Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Augusto Santos Silva: O Brexit foi traumático para a UE

Foram abordados assuntos como os acontecimentos recentes da política brasileira e o futuro da União Europeia

Por Augusto Nunes Atualizado em 16 Maio 2017, 18h03 - Publicado em 16 Maio 2017, 10h04

O convidado do Roda Viva desta segunda-feira foi Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Sociólogo, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e membro do Partido Socialista português, ele também já ocupou os cargos de deputado na Assembleia da República e de ministro da Defesa Nacional. Foram abordados, entre outros assuntos, os acontecimentos recentes da política brasileira, o reaparecimento de tendências nacionalistas e protecionistas no mundo e o futuro da União Europeia. Confira trechos da entrevista:

“Com a mudança da política externa brasileira, o mais importante com relação a Portugal foi a reaproximação entre os dois países. Retomamos a cúpula anual, o que não acontecia há três anos. Com relação à União Europeia, tem se notado uma maior inclinação do Brasil para a realização de acordos entre o bloco e o Mercosul”.

“A Venezuela vive uma situação politicamente difícil. As autoridades legitimamente constituídas são conflitantes – o presidente de um lado e a assembleia constitucional do outro. Há uma clivagem profunda entre o Legislativo e o Executivo”.

“Brasil e Portugal têm interesses próprios e profundos no avanço das relações comerciais e econômicas entre a União Europeia e o Mercosul. A recente mudança de postura de países como o Brasil ou a Argentina, ambos mais abertos ao comércio internacional e ao investimento estrangeiro, constituem uma oportunidade para se construir acordos importantes”.

“Metade das exportações portuguesas para o Brasil vem do setor do agronegócio. Nós entendemos que ainda há muitas restrições no mercado brasileiro ao excesso de produtos importantes para o comércio português, como o vinho, o azeite e as produções têxteis. Temos que trabalhar no sentido de levantar e acabar com as barreiras impostas”.

“Não sabemos o que vai acontecer com a Europa depois do Brexit. No sentido psicológico, chega a ser traumático. Desde que foi criada, em 1957, a União Europeia foi sempre um projeto de ampliação das relações econômicas entre os países. É a primeira vez que um membro do bloco diz aos ‘sócios’ que quer o divórcio. Isso causa incerteza, já que o Reino Unido é uma das maiores economias da União Europeia, sendo também um pilar importante do ponto de vista político, de segurança e defesa”.

Continua após a publicidade

“A vitória do Brexit no referendo nos levou a pensar que poderia haver um efeito dominó. Houve o contrário. Os membros do bloco se uniram. Há uma maior consciência de que a Europa tem que continuar”.

“Ficamos perplexos com o resultado das eleições americanas. Pensamos: vem aí uma onda de isolacionismo? O presidente Donald Trump disse, durante a campanha, que a União Europeia era um projeto falho e nós imaginamos que a união histórica entre os dois continentes poderia se romper. Esta é, neste momento, a maior incerteza no ambiente político internacional”.

“O maior erro que Hillary Clinton cometeu na campanha foi designar os apoiadores de Trump como ‘deploráveis’. O ex-primeiro ministro francês Manuel Valls uma vez disse que os populistas colocam as questões certas e dão as respostas erradas. Temos que perceber os motivos das pessoas estarem mais zangadas. Elas estão se sentindo abandonadas, perderam seus empregos, viram suas indústrias partirem. Temos que encontrar respostas para estas pessoas. A Europa não pode ser apenas um museu do mundo. Precisa voltar a ser também uma potência industrial”.

“Portugal cumpre todos os padrões internacionais para combater a lavagem de dinheiro. Há uma cooperação muito estreita entre as autoridades brasileiras e portuguesas em algumas investigações que cruzam processos que ocorrem nos dois países”.

“A reforma previdenciária feita em Portugal em 2007 é considerada um exemplo por órgãos internacionais. Para sair da crise, fizemos três coisas muito simples: unificamos o regime de previdência de funcionários públicos e do setor privado; consideramos para o pagamento de aposentadoria toda a carreira profissional e de descontos; e, em vez de aumentar a idade mínima, decidimos reajustar a idade anualmente, baseada na taxa de expectativa de vida das crianças de cinco anos. As reformas permitiram a Portugal atingir um nível de estabilidade financeira nunca antes visto”.

Continua após a publicidade

“O Brasil é um bom caso de estudo para a esquerda democrática europeia, à qual pertenço. Insisto que, tanto Fernando Henrique Cardoso quanto Lula são muito inspiradores. Sei que Fernando Henrique não é identificado como de esquerda hoje no Brasil, mas no contexto europeu ele estaria situado à esquerda”.

“Dilma esteve em Portugal há pouco e foi bem recebida. Minha sensação, que é a de quem não participa da política brasileira, é que um ciclo político se encerrou e há uma espécie de transição para, nas eleições presidenciais, se iniciar um novo ciclo”.

A bancada de entrevistadores reuniu os jornalistas Albino Castro (Portugal em Foco), Carolina de Ré (Agência de Notícias Lusa), Ismael Pfeifer (Gazeta Mercantil Experience), Lourival Sant’Anna (Estadão) e Thiago Uberreich (Jovem Pan). Com desenhos em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa inédito foi transmitido pela TV Cultura.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.