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Por Coluna
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Deonísio da Silva: Enganei o bobo na casca do ovo

A parlenda não quer dizer nada, é um palavrório sem sentido, tão comum, aliás, em intervenções parlamentares

Por Augusto Nunes Atualizado em 28 Maio 2017, 13h30 - Publicado em 28 Maio 2017, 12h08
(Reprodução/Reprodução)

A sucessão presidencial está no Parlamento e os parlamentares já começaram a ensaiar as suas parlendas, nascidas das revelações de Joesley Batista, extraídas à socapa e a horas mortas, num encontro estranho, não apenas pelo horário, mas também pelo local, pelo interlocutor e por terem sido surrupiadas de ninguém menos do que o presidente da República, com quem o empresário estava a sós.

Desde crianças, todos os brasileiros conhecem muitas parlendas. Refresco a memória dos leitores com uma das mais conhecidas. “Um dois, feijão com arroz/ Três, quatro, feijão no prato/ Cinco, seis, banana freguês/ Sete, oito, café com biscoito/ Nove, dez/ burro tu és”.

A parlenda não quer dizer nada, é um palavrório sem sentido, tão comum, aliás, em intervenções parlamentares. Para as crianças, o objetivo é a brincadeira, tornada patrimônio de todas elas mediante o recurso da rima, que faz dispensar a escrita. O roteiro é seguido de memória e por isso estas formas fixas costumam ter pequenas variações.

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Ao ensiná-la ao sobrinho, o tio ordenou que o pimpolho repetisse, para conferir se o menino tinha aprendido. Ele estava ao lado do irmão e, muito respeitoso, quando ia concluir, modificou o final: “Nove, dez, burro é….o irmão”.

Ao vacilar, na reticência, olhou rapidamente para os que estavam à mesa – o pai, a mãe, os avós, a tia – e, não querendo melindrar nenhum parente, descarregou no irmão. Também para isso servem os irmãos… Aos que estranharam o final inventado, explicou: “E eu ia chamar meu tio de burro?”

Outras parlendas, também muito comuns no folclore brasileiro, dizem: “Enganei o bobo na casca do ovo”. “Quem cochicha, o rabo espicha/ Quem se importa, o rabo entorta,/ Quem diz isso, é ouriço/ Quem não diz, é perdiz”. ”Cadê o toicinho/ Que estava aqui?/ O gato comeu./ Cadê o gato?/ Foi pro mato”.

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Os gatos podem continuar indo para o mato ou para os palácios, mas a Polícia Federal e o Ministério Público vão encontrá-los lá também, mudando o perpétuo disfarce da parlenda: “Cadê o mato?/ O fogo queimou.?/Cadê o fogo? A água apagou/ Cadê a água?/ O boi bebeu./ Cadê o boi?/ Está moendo o trigo”. Os bois até então eram anônimos, mas agora a PF e o MP estão dando nomes a esses bois!

A parlenda, variação de parlanda, tem no seu étimo o Italiano parlare e o Francês parler, ambos vindos de mescla do Latim Vulgar com o Latim Eclesiástico parabolare, de parábola, forma de comparação que os antigos romanos trouxeram do Grego parabolé, do verbo parabállein, colocar ao lado, a fim de, ao falar, comparar uma coisa com outra, tornando mais concreto e mais claro o pensamento.

A ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, lembrou recentemente uma parlenda que, brincando de roda, nas cirandas de sua infância, ouvia muito: “Cala-a-boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu”. A variante não preferencial é “cala-boca”.

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Mas quem manda agora no Brasil? A lembrança da ministra pode ter sido uma profecia.

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