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A morte poupou Juquinha de ver o fim do fundador da Cabrair

O cachorro voador foi atropelado por um carro da família antes que a Lava Jato atropelasse seus donos

Por Augusto Nunes
Atualizado em 25 fev 2017, 21h16 - Publicado em 25 fev 2017, 21h15

Atualizado às 21h15

Em julho de 2013, uma reportagem de VEJA revelou a farra aérea que tornara ainda mais desfrutável a vida mansa de Sérgio Cabral. Para os deslocamentos entre o Rio e a casa de praia em Mangaratiba, o governador requisitava helicópteros oficiais com espaço suficiente para abrigar também a primeira-dama Adriana Ancelmo, dois filhos, duas babás e o cachorro Juquinha. Caprichando na pose de inocente injustiçado, Cabral declarou-se vítima de perseguição da imprensa. Dali a pouco, replicou um post aqui publicado, Juquinha iria protestar contra o bullying que lhe moviam os cães da vizinhança, mortos de inveja do único exemplar da espécie que passeava em helicópteros da frota do Palácio Guanabara todos os sábados e domingos.

A coluna errou feio, informou a Subsecretaria Militar do governo fluminense num relatório solicitado pela Polícia Federal: as idas e vindas de Juquinha e seus parceiros entre os muitos endereços da família na capital e a mansão no litoral não se limitaram aos fins de semana ─ e por pouco não atingiram a extraordinária marca de 1.500 voos. A Cabrair entrou em operação em 2007, e até a publicação da reportagem de VEJA nunca fez menos que um voo a cada dois dias. A média subiu para dois voos a cada três dias no ano seguinte, quando aeronaves abastecidas pelo bolso do povo passou a cobrir a rota Rio-Mangaratiba mesmo com o fundador da companhia aérea longe do Brasil.

Em junho de 2009, por exemplo, enquanto Cabral zanzava pela China ao lado de Eike Batista, ambos à caça de investidores dispostos a torrar dinheiro no porto do Açu, helicópteros oficiais pousaram oito vezes no condomínio na Costa Verde. As viagens ficaram ainda mais agradáveis em 2011, depois que o governador de nuvens comprou por 15 milhões de reais um portentoso Agusta igualzinho ao do parceiro Eike Batista. A festança perdeu o embalo em 2013, mas só cessou de vez em abril de 2014, quando o titular entregou o gabinete ao vice Luiz Fernando Pezão para afastar-se dos protestos das ruas e gastar em paz a fortuna que furtou.

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Entre um pouso e uma decolagem, Cabral encontrou tempo para divertir-se nos jantares em Paris com a Turma do Guardanapo, transformar a primeira-dama numa vitrine de joalheria ambulante, bajular Lula e Dilma nas constantes visitas presidenciais ao Rio, achacar empresários, fraudar licitações bilionárias, inaugurar obras inventadas por Eike Batista, abrilhantar comícios de delinquentes aliados e gerenciar uma das maiores lavanderias de dinheiro sujo do mundo. Até o momento, a Operação Calicute, um dos desdobramentos da Lava Jato, contabilizou 332 casos de lavagem criminosa. Com tantos afazeres, é compreensível que Cabral tenha dedicado meia dúzia de horas por ano à missão de governar o Rio.

Agora engaiolado em Bangu, nosso campeão de milhagem & ladroagem está menos gordo e cada vez mais abatido. “Ele sente muita falta da vida aqui fora”, confirmou um amigo depois da última aparição de um Cabral claramente deprimido. A mesma síndrome de abstinência aflige Adriana Ancelmo, presa a poucos metros do marido. A morte poupou de tais dissabores o cachorro Juquinha, atropelado em dezembro de 2014 por um carro da família pilotado por um segurança desatento. Se continuasse vivo, o cão voador decerto acharia muito sofrido o sumiço dos helicópteros (e dos donos). Pior: estaria latindo de medo da Lava Jato.

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