeram uma lista dos 58 juízes que tinham condenado à morte o pai dele, Carlos I. Feito o meticuloso exame, nome por nome, foi constatado que oito dos listados tinham morrido. Dos 50 sobreviventes, 13 foram condenados à morte e 25 à prisão perpétua. Os 12 restantes viveram na clandestinidade pelo resto da vida, fugindo à menor suspeita de que seu paradeiro tivesse sido descoberto.

A Lista Negra do Dr. Janot somente tornou-se possível por causa da traição, que no Brasil atual atende pelos eufemismos das expressões “delação premiada” e “colaboração premiada”, instrumentos pelos quais ex-companheiros de crimes entregam os antigos envolvidos e participantes da farra com o dinheiro dos outros.

A Lista Negra do Dr. Janot lembra uma terceira lista famosa, The Blacklist, título de uma série muito popular da televisão americana, exibida recentemente no Brasil também. Dá conta de uma lista que levou vinte anos para ser elaborada. Dela constam políticos corruptos, chefes mafiosos, hackers capazes de tudo, espiões abusados e outros criminosos de grande periculosidade.

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The Blacklist é uma obra de ficção. Mas a Lista Negra do Dr. Janot é baseada na realidade do Brasil atual, vem acompanhada de ampla documentação e ainda aponta os caminhos para obter mais comprovações.

Quem não deve não teme, diz o provérbio, mas quem deve está tremendo de medo. Conquanto sua pedra não seja a ametista e ele não tenha alma de artista, parafraseando o talentoso João Bosco em sua famosa canção Bijuterias, o larápio brasileiro é nosso velho conhecido. O primeiro deles já estava na frota de Pedro Álvares Cabral e fez o primeiro superfaturamento da História do Brasil: aumentou em 300% o preço das mercadorias, ditas especiarias do Oriente (pimenta, cravo, canela etc.), que levou da Índia na viagem de volta a Portugal.

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