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Deonísio da Silva: No princípio era o verbo (não a verba)

Só para nossos parlamentares é que a primeira preocupação é a verba. E a segunda é o foro privilegiado

Por Augusto Nunes
Atualizado em 20 ago 2017, 11h27 - Publicado em 20 ago 2017, 11h27
(Reprodução/Reprodução)

“Quem não fez hoje, amanhã também não faz, um dia é muito”, diz o empresário ao poeta no Fausto, obra dramática do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, referência das letras alemãs e da Literatura Universal.

Mas quando começar? No princípio. E o princípio é quando? Estas dúvidas não impedem a certeza de que tudo começa com o Verbo, não com a verba.

Faz dois milênios que a frase “no princípio era o Verbo” tomou conta do mundo. Escrita originalmente em grego, chegou ao português depois de uma escala no latim, língua igualmente rica de significados e precisa em suas definições, mas incapaz de expressar numa palavra só o complexo semântico do “lógos“, categoria filosófica de raro vigor.

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Até o grandioso Goethe, depois de inseri-la no seu Fausto, fez com que o personagem duvidasse de que a palavra alemã “Wort” seria boa tradução para o Grego “lógos”, muito mais densa e sutil do que o Latim “verbum”, conforme assinalou em indispensável nota de pé de página o professor português Frederico Lourenço ao traduzir o Evangelho Segundo João.

Para muitos parlamentares brasileiros, entretanto, não existe verbo ou pelo menos eles não lhe dão importância nenhuma. Na verdade, estão interessados na verba. E também para seus adeptos ou deles dependentes em regime de condomínio, a falta de verba, não o verbo, tornou-se desculpa, mas evidentemente não argumento, para tudo.

Só para nossos parlamentares é que a primeira preocupação é a verba. E a segunda é o foro privilegiado, em razão do modo como operam a primeira. Afinal, aprenderam o que acontece aos passarinhos que comem pedra.

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Precisamos restaurar o costume de dar às coisas os nomes que as coisas têm. Isto é, privilegiar o verbo.  Não há verba que resolva a erva daninha que hoje grassa como praga nos pastos da República, que é a incapacidade de usar o verbo. Nem a conclusão do curso superior, dependendo onde ele fez o curso, dá a garantia de que o brasileiro tenha aprendido ao escrever. Quanto ao ensino médio, faz tempo que não ensina nem a ler nem a escrever.

Isto é, nossa próxima bandeira educacional será restaurar os poderes do verbo e chegar pelo menos ao trívio, dominando a lógica, a gramática e a retórica, para chegar pelo menos à Idade Média.

Sem o uso adequado e competente do verbo, iremos de volta às cavernas. Podemos nos comunicar com emoticons e grunhidos, mas escrever obras como o Fausto ou a Bíblia, não!

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